Parque Rio Branco recebe missa mensal do Movimento Igreja em Saída
As celebrações acontecem a cada terceiro domingo do mês, sempre às 9 horas. Durante o ofertório, são recebidos alimentos que depois são entregues a entidades e associações
14:40 | Dez. 18, 2022
Uma igreja cristã com reflexões mais amplas e que encontre as pessoas no dia a dia em seus contextos sociais. É o que busca o Movimento Igreja em Saída, inspirado nos apontamentos do papa Francisco.
Desde fevereiro, o Movimento celebra missas a cada terceiro domingo do mês às 9 horas no Parque Rio Branco, em Fortaleza.
"Começamos a nos encontrar antes da pandemia. Na ocasião dos cinco anos do papado do papa Francisco, fizemos uma reflexão de três noites no Seminário da Prainha", explica o padre Ermanno Allegri. "Dali, começamos a pensar em uma programação mais continuada. Buscamos o que Jesus Cristo fazia. Ele andava para encontrar as pessoas e começar um tipo de relação humana em que as pessoas pudessem ser valorizadas e respeitadas em igualdade."
A celebração segue preceitos e ritos da Igreja Católica ao mesmo tempo em que algumas diferenciações são evidentes. No início da missa, participantes do momento entram com cartazes indicando os preceitos norteadores daquele momento: "A fome tem pressa"; "Queremos moradia"; "Pelo direito de ter direitos"; "Sou negro e a minha raça é a raça humana"; e "Perdão pelas vezes que nossa sociedade e nossa igreja tiveram discursos homofóbicos e transfóbicos".
Por acontecer em um espaço aberto da Cidade, é possível perceber os sons e acontecimentos da natureza do Parque Rio Branco e ainda ter interações com outras atividades. Na manhã deste domingo, 18, enquanto o frei José Fernandes Alves celebrava a missa, era possível ouvir os ritmos de um encontro do grupo Pifarada Urbana.
Mais um ponto diferente aos olhos acostumados à liturgia em igrejas e santuários fechados é o altar simples, com objetos artesanais. No momento do ofertório, as doações são de alimentos não perecíveis, os quais são entregues a entidades e associações.
Neste domingo, a parceria foi com a Casa de Andaluzia, que acolhe mulheres transexuais e travestis e ofertas cursos de moda e costura. "É a primeira vez que venho e pretendo vir mais vezes. Hoje, depois de muitos anos, me senti acolhida e tomei a hóstia ", relata Fabiana Araújo. "Foi muito lindo, me senti mais humana. A gente fica mais à vontade e mais segura sem preconceito."
Segundo Allegri, as atividades mensais no parque ajudam a encontrar uma igreja mais "encarnada". "Uma igreja mais presente na realidade do povo. A gente se dirige a todos os excluídos, a todos os grupos que sofrem alguma rejeição", afirma.
Em janeiro, o Movimento Igreja em Saída pretende se encontrar durante dois dias para definir ações a serem realizadas em 2023. Em articulação com grupos interessados com o bem comum e os direitos humanos, o Movimento elaborou algumas cartilhas e divulga sua programação na página instagram.com/igrejaemsaida.