Oportuniza Trans: evento promove seleções para vagas de emprego para a comunidade LGBT+
Com rodas de conversa, apresentações e seleções para vagas de emprego, o Oportuniza Trans ocorreu na tarde desta quarta-feira, 16, no Centro Estadual de Referência LGBT+ Thina Rodrigues, em Fortaleza.
20:26 | Nov. 16, 2022
Incluir e permanecer, são duas das dificuldades encontradas por pessoas trans quando o assunto é a busca por emprego. Pensando em preparar organizações para receber e acolher a comunidade LGBT+ no mercado de trabalho, a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para LGBT da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), realizou nesta quarta-feira, 16, o “Oportuniza Trans: Encontro sobre Empregabilidade para a População Trans”, evento que reuniu 15 empresas para discutir a inclusão e permanência de transexuais no grupo de colaboradores.
Na ocasião, cerca de 90 pessoas estiveram presentes no Centro Estadual de Referência LGBT. O momento foi composto por rodas de conversas, apresentações e a realização de seleções para vagas de emprego destinadas a pessoas trans. Uma delas é Ariela Zamparolli, de 29 anos, que foi ao local para aproveitar a oportunidade de enviar o currículo para as empresas envolvidas no evento.
Ao O POVO, Ariela conta que está concluindo o período de recebimento do seguro-desemprego e já tem buscado novas vagas no setor administrativo para se candidatar. No entanto, na jornada pela busca de emprego, situações de violência e preconceito vêm à tona. Segundo ela, há falta de oportunidades para a comunidade LGBT+.
"É como se as pessoas fechassem os olhos para a gente. Sabemos como está difícil a situação de busca por emprego para o público em geral, imagina para pessoas transsexuais, já que muitas não têm estudo, cursos. Muitos de nós precisamos optar por sobreviver nas ruas, sendo expostos aos perigos. O Oportuniza Trans é uma oportunidade de retirar essas pessoas das margens da sociedade, espero que essas empresas abram as portas para nós”, afirma.
O coordenador especial de políticas públicas para população LGBT da SPS, Narciso Junior, explica que há inúmeros desafios a serem superados no caminho da inclusão de pessoas trans dentro das empresas, entre eles está a falta de capacitação dos profissionais que selecionarão candidatos para o corpo de funcionários das organizações.
"Muitas vezes, por não capacitar a parte corporativo, as empresas têm agentes que farão seleções sem preparo para receber, por exemplo, uma travesti que chega com um registro civil ainda não retificado. Então, aqui no Centro Estadual de Referência LGBT, temos trabalhado para dar a oportunidade dessas pessoas chegarem às entrevistas preparadas para o mercado, bem como para preparar as empresas para acolhê-las", disse o coordenador.
A ação foi realizada em parceria com o Ministério Publico do Trabalho do Ceará; o Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT-CE); a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio); o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac); o Serviço Social da Indústria (SESI); o Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (Sebrae); a Secretaria da Educação do Ceará e o Instituto IJCPM, além das mais de dez empresas que estiveram presentes no evento.
Ana Valéria Targino, procuradora do trabalho e titular da Coordenadoria de Promoção da Igualdade de Oportunidades e de Combate à Discriminação (Coordigualdade) o acompanhamento junto às corporações é fundamental para a capacitação de profissionais qualificados, inclusivos e éticos.
"O nosso intuito é que cheguemos ao nível de sensibilizar as empresas para contratar, tratar da diversidade no âmbito interno das organizações e, principalmente, oportunizar vagas de emprego na forma de igualdade, sem discriminação", conclui Ana.