Capoeira de graça: projeto move estudantes, voluntários e mestres em Fortaleza
16 crianças e adolescentes receberam novos cordões de capoeira, que significam a mudança no nível da prática, neste sábado, 22Há cinco anos, o projeto Aprendendo em Movimento ensina capoeira para crianças e jovens de periferias de Fortaleza. Além da prática, professores acompanham a vida familiar dos alunos e incentivam as atividades escolares. O objetivo de sair da ociosidade e ganhar uma perspectiva diferente para a vida move diversos estudantes, voluntários e mestres.
Moacir Lima, 38, professor de capoeira e pedagogo, explica que crianças a partir de cinco anos começam a aprender a jogar capoeira junto de pares de diferentes idades. O projeto inclui também alunos com dificuldade cognitiva, autismo e TDAH nos aprendizados. “A gente tenta ajudar essas crianças não apenas a não ir pra marginalidade, mas também dar a elas um senso de que conseguem ir além do que elas acham que podem ir”, afirma o professor.
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Moacir, que já foi uma criança assistida por um projeto social comunitário, percebe a importância do acompanhamento na vida dos alunos. “É muito significativo ver uma criança que eu comecei a dar aula e já se formou monitor, instrutor de capoeira”, diz.
Neste sábado, 22, 16 jovens receberam um cordão que sinaliza um novo nível de treino na capoeira. Lian Lucas do Nascimento Batista, 11, foi um dos alunos que subiu de nível na cerimônia realizada. O menino começou no projeto aos sete anos e já está no quarto cordão. “A minha parte favorita é a ginga, a roda, acho muito legal, porque são várias pessoas se comunicando não verbalmente”, conta.
Lian afirma que se inspira nos mestres do projeto e quer chegar no mesmo nível de treino. O capoeirista quer ser programador quando crescer e também não quer largar a prática tão cedo. A irmã de Lian, Maria Eduarda, de sete anos, também foi “batizada” na capoeira neste sábado, ou seja, ganhou o primeiro cordão depois de um ano de treino.
A mãe dos alunos, Elaine Cristiane do Nascimento Batista, 36, colocou os dois filhos no projeto por ser gratuito e por não ter com quem deixá-los no contraturno da escola. Mesmo tendo mudado de bairro e de cidade, morando agora no Eusébio, na região Metropolitana de Fortaleza, a mãe segue levando as crianças para os treinos.
“É muito bom, é um projeto gratuito e os profissionais são maravilhosos”, afirma Elaine. Ela conta que os dois irmãos gostam de jogar capoeira juntos em casa e chegam falando sobre a história do esporte, fatos que aprendem nas aulas com os professores. Elaine percebe que os filhos têm mais disposição no dia a dia desde que começaram a participar do projeto.
“Eu me sinto leve, porque é um exercício físico e isso ajuda na saúde”, conta a aluna e monitora Fabricia Jhennyfer Batista de Oliveira, 19. Ela começou a fazer capoeira com 15 anos e segue no projeto. Para ela, é gratificante ver as crianças mudando de nível. “Muitas crianças que treinam com a gente começaram pequenos, a gente vê a evolução deles. E a minha também, que cresci aqui no projeto.”
O projeto funciona em três núcleos: Escola Municipal Maria de Lourdes Ribeiro Jereissati (CIES), no bairro Tancredo Neves; Igreja Batista Shema, no bairro Luciano Cavalcante; e condomínio Parque Michelangelo, em Messejana. Além disso, o projeto atua com processo de mentoria, oferecendo consultoria a capoeiristas que desejam implantar projetos nas cidades que residem, como Trairi, no litoral do Ceará.
Serviço:
Projeto Aprendendo em Movimento
Contato: Professor Moacir Lima - (85) 98680-3598