"Eles ficaram soltos, o único preso foi meu filho", diz mãe de bebê morto no Pici
Mãe diz que o pai estava com o bebê nos braços e tentou protegê-lo. "Ele gritava meu filho, meu filho. E ele (criminoso) atirou na criança porque ele quis", relata
14:02 | Ago. 30, 2022
A mãe do Abraão Lucca tem 21 anos de idade e estava vivendo pela primeira vez a maternidade. O menino havia completado nove meses quando foi vítima da violência entre facções criminosas no bairro Pici, em Fortaleza. A criança foi morta com tiro na cabeça nos braços do pai, que tentou protegê-lo.
Mais de uma semana após a tragédia — que ocorreu no dia 20 de agosto —, os familiares buscam respostas das autoridades. "Eles ficaram soltos (criminosos). O único que ficou preso foi meu filho e nós, que ficamos presos na saudade e na lembrança dele" destaca a mãe de Abraão.
A jovem, que tem a identidade preservada por questões de segurança, relata que não tem informações sobre o andamento das investigações, se já foram identificados os criminosos ou se haverá uma força-tarefa das forças da segurança para realizar a prisão dos autores do crime.
Ela anseia por notícias e destaca que os criminosos chegaram em uma moto, disfarçados de motociclistas de aplicativo. O pai do Abraão estava com ele na esquina, nos braços, no momento dos tiros. Segundo a mãe, ele teria pedido que os homens não atirassem.
"Ele gritava 'meu filho, meu filho'. E ele (criminoso) atirou na criança porque ele quis. Ele não teve compaixão. Foram mais de 10 tiros", relata a mulher.
Conforme a mãe, o caso foi relacionado à guerra de facções. No entanto, o filho, um bebê, não tem relações com a disputa entre organizações criminosas. "Meu primeiro filho. É difícil pra mim. Ainda
não consigo entrar em casa ou ficar muito tempo na casa", explica.
A mãe de Abraão Lucca destaca que todos os cidadãos sentiram, com tristeza, a morte do bebê e que o crime abalou os moradores do Pici, além de ter exposto a situação de insegurança nas comunidades. "Foi um bebê que foi tirado de nós com um tiro na cabeça a queima roupa. Só porque ele era um bebê de comunidade, que não tinha culpa de nada, apenas um bebê, que não tinha noção da vida", comenta.
A jovem pede Justiça e diz que essa situação não pode ficar impune. "Eu não vou calar minha boca. Ele não merecia pagar por essas facções. A sede é de Justiça", descreve. Segundo ela, o pai da
criança não ficou ferido, enquanto um amigo dele foi baleado no pé e Abraão Lucca foi atingido na cabeça.
Nessa sexta-feira, 26, completaram-se sete dias do falecimento de Abraão e no sábado, 27, os moradores do Pici realizaram um evento para pedir Justiça sobre o caso.
Através de nota, a Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) afirmou segue investigando as circunstâncias do homicídio.