Mercado da Aerolândia segue sem prazo para ser revitalizado

Em janeiro deste ano, a Regional 6 "encaminhou as providências necessárias para a manutenção do espaço" à Prefeitura. Entretanto, nada mudou no local, que segue abandonado e sem programações culturais

16:19 | Set. 08, 2022

Por: Gabriel Borges
MERCADO DA Aerolândia passou por reforma finalizada em 2015 (foto: FÁBIO LIMA)

O mato crescido e o lixo nos arredores do Mercado da Aerolândia são os primeiros indícios da situação de abandono do local. O descaso com o equipamento não é de hoje, conforme os moradores do entorno. A última requalificação foi finalizada em 2015, após longo período de esquecimento. Menos de sete anos após a reinauguração, a estrutura já padece novamente.

Com um custo de R$ 2,7 milhões, a revitalização realizada na última década trouxe uma nova cobertura, vitrais e o fortalecimento do equipamento com estruturas de ferro. Entretanto, no momento, nenhum dos benefícios são usufruídos pela população, pois o Mercado encontra-se fechado há pelo menos dois anos.

Moradores da região contam que sentem saudades da movimentação de outrora, consideram que o equipamento era um atrativo cultural para quem vive na Aerolândia e no Lagamar. O desgaste do pequeno palco, localizado dentro do Mercado, não nega que os tempos de festa chegaram ao fim.

"Antes era muito bom, sempre tava aí para dançar um forró. Era animação demais. Tinha carnaval e tocava um chorinho. Agora se acabou, roubaram muita coisa daí. Todo dia levavam alguma coisa", relata Adalberto Ferreira, 61, que mora na região.

Quem se aproxima do Mercado da Aerolândia constata que o abandono é palpável, as grades que protegem o equipamento estão sendo corroídas pela ferrugem. Dentro do local, o cenário é o mesmo. Além da ação do tempo, marcas da depredação humana também fazem parte da realidade atual. Pichações e equipamentos danificados são visíveis até do lado de fora.

"Já roubaram aparelho sanitário, torneira e freezer. Tudo foi levado. Acontece mais durante a noite. Tem um problema danado relacionado ao lixo. Tem resíduo de material de construção que é jogado aqui", afirma uma pessoa que trabalha nas proximidades do Mercado, mas prefere não se identificar.

Ela conta que problemas com carroceiros são frequentes nas proximidades do equipamento. Na manhã da última terça-feira, 6, algumas pessoas despejavam lixo na calçada do local. O ponto de maior acúmulo está localizado logo à frente de um ecoponto, que recebe materiais como pequenas proporções de entulho, restos de poda e móveis velhos.

Adriana Barros, 41, que vive e trabalha no bairro, avalia que não há como o mercado voltar a funcionar sem uma nova reforma. Ela também destaca a questão dos carroceiros.

"Quem pega as coisas do mercado são os catadores. Era mais de madrugada, de dia eles não mexem muito." A cozinheira afirma que já viu agentes da Prefeitura visitando o Mercado algumas vezes durante este ano.

Ainda em janeiro, a Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria da Gestão Regional (Seger), afirmou que uma equipe da Regional 6 realizou uma vistoria técnica no Mercado da Aerolândia e “encaminhou as providências necessárias para a manutenção do espaço”.

Já no mês de agosto, a Seger informou que o Mercado da Aerolândia seguia sem programações públicas, pois permanecia fechado. O local passava por um um estudo de viabilidade para cessão ou concessão do espaço.

Neste mês de setembro, por meio de nota, a Seger informou que ainda aguarda "a conclusão de estudo de viabilidade do Mercado da Aerolândia para dar continuidade a melhorias no empreendimento e, posteriormente, retorno das atividades no local".

A Seger informa, ainda, que analisa proposta de utilização do prédio, apresentada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC), para administrar o espaço. Questionamentos como o tempo de inatividade do Mercado e o que já foi constatado com os estudos do espaço não foram respondidos pela pasta.

Mercados da Aerolândia e dos Pinhões já foram uma única estrutura

As estruturas de ferro que compõem os dois mercados na Capital já foram um único equipamento. É o que explica o arquiteto e urbanista João Lucas Nogueira. O material foi importado da França, ainda durante o século XIX. Inicialmente, o "esqueleto original" foi erguido no Centro, sendo dividido apenas em 1938.

A separação levou parte da estrutura para o local onde, atualmente, encontra-se o Mercado dos Pinhões, e outra para a praça São Sebastião. Somente em 1968, o equipamento foi reconfigurado na Aerolândia.

Após a divisão, os mercados foram restaurados em momentos distintos, o dos Pinhões, em 1998, e o da Aerolândia, apenas em 2015 (com atrasos). As obras foram anunciadas em 2011, com previsão de término para o ano seguinte. Entretanto, a entrega do equipamento restaurado ocorreu três anos depois da previsão inicial. (Colaborou Alexia Vieira)