Área com mais homicídios de Fortaleza recebe 2ª base de polícia comunitária

Policiais tem como desafio criar vínculos de confiança com a população para trabalhar na prevenção da violência e na mediação de conflitos

A segunda base do Comando da Polícia Militar para Prevenção e Apoio às Comunidades (Copac) de Fortaleza foi inaugurada nesta sexta-feira, 21, na comunidade São Miguel, no bairro Lagoa Redonda, em Fortaleza. Ela fica a cerca de nove quilômetros (km) da primeira base do comando na Capital, localizada no bairro Ancuri. As duas bases, que fazem parte de um projeto de policiamento de proximidade, estão dentro da Área Integrada de Segurança (AIS) com maior número de homicídios em 2021 e em 2022.

A AIS 3 engloba os bairros Messejana, Ancuri, Pedras, Barroso, Jangurussu, Conjunto Palmeiras, Curió, Lagoa Redonda, Guajeru, São Bento, Paupina, Parque Santa Maria. Nessa região, até setembro de 2022 foram registrados 150 homicídios, a mesma quantidade observada nos 12 meses de 2021, de acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

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O Copac, de acordo com a governadora Izolda Cela, tem como objetivo garantir “uma presença mais próxima [da Polícia] para elevar a sensação de segurança” da população. Outras quatro bases do comando foram instaladas em Caucaia, Maracanaú, Maranguape e Sobral. As cidades são as mais populosas do Estado e as que têm as maiores taxas de violência.

Segundo o secretário da SSPDS, Sandro Caron, a expectativa é de que, no decorrer das próximas semanas, os policiais e os moradores do São Miguel se conheçam. O comando deve atuar em mediação de conflitos, no apoio a vítimas de violência, em casos de expulsões de famílias por facções criminosas e na segurança escolar.

Um contêiner foi implantado em frente à Areninha da comunidade. O atendimento dos policiais enviados ao local deve abranger um raio de 500 metros. Funcionando em regime de 24 horas, a equipe disponibiliza um telefone próprio com o intuito de facilitar o acionamento pela população: (85) 98622 5509.

“Eu espero que melhore mesmo, porque o que a gente mais precisa é de segurança”, diz o morador da comunidade Lucas Martins, 20. “Aqui é um canto que nem dentro de casa a gente se sente mais seguro”, afirma.

A dona de casa Maria Eudenia da Silva, 36, também torce para que a situação do bairro melhore. “A gente sai para trabalhar com medo e volta com medo. Era para isso ter chegado há anos.”

Desafio da polícia comunitária é gerar confiança

Para que o trabalho prometido pelo Copac seja realizado, é preciso que a equipe in loco tenha êxito em criar uma relação de confiança com a população. Para o cabo Emerson Pessoa, membro do grupo atuante no São Miguel, a “barreira entre polícia e comunidade” é uma das principais dificuldades do trabalho.

“Nós sabemos que estamos aqui pelo índice elevado de criminalidade na região, e a gente sabe que até então imperava uma lei do crime aqui. A gente vai chegar para quebrar essa lei.”

O coronel Clairton Abreu, diretor da Academia Estadual de Segurança Pública (Aesp), explica que os policiais do Copac recebem um curso específico para trabalhar no comando. O curso tem disciplinas sobre inteligência aplicada em microterritórios, comunicação não violenta, lei de abuso de autoridade, atuação policial frente aos grupos vulneráveis e minorias, escuta especializada/depoimento especial, tiro policial defensivo, dentre outras.

Além disso, o coronel afirma que são escolhidos profissionais com características que se encaixam no tipo de policiamento preventivo a ser realizado. “É claro que a gente necessita de perfis, de policiais que tenham esse perfil mais aproximado da comunidade, nesse sentido de acolhimento”, diz.

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