Incêndio em apartamento que matou mãe e filha começou em um dos quartos
Maria Ocilma Rodrigues, 59, e a mãe dela, Ilza Rodrigues Braulino da Silva, 81, morreram no incêndio. Corpo de Bombeiros avalia conformidade do sistema preventivo de incêndio do prédio, que não passou por inspeção predial
17:38 | Out. 26, 2022
A Polícia Civil do Ceará (PC-CE) investiga as causas do incêndio que matou mãe e filha em um apartamento localizado na rua Monsenhor Bruno, no bairro Aldeota, na madrugada desta quarta-feira, 26. As vítimas foram Maria Ocilma Rodrigues, de 59 anos, e Ilza Rodrigues Braulino da Silva, de 81. Laudo da Perícia Forense do Estado (Pefoce) deve esclarecer as causas do sinistro. O 2º Distrito Policial já realizou oitivas para complementar as investigações.
O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 3h13min e chegou ao local por volta das 3h25min, informou o coronel Ronaldo Roque, comandante da corporação. Antes disso, vizinhos relataram que, ao perceberem o incêndio, ocorrido no quarto andar, arrombaram a porta do apartamento para tentar resgatar as vítimas. As chamas, porém, já estavam muito fortes, e eles precisaram esperar a chegada dos Bombeiros.
Conforme Ronaldo Roque, o incêndio teve início em um dos quartos. Era lá que estava Ilza. O oficial conta que os bombeiros só conseguiram chegar até a vítima quando ela já estava com o corpo carbonizado.
Maria Ocilma foi a primeira vítima que os militares conseguiram localizar. Ela estava no quarto ao lado da mãe, onde o fogo não se propagou, mas, como afirmou o coronel, os indícios são de que ela tenha inalado a fumaça e, com isso, também foi a óbito no local.
O Corpo de Bombeiros conseguiu controlar as chamas no apartamento em cerca de 40 minutos, de forma que o fogo não se espalhou pelo prédio. A estrutura do edifício não foi atingida, e os demais moradores do prédio puderam voltar para seus apartamentos ainda pela manhã.
Certificados técnicos
Duas viaturas, com 15 homens ao todo, atuaram no local. O Corpo de Bombeiros continuou no local para fazer o rescaldo. Além disso, equipes do Comando de Engenharia de Prevenção de Incêndio (Cepi), dos Bombeiros, estiveram no local para verificar se o prédio atende às normas de segurança contra incêndio — o chamado Certificado de Conformidade.
“A estrutura que nós falamos é a parte necessária, de acordo com o nosso Código de Incêndio. São extintores, aquela canalização preventiva, aquela caixa vermelha que vocês veêm com vidro (escrito) incêndio — ela é muito importante, tem mangueiras e esguichos lá dentro —, nós temos, dependendo da altura do prédio, sprinklers — aqueles chuveirinho que ficam nos corredores", detalhou o coronel.
"Normalmente na caixa d'água nós temos uma reserva técnica, ou seja, um terço de toda a água dos edifícios que os senhores e as senhoras moram é reservado para o combate a incêndios.” A Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) confirmou a O POVO que o prédio não tem Certificado de Inspeção Predial (CIP).
Ainda segundo o comandante, os Bombeiros optaram por utilizar a própria estrutura de combate ao incêndio para “atuar de maneira mais segura”. “Caso a gente constate que o funcionamento não foi adequado, o síndico vai ser devidamente notificado para poder comparecer ao Corpo de Bombeiro e regularizar a situação”, afirmou o coronel, que reforçou a importância de os prédios observarem o disposto nas normas para prevenção de incêndios.
Conforme a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), uma equipe plantonista do Núcleo de Perícia Externa (Nupex) foi a responsável por fazer os primeiros levantamentos periciais. Durante a manhã, um grupo do Núcleo de Perícias de Engenharia Legal e Meio Ambiente (Npelm) também foi ao local para realizar exames complementares.
Pesar
Maria Ocilma era analista judiciária da área administrativa do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (TRT-7), tendo se aposentado em 2015. Por meio de nota, a presidente do TRT-7, a desembargadora Regina Gláucia Cavalcante Nepomuceno, declarou "profundo pesar" pela morte de Maria Ocilma e de sua mãe, assim como manifestou solidariedade a familiares e amigos (Colaborou Levi Aguiar/Especial para O POVO).