Projeto promove interação entre jovens do sistema socioeducativo a partir do esporte

Ação é parte do Programa de Oportunidades e Cidadania (POC) e alcançou 1.700 pessoas em 2022

15:21 | Dez. 20, 2022

Por: Marcela Tosi
Projeto Trilharte promove interação entre jovens do sistema socioeducativo a partir do esporte (foto: Divulgação CFO)

A manhã desta terça-feira, 20, teve uma programação diferente no Centro de Formação Olímpica (CFO), em Fortaleza. Jogos amistosos de vôlei, basquete e freestyle reuniram jovens e profissionais do Sistema Socioeducativo como uma forma de aproximá-los e reforçar vínculos saudáveis. Cerca de 150 pessoas, entre jovens, socioeducadores, professores esportivos, autoridades e familiares fizeram parte das atividades esportivas do Projeto Trilharte.

“O projeto vem sendo realizado a partir de duas perspectivas: levar a experiência da formação em arte, cultura e esporte para os centros socioeducativos e fazer com esses jovens tenham acesso às políticas públicas dessas áreas”, expõe Lenildo Gomes, diretor de articulação institucional do Instituto Dragão do Mar, organização responsável pelo Trilharte.

“Nesse processo, os jovens realizaram visitas e fizeram parte de atividades formativas. Acima de qualquer coisa, é uma forma de promoção do sentimento de cidadania e pertencimento à sociedade.”

O Trilharte teve início em 2022, já ofereceu 11 oficinas esportivas em cinco Centros Socioeducativos (CSs) e alcançou 66 jovens do Sistema Socioeducativo. “As expectativas são as melhores possíveis para que ele possa permanecer. Temos resultados muito positivos, no esporte e na arte”, continua Gomes.

“Um dos jovens acabou de ser selecionado para uma residência artística, temos jovens que retornaram para a Escola de Gastronomia desejando fazer cursos formativos, e aqui no CFO alguns jovens, já no regime semiaberto, vieram procurar as atividades”, conta ele.

Alguns dos jovens socioeducandos que estiveram nos jogos amistosos desta manhã têm o sonho de ser jogador. “É muito feliz ter mais oportunidades de ter contato com o esporte. Não sei se vai dar certo, mas se Deus quiser vai ser uma forma de realizar meu sonho de ser jogador de futebol”, contou um deles, de 17 anos.

João Neto, gerente de esportes e lazer do CFO, explica que o centro de referência para formação de atletas abraça projetos sociais. “A gente acredita na forma do esporte como ferramenta de ressocialização, inserção e construção da cidadania”, afirma.

A visão é parecida com a do educador esportivo João Fausto Moreira, que trabalha há 35 anos no basquete e agora atua no centro socioeducativo Dom Bosco. “É revolucionário, muda a vida desses garotos. Ensino xadrez, gamão, tênis de mesa, e são modalidades que eles nunca viram na vida e passam a criar ânimo, gostam do que estão fazendo”, diz Moreira.

“Tudo ali é feito mostrando que a vida pode ser outra, por mais que sejam assombrados por tudo que é erro.”

Para Marçal Lima, superintendente-adjunto da Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo (Seas), as ações são um “grande sucesso”.

“O jovem se vê inserido naquele meio do supostos cometimento de atos infracionais por conta de um contexto social desfavorável que, muitas vezes, a política pública não alcança”, avalia. “E com o projeto temos conseguido possibilitar sua reinserção ao convívio familiar, comunitário e social.”

O Trilharte é parte do Programa de Oportunidades e Cidadania (POC), desenvolvido pela Seas para acompanhamento multiprofissional, oferta de oportunidades e promoção de direitos aos socioeducandos e seus familiares.

Para dar conta desse objetivo, a Superintendência selecionou ao fim do ano passado, por meio de edital, três instituições: Instituto Dragão do Mar (IDM), Instituto Juventude Inovação (IJI) e Luta pela Paz. Respectivamente, estas organizações sociais ficaram responsáveis pelos projetos Trilharte, Embaixadores da Paz e Novas Trilhas.