Especialista avalia como natural manchas verdes e espuma amarelada no mar da Praia do Futuro
As manchas aparecem durante todo o ano, mas principalmente nos períodos de chuva, porque chegam mais nutrientes carreados pelas chuvas até a zona costeiraFrequentadores da Praia do Futuro puderam observar uma mudança na coloração da água do mar em um dos trechos da praia. Ao invés da cor azul e as espumas brancas, banhistas se depararam com manchas verde-escuras e uma espuma amarelada, nesta segunda-feira, 9. O professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) e doutor em oceanografia, Paulo Sousa, explica que apesar do estranhamento com a coloração da água, o efeito é natural.
Doutor em oceanografia contou que as manchas na Praia são frutos das algas diatomáceas, microrganismos presentes nos mais diversos ambientes úmidos e aquáticos, responsáveis por provocar essas manchas. “De toda forma, são efeitos naturais e recorrentes durante o ano inteiro."
“Essas manchas aparecem principalmente nos períodos de chuva, porque chegam mais nutrientes carreados pelas chuvas até a zona costeira. Associado às marés e ondas mais fortes, esses fenômenos acabam remobilizando esse material e provocando essa florescência de diatomáceas”, explica.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Apesar da naturalidade do fenômeno, o professor alertou que os banhistas precisam diferenciar essas manchas causadas por fenômenos naturais de manchas mais escuras, com odor forte.
“Neste último caso, podemos estar lidando com um cenário de poluição por esgoto. De qualquer maneira, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) já sugere que as pessoas não tomem banho de mar quando tem essas manchas de coloração avermelhada, esverdeada ou marrom, o correto é evitar o banho.”
Impróprio para o banho
Conforme o último balanço da Semace, da Praia do Futuro até a Praia da Sabiaguaba, a água do mar está imprópria para banho. Neste caso, a Superintendência possui quatro recomendações direcionadas aos banhistas das praias da Capital e do Ceará (ver abaixo). Os critérios de balneabilidade seguem a resolução Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) de 2000.
- O banhista deve evitar tomar banho de mar após a ocorrência de chuvas de maior intensidade, nesse episódio as chuvas contribuem para a deterioração da qualidade das águas das praias carreando uma grande quantidade de esgotos, lixo e outros detritos através de galerias de águas pluviais, córregos e canais de drenagem.
- Recomenda-se evitar nadar ou praticar outros esportes náuticos em locais com manchas de coloração vermelha, marrom ou azul-esverdeada. Também é recomendável evitar o consumo de frutos do mar desses locais.
- Embora os valores de Enterococos estejam dentro dos critérios estabelecidos, os pontos de amostragem deverão ser considerados IMPRÓPRIOS em caso de constatação da presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos sanitários, óleos, graxas, proliferação de algas e outras substâncias, capazes de oferecer riscos à saúde ou tornar desagradável a recreação.
- Ressaltamos que o banho é desaconselhado nos locais em que forem avistadas manchas marrons, indicativas de floração de microalgas, até que haja a dispersão da mancha.
O pesquisador do Instituto de Ciências do Mar, Fábio Matos, explica que esses critérios monitoram grupos de bactérias indicadoras de poluição fecal na água, atribuindo as categorias de própria ou impropria. "Nesse último, para quando os índices de bactérias do tipo enterococos encontram-se acima do ideal previsto na mencionada resolução", explica.
Aparecimento de algas
Outro fator que chamou a atenção dos banhistas, ainda na Praia do Futuro, foi o aparecimento de algas na areia da praia. Nesse caso, o professor explica que, a interação das algas com o sol favorece o apodrecimento do material marítimo que acabam gerando um cheiro mais forte e um incômodo para o banhista.
“Tratam-se de macroalgas que acabam se desprendendo de rochas e recifes, e são transportadas para a praia, por causa das ondas e marés. Assim como as ondas e as marés transportam o sedimento e quaisquer coisas que estejam ali, elas também transportam essas algas. A gente já viu um acúmulo muito grande dessas algas no Ceará, como em Jericoacoara, no ano passado.”