Infecções sexualmente transmissíveis: saiba onde fazer testes gratuitos em Fortaleza

Testes para ISTs devem ser feitos em postos de saúde da regional do usuário ou no Centro de Testagem e Aconselhamento, localizado no bairro Jacarecanga

A testagem de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) está disponível de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) durante todo o ano, em Fortaleza. O exame pode ser realizado no posto de saúde da própria regional onde mora o usuário ou no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA).

Em 2022, a Capital cearense recebeu do Ministério da Saúde (MS) 75.100 testes para o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Além do teste de HIV, a Prefeitura Municipal de Fortaleza (PMF) disponibiliza testes de Sífilis, Hepatite B e C.

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“Para ter acesso aos exames, o usuário precisa procurar o posto de saúde da própria regional. Caso você não queira fazer naquele local, você poderá procurar o Centro de Testagem e Aconselhamento localizado na rua Jacinto de Matos, 944, Jacarecanga”, informa Marcos Paiva, assessor da Área Técnica de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) /Aids de Fortaleza.

Além disso, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) conta com um canal para sanar dúvidas a respeito do tema em uma conta no Instagram, @prevencaofortaleza

“Se a pessoa mandar uma dúvida por mensagem para o perfil Prevenção Fortaleza, haverá um profissional de prontidão para responder às dúvidas dos usuários. Além das dúvidas, nós atuamos para acalmar os casos de pessoas com testagens positivas. Temos unidades que prestam serviços para promover o tratamento imediato de pessoas infectadas”, detalha Paiva.

Marcos também ressalta que Fortaleza registrou um aumento na demanda por testes ao longo dos anos: "Em 2019, o MS enviou 18.819 testes para o sistema de saúde da Cidade. No ano de 2020, nós recebemos 31.172 testes. Em 2021, foram 65.800. Já no ano passado, conseguimos 75.100. Isso é um sinal de que as pessoas estão buscando realizar a testagem.”

Usuários relatam dificuldade para acessar testes

Pela primeira vez buscando realizar os testes em um posto de saúde, um homem de 22 anos, que prefere não se identificar, disse ter tido dificuldades de fazer o teste no Posto de Saúde Dr. Luís Costa, no bairro Benfica.

“Embora a profissional que me atendeu tenha sido muito solícita, o caminho para chegar até ela foi bem estressante. Eu tive que me informar com pelo menos três outros profissionais no local. Eu fiquei batendo de porta em porta no posto, até que alguém conseguisse me explicar qual procedimento eu poderia tomar."

Segundo ele, apesar de ter conseguido fazer o teste no posto do bairro Benfica, faltam campanhas sobre o assunto. "Antigamente, eu via mais debates sobre isso, principalmente no período do Carnaval”, concluiu.

Outro morador de Fortaleza de 21 anos, que também prefere não se identificar, disse ter tentado entrar em contato por telefone com o Posto de Saúde Miriam Porto Mota, no Dionísio Torres.

“Como eu não obtive nenhuma resposta, eu fui até o local. Fui na recepção, falei com a atendente, e ela me perguntou se eu tinha cadastro ou se era do bairro, se não fosse, não seria possível realizar o teste na unidade. Como eu não moro naquele bairro, não pude fazer o teste, mesmo após eu tentar insistir dizendo que não tinha como eu ir no do meu bairro pois trabalho o dia todo, e o posto fecha às 17 horas.”

Questionado, Marcos Paiva, assessor da Área Técnica de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) /Aids de Fortaleza, informou ter conhecimento das queixas dos usuários das unidades e estar articulando alternativas com as coordenações regionais.

“É importante que a pessoa busque a unidade de saúde próxima da residência. O que a gestão está fazendo para agilizar os processos é que outros profissionais possam realizar os testes e divulgar as informações necessárias a respeito das infecções”, acrescenta o assessor.

Além dos enfermeiros, os dentistas, residentes de Medicina da saúde da família, estudantes de Enfermagem e Medicina, com a devida supervisão, futuramente, poderão atuar na realização dos testes, ampliando a capacidade de realização. O prazo para essa adequação não foi informado.

Casos de HIV em Fortaleza

O número de casos de HIV notificados em Fortaleza, de janeiro de 2018 a dezembro de 2022, foi de 4.042 casos. Desse valor, 499 diagnósticos foram realizados em gestantes. Um total de 3.272 (81%) foram detectados em pessoas do gênero masculino, e 770 (19%) em pessoas do gênero feminino. Os dados são do portal de transparência da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), o IntegraSUS.

