Outubro Rosa: desfile promove a autoestima de mulheres mastectomizadas

Outubro está consolidado no calendário como o mês cor de rosa e voltado para conscientizar sobre o diagnóstico precoce do câncer de mama. O cuidado com o bem-estar das pacientes em tratamento e em remissão da doença têm ganhado importância crescente. Nesse sentido, a celebração da vida e a promoção da autoestima marcaram o 4º Desfile das Vitoriosas, promovido no Centro Universitário Estácio do Ceará na manhã desta terça-feira, 11.

No evento, cerca de 20 mulheres que passaram pela cirurgia de retirada parcial ou total da mama desfilaram para uma plateia de professores e estudantes. Entre elas, Sandra Nogueira conta que há oito anos convive com o universo do câncer de mama e hoje se empenha em conscientizar outras mulheres.

“Notei o nódulo no autoexame e tive o diagnóstico confirmado pelo mastologista. Nessa hora, o mundo desaba, e você só tem duas coisas: abraçar e lutar seguindo firme”, relata.

Aos 57 anos, depois da mastectomia, 16 sessões de quimioterapia e 30 sessões de radioterapia, Sandra afirma que o apoio da família, de profissionais e de outras mulheres segue fazendo a diferença. “Sou muito grata. Foi uma batalha grande, e hoje incentivo as mulheres a se cuidarem e a não terem medo.”

Neusa Martins está prestes a completar 70 anos, sendo 11 deles vividos após o diagnóstico do câncer de mama. “Não é fácil, a gente nunca está preparado. Quando eu descobri, só quem sabia era minha mãe e meu irmão”, diz.

“Quando uma vizinha ficou sabendo, olhou para mim e disse assim: 'Sabia que quem tem câncer só dura um ano?’. É doloroso.”

Diante de suas vivências, Neusa conta que vai até Unidades de Pronto Atendimento (Upas) e postos de saúde “para mostrar que câncer tem cura quando é descoberto no início e você tem chance de sobreviver”.

“O câncer não é o fim, é uma mudança da sua vida. Eu agi de uma maneira, e agora é completamente diferente. A gente tem que aproveitar cada segundo, diminuir o estresse, se amar e se cuidar.”

A ação foi realizada pelo Programa de Assistência à Mulher Mastectomizada (Proamma), projeto multidisciplinar do Centro Universitário Estácio do Ceará. Fundado em 2002, o programa atua tanto na abordagem preventiva, com educação em saúde e orientação, quanto no atendimento de mulheres que já passaram pela mastectomia.

Fazem parte do Proamma estudantes e profissionais da fisioterapia, nutrição, psicologia, enfermagem e odontologia.

Cleoneide Oliveira, coordenadora do Proamma, explica que a retirada da mama, por ser perceptível, impacta diretamente na autoestima.

“Queremos promover o autocuidado e trabalhar essencialmente o amor próprio de cada uma delas”, comenta. “É um momento muito especial, porque a gente entende que a elevação da autoestima também faz parte do processo de recuperação, e nós estamos aqui para apoiá-las.” 

O momento também marcou o início das atividades do Movimento Outubro Rosa no centro universitário. Durante o mês, serão realizadas atividades gratuitas em alusão à campanha de prevenção ao câncer de mama.

Para isso, professores e alunos da instituição ofertarão rodas de conversas, palestras em empresas privadas, audiência pública na Câmara dos Vereadores de Fortaleza e ações gratuitas em shoppings de Fortaleza.