Morte de feirante na José Avelino completa um 1 ano sem nenhum suspeito preso

Caso segue em investigação pela 4ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)

A morte do feirante Naison Abdenego de Sousa, de 31 anos, vítima de disparo de arma de fogo durante confronto de feirantes com a Guarda Municipal de Fortaleza (GMF), na rua José Avelino, no Centro, completa um ano nesta quinta-feira, 18.

O caso segue ainda em investigação pela 4ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), e, até o momento, nenhum suspeito pelo crime foi preso.

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O caso aconteceu na madrugada do dia 18 de agosto de 2021. Na época, segundo fontes ouvidas pelo O POVO, o confronto começou depois que agentes teriam tentado impedir o funcionamento da feira.

Os trabalhadores relataram, no período, que foram surpreendidos com tiros de borracha pela corporação municipal.

Naison foi atingido por um disparo e encaminhado ao Instituto José Frota (IJF), no Centro, mas veio a óbito horas depois.

Na época, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que o feirante morreu vítima de disparo de arma de fogo, e não de borracha. 

De acordo com o advogado da família da vítima, que preferiu que o próprio nome não fosse informado, foi constatado que as cápsulas eram de armamento calibre 12; os projetéis foram entregues à Polícia para auxiliar nas investigações.

“Indica que esse disparo foi realmente realizado por alguns dos guardas que estavam envolvidos”, argumenta o advogado da família da vítima.

Ainda segundo o representante, o Ministério Público do Ceará (MPCE) concedeu prazo maior para a conclusão da investigação após pedido da 4ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

O advogado diz que essa não foi a primeira solicitação feita pela unidade que investiga o caso ao órgão.

“Quando a delegacia responsável não conclui as investigações, eles requerem mais prazo ao Ministério Público, que é vinculado à ação penal, e o órgão vendo que não havia sido concluída a investigação, ele foi concedendo prazos, isso desde outubro do ano passado. Esses últimos 90 dias foram concedidos agora em julho. A promessa da delegacia é de conclusão do inquérito nesses 90 dias”, explicou o advogado.

O POVO procurou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e o Ministério Público do Ceará (MPCE) para saber mais detalhes sobre o andamento da investigação.

Em nota, a Secretaria informou que "diligências e oitivas estão em andamento visando à elucidação dos fatos. Mais detalhes serão repassados em momento oportuno para não comprometer o trabalho policial".

O MPCE, por intermédio da 166ª Promotoria de Justiça de Fortaleza, confirmou que a 4ª Delegacia de Homicídios solicitou prorrogação do prazo para a investigação, com base no parágrafo 3º, artigo 10, do Código de Processo Penal.

"Em junho de 2022, o Ministério Público analisou as provas até aqui produzidas, especificou algumas diligências que entende ainda serem necessárias e concedeu novo prazo de 120 dias, previsto para findar em outubro de 2022", completa o MPCE, em nota.

O POVO também questionou a Secretaria Municipal da Segurança Cidadã (Sesec) sobre o andamento da investigação interna da Guarda Municipal de Fortaleza e aguarda resposta. A matéria será atualizada quando a demanda for respondida.

Família pede celeridade nas investigações

Após um ano de investigação do caso, ainda não foi constatado quem foi o responsável pelo disparo. O advogado da família da vítima informou que o último contato com a delegada responsável pela investigação ocorreu no início de agosto.

“As investigações avançam para serem concluídas, mas sem se chegar a quem foi o responsável pelo disparo”, diz ele.

Conforme o representante, "o que se pode confirmar é que a responsabilidade do crime seria da Guarda Municipal de Fortaleza". No entanto, ele destaca que ainda não há informações de um único agente sendo responsabilizado pela conduta que resultou na morte do feirante.

A esposa de Naison, a feirante Cristina da Silva, 24, espera que tudo seja esclarecido o mais breve possível. 

“É uma vida que foi interrompida. Foi lamentável o que aconteceu, ele estava trabalhando e perdeu a vida. Até hoje, eu fico querendo entender, a gente sai para trabalhar e volta sem a pessoa. Eu espero muito justiça."

Ainda segundo Cristina, durante esse tempo, as investigações já eram para apontar algum responsável pelo crime. “Em um ano não ter ninguém responsabilizado, é muito devagar. É como se eles tivessem colocado para escanteio e esquecido porque em um ano eles não apresentarem ninguém. É preciso celeridade”, espera a esposa do feirante.

Naison deixou, além da esposa, uma filha de 6 anos de idade. Para Cristina, foi preciso se reerguer com a falta do marido.

Ela, que na época apenas auxiliava nas vendas do esposo na rua José Avelino, passou a assumir o ponto do casal desde dezembro do ano passado na feira em Fortaleza.

“Nós dois sempre íamos para feira, ele empurrava o carrinho, e eu auxiliava nas vendas. Quando ele faleceu, eu tive que arcar com tudo sozinha. Tive que lutar pelos meus objetivos e pelo que ele deixou. Tive que colocar para frente”, conta.

Atualmente, a feirante encontra-se em um novo ponto de vendas também na rua José Avelino. Cristina diz que, agora, o desejo é que "seja feita a justiça de Deus".

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