Em relação à faixa etária, o maior número de casos foi registrado em pessoas com idades de 20 a 29 anos (1.688). Esse valor é seguido pelo grupo de pessoas com 30 a 39 anos (1.103); 40 a 49 anos (603), mais de 50 anos (414) e adolescentes com 13 a 19 anos (215). Dentro desse quantitativo, 19 casos não tiveram idades informadas.

No total, segundo a Prefeitura de Fortaleza, a Capital cearense tem, aproximadamente, oito mil pessoas diagnosticadas com HIV em acompanhamento nos serviços municipais.

Centro de Testagem e Aconselhamento

Por meio dos Serviços Ambulatoriais Especializados em HIV/Aids (SAE), os moradores de Fortaleza podem ter acesso aos serviços relacionados às infecções sexualmente transmissíveis. A pessoa que quiser fazer o teste no Centro de Testagem e Aconselhamento localizado na rua Jacinto de Matos, 944, pode procurar a unidade nos seguintes horários: segunda a sexta, das 8 à 11 horas e das 13 até 16 horas.

Marcos Paiva, assessor da Área Técnica de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) /Aids de Fortaleza, reitera que, independente da identidade de gênero ou orientação sexual, todos estão vulneráveis à contaminação por ISTs.

“A questão é que a população de transexuais e travestis, gays e homens que transam com homens (HTH), do ponto de vista social e discriminatório, é extremamente vulnerabilizada. Acaba sendo mais difícil para essas pessoas garantir os direitos validados em unidade de saúde”, avalia ele. 

De acordo com ele, os profissionais que compõem as unidade de saúde estão sensibilizados para melhor atender essa população. “A gente tem casos de pessoas trans e travestis que nem buscam mais os serviços básicos de saúde, porque quando chegam lá não possuem nem o respeito ao nome social. Por isso a gente tem ido a unidades básicas para discutir estigma e preconceito nesses locais”, finaliza.

Em relação a qualquer sintomas de doenças sexuais, o usuário deve procurar o posto de saúde mais próximo de casa. Caso o usuário não se sinta à vontade em um posto de saúde da própria regional, ele pode buscar o serviço de atenção Especializada (confira os endereços no link).

Projeto "A hora é agora"

Desde o mês de novembro do ano passado, os fortalezenses têm mais uma possibilidade de acesso ao diagnóstico da infecção por HIV e à prevenção da Aids. O projeto “A hora é agora” foca na população mais vulnerável à infecção e com menor acesso à rede de saúde. O propósito da ação é entregar autotestes pelos Correios ou retirados em um armário digital na estação Benfica do metrô.

Sobre o armário instalado na estação de metrô, o representante da SMS contou que o acesso ainda não está liberado. "O Ministério ainda apresenta dificuldades em repassar os testes de fluídos orais. Se liberamos o armário agora, nós teremos problemas, porque não temos como repor. O MS prometeu, ao longo desta semana, repassar os testes prometidos. Por enquanto, nós estamos trabalhando com o teste de sangue".

Vacinas e tratamentos

As infecções citadas possuem as próprias particularidades, vacinas ou tratamento. A principal forma de prevenção da infecção pelo vírus da hepatite B é a vacina, que está disponível no SUS para todas as pessoas não vacinadas, independentemente da idade. Mesmo em caso de contaminações, a hepatite B tem cura na maior parte dos casos.

Em relação à hepatite C, trata-se de uma das poucas enfermidades crônicas que podem ser curadas. Quando não é possível, o tratamento busca conter a progressão da doença e evitar as complicações.

Quanto a Sífilis, a cura para a infecção é feita através da penicilina benzatina (benzetacil), que poderá ser aplicada na unidade básica de saúde. “A Sífilis está presente em todo o País, e apesar de ter 100% de cura, ela ainda é uma doença grave, pois as pessoas têm evitado procurar os serviços para realizar a testagem", detalha o assessor técnico.

Já em relação ao HIV, o tratamento é feito a partir da administração de medicamentos antirretrovirais aos pacientes. Ter um resultado positivo não significa uma morte iminente. Se o paciente fizer um tratamento adequado, em seis meses já estará com a carga viral indetectável.

"Mantendo essa carga viral indetectável por mais seis meses, nós falamos que essa pessoa não transmite o HIV por via sexual. Indetectável é igual a intransmissível. As pessoas têm medo e preconceito, por isso precisamos desmistificar esses mitos”, finaliza.

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