Centro de Memória é inaugurado no Complexo Ambiental da Sabiaguaba, em Fortaleza
Memorial retrata as referências ancestrais e o processo de ocupação humana da regiãoNatureza, gastronomia e história reunidos em um só lugar. É nesse tripé que se ampara o Centro de Memória “Raízes da Sabiaguaba”, inaugurado nesta sexta-feira, 23, em Fortaleza. O memorial faz parte do Complexo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba, com localização privilegiada às margens do rio Cocó.
O acervo é resultado de uma pesquisa sobre as referências ancestrais dos povos tradicionais da Sabiaguaba. Em dois meses, historiadores foram a campo em busca de personagens e objetos que ajudassem a explicar a memória coletiva da comunidade.
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A partir dos relatos obtidos, os pesquisadores agruparam artefatos e documentos relacionados às práticas, usos e fazeres dos primeiros habitantes da área. As peças foram doadas pelos próprios moradores do bairro.
O trabalho foi coordenado pela historiadora Paula Machado, que aponta a dimensão do pertencimento como eixo central da proposta museológica do acervo. “A gente fez um trabalho para que a comunidade, ao entrar aqui, se reconheça como parte desse espaço”, frisou a pesquisadora.
Buscando se ater aos marcadores de tempo da memória, indo além do aspecto cronológico (relógios e calendários), o acervo está dividido em fases da Lua. Cada ciclo está relacionado a um aspecto ancestral da localidade: Nova, demarca a arqueologia; Crescente, remete às comunidades tradicionais; Cheia, se refere à resistência; e Minguante, aponta para a luta e a ressignificação.
Os objetos históricos em exposição revelam vestígios antológicos sobre a ocupação humana na região. Há, por exemplo, mariscos e búzios que representam o ecossistema costeiro da região, sob o qual se constituiu a pesca familiar ribeirinha.
A origem dos nativos também está retratada na “Samburá”, cesta confeccionada com fio plástico que era usada para o armazenamento e transporte de iscas e pescados. Há também uma seção com artefatos que foram utilizados por antigos pescadores da comunidade. Objetos como tabuleta, agulha de PVC, chumbos e boias de isopor simbolizam a importância da pesca na ocupação da região.
A presidente da Associação dos Moradores Nativos e Amigos da Sabiaguaba, Maria Luisa de Sousa, considera que a preservação da memória, materializada no Centro, associada às atividades turísticas do Complexo são um convite para os visitantes mergulharem na história do lugar que frequentam.
“É uma oportunidade não só de degustar os pratos, e sim conhecer a história, participar da feirinha, participar da história, conhecer a Sabiaguaba, conhecer o nosso povo, conhecer de onde vem esses pratos, de onde vem essa tradição, essa cultura”, destacou a líder comunitária, que foi a responsável por conectar moradores e historiadores na pesquisa que deu origem ao acervo.
O secretário de Meio Ambiente do Ceará, Arthur Bruno, diz que o Centro é um atrativo a mais para o ecoturismo na Sabiaguaba. “O visitante que vier aqui vai conhecer e apreciar a boa comida, a memória dos povos nativos e ao mesmo tempo poderá curtir essa natureza belíssima".
O memorial será administrado pelo Instituto Dragão do Mar, responsável pela gestão do Complexo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba. A presidente da entidade, Rachel Gadelha, assinala que os aspectos gastronômico, cultural e ambiental formam um “combo” fascinante aos visitantes.
“Você vem comer, olhar a natureza e sai daqui também nutrido com essa história”, assinalou ela. O memorial estará aberto a visitações no mesmo horário de funcionamento do Complexo, das 10 às 22 horas, de quarta a segunda-feira. A entrada é gratuita e não há necessidade de agendamento prévio.
Serviço
Centro de Memória Raízes da Sabiaguaba
Local: Complexo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba
Rua Sabiaguaba, 430 - Sabiaguaba, Fortaleza
Instagram: @oficial_complexodasabiaguaba