Banhista nada ao lado de tubarão-lixa na Praia do Náutico; veja os cuidados
Vídeo que circula nas redes sociais mostra a espécie no mar perto do banhista. Especialistas indicam os riscos e as orientações de como proceder diante da presença do animal na praiaUm banhista nadou ao lado de um tubarão-lixa na Praia do Náutico, em Fortaleza, na manhã dessa quinta-feira, 28. O momento foi registrado por curiosos que testemunharam a aparição do animal no local.
"Filmaram ele hoje de manhã aqui. Ele [o tubarão] estava passando, o bichinho. A maré está vazando, aí ele encostou aqui e só fez entrar e saiu", disse um homem que avistou o animal.
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Vicente Faria, professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que o animal tem como características predominantes a permanência no fundo do mar e ambiente com presença de pedras.
Quanto à alimentação, a principal fonte de nutrientes do tubarão-lixa vem dos crustáceos, que ficam no assoalho do oceano.
“A boca dos tubarões-lixa são adaptadas ao tipo de alimentação, que vem sendo moldada ao longo da evolução da espécie. Então, eles não têm aqueles dentes cortantes que imaginamos quando pensamos em um tubarão. Seus dentes são menores, o que facilita o mantimento da dieta, que envolve caranguejos, camarões e lagostas”, explica.
Veja o vídeo abaixo:
Quais riscos do tubarão-lixa para banhistas?
Por causa das características do formato da boca do tubarão-lixa, a mordida não é impedida, porém não é de grande proporção quando comparada a outros tipos de tubarão. O engenheiro de pesca e analista ambiental, Eloim Ghibor, pontua que existem registros de interações negativas entre a espécie e os seres humanos. No entanto, ressalta-se que “são os tubarões-lixa que acabam sofrendo mais com esse contato do que as próprias pessoas”.
Conforme o especialista, isso se dá devido ao fato de a “espécie ser bastante capturada, principalmente pelo mercado das barbatanas”. Mesmo tratando-se de um comércio ilegal, um relatório publicado pela ONG WWF em 2021 aponta que o Brasil foi o maior importador de carne de tubarão em volume, tendo recebido 149.484 toneladas entre 2009 e 2019.
No entanto, a exemplo do vídeo da aparição na Praia do Náutico em Fortaleza, Eloim declara que, no registro, “não houve nenhuma manifestação de perigo no comportamento do animal, mas esta não é a primeira vez que um tubarão-lixa foi avistado próximo aos espigões”.
Inclusive, ele afirma ser uma espécie bem comum de ser encontrada em praias com esses equipamentos, já tendo sido capturada em áreas que vão da Barra do Ceará ao Titanzinho.
Ainda quanto aos riscos, o professor Vicente Faria, do Labomar, tranquiliza os frequentadores das praias, pois essa “é uma espécie que é sempre muito comemorada por mergulhadores que podem ter a sorte de vê-la em algum ambiente natural ou de naufrágio”. (Colaborou Euziane Bastos)
Orientações aos banhistas
O engenheiro de pesca Eloim Ghibor indica que os banhistas devem evitar o contato direto com o animal, para que ele não se sinta ameaçado. Além disso, é fundamental respeitar o habitat natural dele — as praias, manguezais e o oceano — recolhendo dejetos e denunciando a pesca ilegal ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Serviço
A Linha Verde é uma atividade da Ouvidoria do Ibama, disponibilizada para todo o Brasil, em que o cidadão poderá relatar ações pela Central de Atendimento: 0800 61 8080 (ligação gratuita).
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