MPCE requer reconstituição de morte de jovem em abordagem policial no Mondubim
Órgão deu mais 120 dias para a conclusão do inquérito policial. PMs dizem que ação ocorreu em legítima defesa, enquanto familiares dizem que só os policiais atiraram
19:52 | Set. 29, 2022
O Ministério Público Estadual (MPCE) deu mais 120 dias para a conclusão do inquérito policial que investiga a morte de Paulo Victor Silva de Oliveira, de 16 anos, fato ocorrido em intervenção policial em 24 de julho último, no bairro Mondubim. Em parecer feito na última terça-feira, 27, a promotora Márcia Lopes Pereira requereu mais diligências ao 8º Distrito Policial.
Entre elas, está a reprodução simulada do fato. O intuito, conforme o MPCE, é “verificar a compatibilidade da versão dos policias militares com a tese de legítima defesa por eles sustentada”. Além da reconstituição, o órgão ministerial determinou a requisição de exame de confrontação balística entre os projéteis ou munições encontrados no local do crime e as armas utilizadas pelos policiais.
Paulo Victor foi morto durante uma abordagem policial na Rua Tancredo Neves. Os PMs que participaram da ação afirmam que receberam uma denúncia de pessoas armadas traficando drogas na região.
Ao chegarem ao local, eles teriam sido recebidos à bala por criminosos e revidaram, acertando Paulo Victor. Os PMs apresentaram um revólver calibre 38 com seis munições deflagradas e afirmaram que a arma foi usada por Paulo Vitor.
A versão é rebatida por familiares do adolescente e moradores da região. Eles dizem que apenas um disparo foi ouvido, justamente, o que atingiu Paulo Victor. A família do jovem diz que ele não tinha envolvimento com a criminalidade e que havia saído de casa para comprar pasta de dente a pedido do pai.
Uma câmera de vigilância flagrou a ação. As imagens mostram, primeiramente, dois jovens correndo em direção a um beco. Uma viatura chega ao local e, em seguida, o vídeo mostra os dois retornando, já que haviam se deparado com outros PMs. Os militares da viatura saem e eles ficam cercados. É neste momento que o disparo é efetuado.
Três dias após o caso, a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) determinou o afastamento preventivo do soldado que teria realizado o disparo. A decisão o retira do policiamento das ruas por 120 dias. Também foram retirados dele identificação funcional, arma de fogo, algema e qualquer outro instrumento de caráter funcional.
"Outrossim, a medida ora deferida tem o condão de suspender o pagamento de qualquer vantagem financeira de natureza eventual que o afastado esteja a perceber", afirma a portaria da CGD.
Veja o vídeo que flagrou o momento da abordagem que levou à morte de Paulo Victor: