Traficantes mantinham vida luxuosa e fingiam ser empresários do setor elétrico

Imóveis de luxo de mais de R$ 5 milhões e carros com valores superiores a R$ 2 milhões foram sequestrados pela polícia

13:17 | Ago. 12, 2022

Por: Alexia Vieira
CASA em condomínio de luxo sequestrada pela polícia era residência de um dos alvos da operação (foto: Polícia Federal/Divulgação)

Carros, casas em condomínios luxuosos, relógios caros e até talheres de ouro. Alvos da segunda fase da operação Espelho Branco, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira, 12, ostentavam riqueza oriunda do tráfico de drogas enquanto se identificavam como empresários do setor elétrico. A PF investiga o esquema de lavagem de dinheiro que permitiu acobertar os recursos ilícitos dos suspeitos.

Das seis pessoas com mandado de prisão temporária em aberto, quatro foram presas. Um dos procurados está foragido em Portugal, de acordo com informações do delegado responsável pela operação, Alan Robson Alexandrino. Além disso, nove mandados de busca e apreensão são cumpridos também nesta sexta-feira.

Segundo a PF, foi determinado judicialmente o bloqueio de valores nas contas dos suspeitos, sequestro de imóveis de luxo em valores superiores a R$ 5 milhões e veículos em valores superiores a R$ 2 milhões.

Para conseguir lavar o dinheiro ilícito, os suspeitos contavam com um leque de contatos, negócios e pessoas que atuavam como laranjas. Na compra de um dos imóveis de luxo, localizado no bairro Sabiaguaba, em Fortaleza, foram utilizados cheques com o nome do motorista de um dos principais envolvidos, segundo o delegado.

“O importante agora é a análise dos fluxos financeiros, por onde esse dinheiro circulou, quem participou efetivamente, quem tinha a intenção de cometer as práticas ilícitas, e individualizar também quem estava sendo apenas usado, um laranja que não tinha o domínio da prática ali. A gente precisa detalhar a participação de cada um com a análise do fluxo financeiro, dados bancários, dados do material apreendido hoje”, afirmou o delegado em entrevista à Rádio O POVO/CBN.

Ostentação nas redes sociais

 

A Polícia Federal também deve investigar as mídias e material eletrônico dos suspeitos. Conforme o delegado Alexandrino, os investigados “faziam questão” de ostentar o estilo de vida luxuoso nas redes sociais. “Havia essa ostentação para as namoradas, para pessoas próximas. Havia uma demonstração de aparência. Mas por trás da ostentação, há o crime”, explica. Nas residências sequestradas, foram encontrados ainda documentos de identidade falsos.

Investigação começou em hotel de luxo

 

Um encontro em um hotel de luxo da Beira Mar entre dois procurados marcou o início da operação Espelho Branco. Um dos homens é o líder da facção criminosa alvo da operação desta sexta-feira. Ele já respondia por um crime em Porto Alegre, cometido em 2006, quando cavou um túnel na tentativa de furtar bancos, pela posse de nove fuzis e pelo tráfico de 882 kg de cocaína.

O segundo homem envolvido no encontro era Davi Salviano da Silva, conhecido como ‘Véi Davi’. Ele foi preso em outubro de 2021 por extorsão, associação criminosa e sequestro de um gerente e funcionário da Caixa Econômica Federal de Minas Gerais em março de 2003. Davi também já tinha sido condenado a 47 anos de prisão por participação no furto ao Banco Central de Fortaleza, em 2005.

“Os policiais certamente desconfiaram que esse encontro não era para fins lícitos. E a PF passou a investigar o grupo que hoje é alvo da operação Espelho Branco”, explica o delegado.