Profissionais da Enfermagem cobram piso salarial e anunciam paralisações em Fortaleza

O intuito dos atos é cobrar ao poder público ações efetivas para a categoria em relação ao piso salarial e à reestruturação do Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS). Cronograma de paralisações foi anunciado durante proteto na manhã desta sexta, 16, no bairro Centro

16:00 | Set. 16, 2022

Por: Levi Aguiar
Manifestação dos profissionais de saúde ocorrida no Centro de Fortaleza (foto: Levi Aguiar)

Mesmo com tempo chuvoso, profissionais da Enfermagem e entidades representativas estiveram presentes no Centro de Fortaleza, na manhã desta sexta-feira, 16, para reivindicar o pagamento do novo piso salarial da categoria e a reestruturação do Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS). A vice-presidente do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort), Ana Miranda, contou que a manifestação ocorre dentro de um cronograma de outros atos.

Conforme Ana, a categoria deve iniciar uma interrupção dos serviços por duas horas, nos dias 21, 22, 23, 27 e 28 de setembro. No entanto, a paralisação será feita em unidades específicas de saúde de Fortaleza.

O intuito dos atos é cobrar ações efetivas para a categoria: “Estamos chamando os profissionais de forma fragmentada, mas apenas em respeito à população. Esse mesmo respeito que a gente espera do STF e dos demais poderes públicos”.

O piso salarial havia sido aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), porém o reajuste da remuneração foi suspenso pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

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Fortaleza: Profissionais da Enfermagem cobram piso salarial em protesto

Para Ana, os atos estão sendo realizados para reforçar as demandas dos profissionais de Enfermagem e apontar novas ações da categoria para reivindicação de direitos. “Há apelos para uma paralisação de 24 horas dos serviços de Enfermagem, mas o sistema de saúde não aguentaria todo esse tempo sem nossos serviços.”

Sobre o PCCS, a vice-presidente relata que a categoria apresentou propostas de um novo plano à Gestão Municipal de Fortaleza, em maio deste ano, mas a representante não obteve resposta. "O Plano foi instalado em 2007, está todo defasado, reivindicamos a reestruturação”, disse ela.

O cronograma de paralisações de duas horas nas unidades de saúde em Fortaleza ficou dividido da seguinte forma: 

  • Dia 21, no Instituto Dr. José Frota (IJF) e Frotinha da Parangaba;
  • Dia 22, no Hospital da Mulher e Gonzaguinha do José Walter;
  • Dia 23, no Frotinha do bairro Antônio Bezerra e Gonzaguinha da Barra do Ceará;
  • Dia 27, no Hospital Nossa Senhora da Conceição;
  • Dia 28 será chamada uma paralisação geral da Saúde Básica.

 

A presidente da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará, Enedina Santos, também esteve no local e disse que a categoria está aprovando uma agenda de mobilizações em Fortaleza e no Interior.

"Os sindicatos municipais estão convocando os profissionais da Enfermagem para pautar o estado de greve, porque nós não aceitamos o posicionamento do STF. A categoria conquistou o direito ao piso e merece uma remuneração adequada, além do plano de carreiras.”

Em meio à chuva no Centro da Cidade, Kelly Lima, técnica de enfermagem, falou sobre o sentimento de frustração e raiva em relação à decisão do Supremo. “Nós estamos aqui para sensibilizar a sociedade sobre a importância da boa remuneração que a Enfermagem merece. Atravessamos a pandemia, e muitos de nós [enfermeiros] perdemos a vida para cuidar das pessoas. Nós sacrificamos nossas vidas em prol da profissão e não somos reconhecidos por isso.”

A enfermeira Ana Paula também ressaltou a frustração com a suspensão do piso salarial da enfermagem: “Deixamos os nossos familiares em casa para trabalharmos arduamente na pandemia. Temos colegas que morreram e os que passaram meses longe da família em prol do exercício da profissão. Nós estamos revoltados. Não queremos que a população pague por isso. Estamos aqui para conscientizar todo mundo”.

“Além de tudo, eles tentam atuar por meio da pressão psicológica, dizendo que, com o piso salarial, haverá demissões em massa. Isso não existe, somos legislados pelo Conselho Regional de Enfermagem do Ceará e o Conselho Federal de Enfermagem. Há uma dimensionamento em relação à nossa categoria. Isso não foi colocado para a população, que pode achar que ficará sem o acesso ao serviço dos enfermeiros.”