Edifício Andrea: terreno permanece abandonado quase três anos após tragédia

Moradores e comerciantes da região apontam falta de segurança e descarte irregular de lixo. Construção de quartel do Corpo de Bombeiros aguarda contratação de empresa

18:14 | Ago. 22, 2022

Por: Marcela Tosi
TERRENO do antigo Edifício Andrea acumula lixo. (foto: Thaís Mesquita/ O POVO)

O futuro do terreno onde estava o Edifício Andrea, em Fortaleza, ainda aguarda pelo desenrolar dos trâmites burocráticos. O projeto dos governos estadual e municipal é construir um quartel do Corpo de Bombeiros, mas, quase três anos após o desabamento que deixou nove mortos, o cenário é de abandono. Conforme a Superintendência de Obras Públicas (SOP), a licitação foi concluída e a contratação da empresa "está em processo". 

Enquanto isso, os muros coloridos em homenagem às vítimas do desabamento estão desbotados, e o trecho em que estavam escritos os nomes das vítimas foi pintado de branco. Do lado de fora, calçadas danificadas ou mesmo ausentes. Do lado de dentro, mato alto e até algumas árvores, além de lixo. Assim está o terreno na esquina das ruas Tibúrcio Cavalcante e Tomás Acioli, no bairro Dionísio Torres.

A servidora pública Marlen Martins reside há 16 anos na travessa Hilnete, em frente a onde havia a entrada e saída de garagem do Edifício Andrea. Ela relata que o terreno baldio traz insegurança e descarte irregular de lixo. “Não tem calçada, ficou escuro. Eu mesma já fui assaltada aqui na porta de casa, porque fica deserto e sem iluminação. Está muito perigoso”, conta. “Tinha vida, agora é a presença da morte e do descaso total”, percebe.

 

Buscando evitar o acúmulo de resíduos, os vizinhos se reuniram para fazer uma espécie de jardim onde não há mais calçada. “Estamos plantando porque pelo menos segura a areia e impede que se coloque lixo. As pessoas estavam fazendo dali um lixão e isso traz rato, um monte de pombo, muriçoca, dengue… Aquela coisa horrorosa”, explica Marlen.

Para ela, a solução precisa acontecer de outras formas enquanto o prometido quartel de bombeiros não é construído. Os moradores reivindicam a pavimentação de calçadas, a limpeza do terreno e a melhora da iluminação nos arredores do terreno.

Daiana Moreira trabalha em um ateliê de costura na rua Tibúrcio Cavalcante e também percebe os impactos da falta de ações do poder público. “Com o condomínio, tinha um fluxo maior de pessoas. Agora acontecem muitos assaltos. Várias clientes e outros comerciantes já foram assaltados e a gente passou a contratar segurança”, afirma.

“Outra coisa é o lixo. Às vezes, quando a gente está chegando aqui, vê os bichos, rato, barata saindo dali”, , expõe a costureira. “Todo mundo que chega aqui faz a mesma pergunta: ‘o que é que foi feito do terreno?’.”

Conforme a Superintendência de Obras Públicas (SOP), o processo licitatório para definir a empresa responsável pela construção do Batalhão 15 de Outubro foi concluído. “Atualmente está em processo a contratação da empresa, para, em seguida, ser emitida a ordem de serviço e, assim, ser autorizado o início da obra”, atualiza.

À coluna do jornalista Eliomar de Lima, a superintendência detalhou que o Consórcio Ferraz Feitosa, vencedor da licitação, formalizou ao órgão o fato de não reunir condições para assumir a obra. Assim, cumprindo as diretrizes legais, a segunda colocada, RR Portela Construções, foi convocada para assinar contrato.

Com R$ 2.910.093,50 investidos, o prédio terá quatro pavimentos, incluindo subsolo. Haverá um memorial, com área externa e interna, em homenagem às vítimas do desabamento. O local contará ainda com jardins, bicicletário, academia, auditório, refeitório, garagem, quatro áreas de alojamento e sala para o Comando de Engenharia e Prevenção de Incêndio (Cepi).