Missa de Natal atrai centenas de fiéis à Catedral de Fortaleza
A celebração é a primeira sem restrições de ocupação desde o início da pandemiaCentenas de católicos se reuniram na noite deste sábado, 24, na Catedral Metropolitana de Fortaleza para a celebração da tradicional Missa do Galo. Realizada na véspera do Natal, a cerimônia representa a expectativa do nascimento de Jesus Cristo, comemorado neste domingo, 25.
Maior templo católico da Capital, a igreja ficou pequena para a quantidade de fiéis que compareceu ao local. Antes mesmo do início da celebração, quase todos os bancos já haviam sido ocupados. A missa começou às 19 horas. Quem chegou a poucos minutos do início precisou ficar de pé.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Para não passar por essa situação, os mais prevenidos levaram cadeiras dobráveis e as armaram ao lado dos assentos de madeira disponibilizados pela Igreja.
"Não importa se estamos com conforto ou não, o que vale é estar aqui e vivenciar esTe momento", disse o aposentado Felisberto Machado, 68, que levou de casa um banquinho de plástico para ter onde se acomodar enquanto assistia à missa.
Esta foi a primeira missa de Natal com 100% de ocupação da Catedral desde o início da pandemia. Em 2020 e 2021 as celebrações foram realizadas com restrições por causa da Covid-19. Os obstáculos impostos pela crise sanitária mundial, inclusive, foram abordados pelo bispo Dom José Aparecido durante a cerimônia religiosa.
“A pandemia abriu o coração de muita gente a buscar alguma coisa a mais do que aquilo que o dia a dia tem para oferecer”, ressaltou o sacerdote na homilia. Antes, em entrevista ao O POVO, Dom José falou sobre o verdadeiro sentido de celebrar o Natal, que não está nos presentes e nem no Papai Noel.
O bispo destacou que as dores e lições amargas da pandemia reacendem a necessidade do ser humano lutar pelo fim das guerras e exercitar a solidariedade e compaixão com os mais pobres. “Celebrar o Natal é acordar. É como a própria profecia dizia: ‘O povo que andava nas trevas viu uma grande Luz'. Essa grande luz está aí, então, por que não abrir os olhos e deixar se iluminar por essa luz?”, refletiu.
Entre pedidos e agradecimentos, os fiéis que foram à Catedral tinham motivos para estar ali diante do altar. “Eu venho na esperança de um mundo melhor, de uma vida melhor. Mas sei que tem muitas pessoas que vêm pedir graças porque carregam algumas feridas e medos”, disse o entregador ítalo Lourenço.
A estudante Mara Moreno, 32, comemorou o retorno à celebração após dois anos sem ir à Igreja nesta data por causa da pandemia. “Finalmente parece que estamos num tempo de esperança. Estou com o coração cheio de gratidão por isso”.
Com espírito de agradecimento, Cristina Brilhante, 43, missionária do Shalom, irradiava esperança ao chegar à Catedral. “Vir à missa, para mim, significa agradecer a Deus pelo dom da vida e renovar a esperança do novo tempo que nos espera. É o menino Jesus nascendo novamente dentro de nós.”
Mas nem todo mundo estava tomado por bons sentimentos. Para o ambulante Reginaldo Silva, 47, que vendia água mineral aos fiéis na porta da Igreja, o momento era de tristeza por estar distante da família na noite de Natal.
“É um pouco triste. Eu nem tive como ligar para os meus irmãos”, disse ele, que mora sozinho em Fortaleza, distante a 350 quilômetros de Crateús, sua cidade natal. “Tenho que trabalhar, porque quando não vendo minha água, não tenho o que comer. Mas, graças a Deus, estou vivo, tem gente em situação pior”, completou o vendedor.
Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente