Dia do Ceará: Há 224 anos, Estado se emancipava de Pernambuco

Emancipação do Ceará em relação a Pernambuco está diretamente ligado ao crescimento populacional e desenvolvimento econômico da capitania na época

O Ceará teve o início de sua história marcada pela subordinação e obediência a Pernambuco. Ambos os territórios estavam ligados institucionalmente à Coroa Portuguesa, tratados como capitanias hereditárias. A emancipação do Estado foi garantida por Carta Régia assinada pela Imperatriz de Portugal, D. Maria I, em virtude do crescimento populacional e econômico, que a antiga capitania do Ceará apresentava. Em 1799, com olhares voltados para a Revolução Industrial na Inglaterra, o Siará comemorou sua emancipação, a qual é celebrada nesta terça-feira, 17, 224 anos depois. 

O professor do curso de História da Universidade Federal do Ceará (UFC), Francisco Pinheiro, explica que, no final do século XVIII, o Ceará se tornou um espaço importante de produção de algodão, despertando o questionamento sobre a subordinação do território em relação a Pernambuco.

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“Nós tínhamos as chamadas capitanias principais, como Grão-Pará, Maranhão e Pernambuco, e as subalternas ou anexas, como Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará. No século XVIII, o Ceará foi incorporado ao mercado mundial como um produtor de algodão, juntamente com a revolução industrial inglesa.”

A conexão institucional que ligava Ceará a Pernambuco perdurou por 119 anos. A partir de 1680, tudo o que era produzido na Terra da Luz deveria obrigatoriamente passar pela capitania pernambucana antes de ser exportada, aumentando assim o frete, o tempo de distribuição e os impostos embutidos.

A responsável pela mudança de patamar da capitania do Siará foi a Rainha Maria I, que em 17 de janeiro de 1799 decidiu pela emancipação. A integrante da família real depois passaria a ser apelidada de "a Piedosa" e de "a Louca", dando origem à famosa expressão “Maria vai com as outras”, após ser declarada mentalmente incapaz e só sair à rua na companhia de suas damas.

O que motivou Maria a tal decisão foi a confluência de dois fatores. Primeiro, com o declínio da pecuária no Ceará, a produção do algodão despontou.

A relevância do produto foi tamanha que, à época, passou a ser chamado de “ouro branco”, o qual conseguiu mexer nas estruturas econômicas do Estado. Naquela época, a capital cearense era Aquiraz, até então, vila considerada o centro político da região.

A produção no período era voltada quase exclusivamente para Europa, que vivia as agitações da Revolução Industrial, sendo esse o segundo fator que influenciou a rainha.

O levante europeu, concentrado na Inglaterra, impulsionou assim a fabricação de tecidos, o que demandou algodão em larga escala. Desta forma, o Ceará conseguiu se libertar do domínio pernambucano, ao passo que pôde se favorecer de comércio lucrativo com os ingleses.

Dia do Ceará

 

O dia 17 de janeiro foi instituído como parte do calendário oficial de eventos do Ceará por meio da Lei nº 13.470, de 18 de maio de 2004. A lei estadual determina a realização anual de um evento oficial em Aquiraz, a primeira capital do Estado.

A data também estabelece que as escolas da rede pública estadual, órgãos e entidades da administração estadual devem promover o Dia do Ceará. "A data de hoje está diretamente relacionada a 'desanexação' da capitania do Ceará em relação a Pernambuco", reitera o professor Pinheiro.

*Colaborou Wanderson Trindade

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