Um ano antes de feminicídio ex-companheira, PM foi preso após ameaçá-la

No dia 15 de agosto de 2021, Cletemir foi preso por disparo em via pública após ameaçar a ex-companheira. Um ano depois estava solto e é apontado pela Polícia como o autor do feminicídio contra Franciene, morta no último dia 20 de agosto

Um ano antes do feminicídio que vitimou Franciene de Sousa Aires, no dia 15 de agosto de 2021, o principal suspeito do crime, o cabo da Polícia Militar Cletemir Moura de Araújo, foi preso em flagrante por disparo em via pública, em uma ocorrência na qual ameaçava a ex-companheira. Ela estava na casa dos pais, na rua Irapuã, na Barra do Ceará, em Fortaleza – mesmo local onde foi assassinada em agosto deste ano.  

Segundo a Polícia Civil do Ceará (PC-CE), na época, Franciene não registrou o caso. A Polícia Civil reiterou que a vítima do feminicídio vivia com o suspeito antes do assassinato e não havia solicitado medidas protetivas de urgência contra ele na época dos fatos.

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Na ocorrência, conforme publicação no Diário Oficial do Estado (DOE), o agente de segurança foi até a casa dos pais de Franciene, no dia 15 de agosto de 2021, no bairro Barra do Ceará, em Fortaleza, onde teria ameaçado a ex-companheira. Ele foi autuado em flagrante pelo artigo 15 do Estatuto do Desarmamento, que se refere ao disparo em via pública.

O agente teria atirado de folga usando a pistola calibre .40 que pertencia à Polícia Militar do Ceará (PM-CE). Apesar de o caso ter acontecido em 2021, a publicação do DOE da última terça-feira, 30, instaura o Conselho de Disciplina para apurar a conduta do agente de segurança em relação aos disparos em via pública. 

PM é suspeito de matar ex-companheira

Um ano depois da ocorrência dos disparos em via pública, em liberdade, o PM teria ido novamente à rua Irapuã, na Barra do Ceará, e, desta vez, cometido o feminicídio contra a ex-companheira.

Conforme outra portaria do DOE, da Controladoria Geral de Disciplina, o militar cometeu o crime de homicídio com emprego de arma de fogo na manhã do dia 20 de agosto de 2022, um sábado, por volta das 8h30min.

O inquérito foi realizado pela Delegacia de Defesa da Mulher e, conforme o documento, mostra indícios de materialidade e de autoria. O DOE publicou o afastamento preventivo do policial.

O POVO apurou que no dia do crime Cletemir não foi encontrado, mas, posteriormente, ele se apresentou em uma unidade da Polícia Civil, onde foi preso por feminicídio e encaminhado ao presídio militar.

O casal estava separado desde março deste ano e vivia em constante conflito. No dia 28 de março, o agente de segurança registrou um Boletim de Ocorrência (B.O) acusando a ex-companheira de ter se apropriado de um sofá, geladeira, botijão de gás, uma mesa, um armário de cozinha e uma pasta de documentos.

A situação teria acontecido depois que a mulher deixou a casa onde os dois moravam.

CGD publica portaria para priorizar procedimentos envolvendo violência doméstica 


Uma portaria foi publicada pela Controladoria Geral de Disciplina (CGD), no Diário Oficial do Estado dessa terça-feira, 30, para priorizar o atendimento e tramitação de procedimentos envolvendo vítimas de violência doméstica. A CGD possui, atualmente, 34 procedimentos disciplinares em andamento referentes à violência doméstica, todos em fase processual.

Conforme o documento, a portaria concede e garante a tramitação prioritária, e celeridade processual independe de deferimento pelo órgão administrativo e deverá ser imediatamente concedida. 

"Tramitando em prioridade, os autos receberão identificação própria que evidencie o regime de tramitação prioritária, permitindo o conhecimento por parte da Comissão/Sindicante/Encarregado da Investigação", informa. 

Conforme a portaria, os casos omissos serão analisados e decididos pelo Controlador Geral de Disciplina. 

 


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