Em meio a conflito entre facções, Jangurussu volta a registrar tiroteio

Na madrugada, dezenas de disparos foram ouvidos, sobretudo, nos residenciais José Euclides e Maria Tomásia. Vídeos gravados por moradores registraram a situação

21:47 | Dez. 08, 2022

Por: Lucas Barbosa
Imagem de apoio ilustrativo: tiroteios já foram documentados em outros momentos por vídeos gravados dentro do residencial (foto: Reprodução / Via redes sociais)

O tormento dos moradores do Grande Jangurussu prossegue com o conflito entre facções criminosas na região. Na madrugada de quarta-feira, 7, para quinta-feira, 8, um novo tiroteio foi registrado no local, tendo sido descrito por um morador como o pior já registrado desde que o conflito ocasionado pelo racha em uma facção criminosa teve início, na semana passada.

A violência se dá de maneira mais forte nos residenciais José Euclides e Maria Tomásia. Vídeos gravados por moradores dão uma noção da intensidade do conflito. Uma das gravações registra dezenas de disparos sendo ouvidos. Outro registro mostra a parede de uma casa crivada de balas. Já um terceiro vídeo mostra disparos sendo efetuados durante patrulhamento da Polícia Militar no José Euclides. Confira as imagens:

Um morador, que terá a identidade preservada, afirma que, no residencial José Euclides, estão ocorrendo furtos e invasões a residências. “Algumas portas estão simplesmente tendo a porta arrancada e sendo depenada”, afirmou. “Coisa que não existia antes”.

A Área Integrada de Segurança (AIS) 3, onde está localizado o Jangurussu, registrou quatro homicídios de domingo, 4, até terça-feira, 6, conforme dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). O POVO apurou que três desses crimes ocorreram nos residenciais Maria Tomásia e José Euclides e no Sítio São João.

Em nota, a SSPDS destacou que a região conta com a atuação preventiva de equipes do Policiamento Ostensivo Geral (POG) do 16º Batalhão da Polícia Militar e do Comando de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio).

Além disso, atua na região o Comando para Prevenção e Apoio às Comunidades (Copac), que tem “um protocolo específico, que consiste em ações de acompanhamento e escuta dos moradores e de repressão à criminalidade, realizadas por agentes de segurança com uma formação especializada para o serviço”.

A SSPDS também destacou que as ações levaram à captura, na noite de terça-feira, de cinco pessoas em posse de cinco armas de fogo, 393 munições e artefatos explosivos. Já nessa quarta-feira, 7, um homem que estava com mandado de prisão em aberto por homicídio foi preso na região.

Causas do Conflito

Como O POVO mostrou na última sexta-feira, 2, o conflito é reflexo de uma racha dentro de uma organização criminosa que atua na região. Criminosos “rasgaram a camisa” da facção Guardiões do Estado (GDE) e passaram a denominar-se como “Neutros” ou “Massa”. Com isso, há uma disputa entre os dois grupos pelo controle das comunidades do bairro.

Essa não é a primeira vez que “Neutros” tentam tomar o controle das comunidades da região. O POVO já mostrou que, em fevereiro, o racha ocorrido na GDE deixou, pelo menos, 10 mortos em bairros como Jangurussu, Ancuri, Conjunto Palmeiras e São João do Tauape.