Usuários do Bicicletar relatam problemas nas bicicletas e estações do sistema
Bicicletas com pneus furados, sistemas de marchas danificados, além de defeitos nos freios, foram alguns dos problemas encontrados pela reportagem nas estações do BicicletarA comodidade de utilizar o sistema de bicicletas compartilhadas na cidade de Fortaleza tem dado espaço à insatisfação no momento de escolha das bikes. Isso porque problemas que interferem no bom funcionamento das bicicletas estão cada vez mais comuns. Procurada pelo O POVO, a Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (SCSP) afirmou que o sistema vai passar por melhorias e que veículos serão recuperados até o inicio de agosto.
Na manhã da última quarta-feira, 27, a reportagem circulou por bairros como Montese, Parangaba, Amadeu Furtado, Pici, Presidente Kennedy, Álvaro Weyne e Cristo Redentor e encontrou diversos problemas no serviço oferecido pelo Bicicletar.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Bancos desgastados, sistemas de marchas danificados, problemas nos freios, pneus furados, correntes soltas e até uma bicicleta sem pedal foram encontrados pela reportagem. De acordo com Romã Salviano, 26, que utiliza o sistema há alguns anos, existem pontos que devem ser melhorados.
"Deveria haver uma verificação do estado das bicicletas que estão disponíveis. É muito chato quando você se desloca até a estação e encontra todas as bicicletas com algum problema", reclama a jovem.
O problema relatado por Romã foi encontrado pelo O POVO na estação 154, localizada na avenida Humberto Monte, no bairro Amadeu Furtado. O aplicativo sinalizava que duas bicicletas estavam disponíveis no local. Entretanto, ao chegar na estação, a reportagem constatou que uma das bikes estava com pneu furado e outra estava com a corrente danificada.
Outra situação relatada por Romã foi encontrada na estação 43, Campus do Pici - UFC. De acordo com o aplicativo, a estação estava sem bikes disponíveis, mas no local havia bicicletas. "Acontece muito esse 'bug'. Mostra que não tem bicicleta disponível, mas quando você chega lá, encontra algumas que poderiam ser utilizadas".
Já Yuri Pezeta, 36, relata que viu o Bicicletar surgir com bastante empolgação. Ele descreve que o equipamento funcionava "muito bem" quando foi criado, mas que foi perdendo a sua eficiência durante os últimos anos. "Hoje, vejo que o serviço se espalhou pela cidade, mas a manutenção não está boa. É decepcionante, muitas vezes a bicicleta ou a própria estação apresentam algum problema", destaca.
Para Pezeta, o atual estado das bicicletas expõe o ciclista ao risco de acidentes. Ele avalia que o maior prejudicado sempre será o usuário. Antes de pedalar, Yuri adotou a prática de verificar o estado da bicicleta, para que não venha a ter problemas durante o uso. "Eu verifico o pneu, rodo o pedal, vejo se os freios estão bons e verifico o banco", relata.
Das 12 estações visitadas pela reportagem (nos bairros já citados), apenas duas apresentavam 100% de suas bicicletas em bom estado de conservação. No bairro Presidente Kennedy, as duas bicicletas disponíveis na estação 105 apresentavam boas condições de uso. Já no bairro Álvaro Weyne, o ponto de bicicletas estava com apenas uma unidade disponível. Apesar de solitária, a bike apresentava boas condições de uso.
O bairro Amadeu Furtado, dos locais visitados na manhã da última quarta-feira, 27, foi o que possuía os equipamentos em pior estado de conservação. Além do caso já relatado da estação 154, a estação 156, localizada também na avenida Humberto Monte, oferecia três bicicletas aos usuários e todas apresentavam defeitos. Os problemas encontrados na estação foram de bicicletas sem pedal, sem freio, com banco danificado e com o pneu furado.
Para Marcos Ribeiro, 38, que utiliza a bicicleta para exercer a sua função de pintor, as bicicletas possuem boa qualidade, mas precisam passar por uma manutenção de forma mais frequente. "As vezes pego umas bicicletas bem ruins. É preciso lembrar que a gente paga pelo serviço. Muita gente reclama, mas no estado que tá, vale mais a pena guardar o dinheiro para comprar um nova", afirma.
O Bicicletar conta com três tipos de assinatura: diário (R$ 5), mensal (R$ 20) e anual (R$ 80). O usuário precisa respeitar o período máximo de 60 minutos para cada viagem de segunda a sexta-feira e 90 minutos aos domingos e feriados. Para que não seja cobrada taxa extra de R$ 5, o usuário precisa fazer intervalos de 15 minutos para novas retiradas. A viagem é gratuita para quem tem o passe associado ao Bilhete Único.
Sistema deve passar por melhorias
O POVO entrou em contato com a Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (SCSP) para indagar a respeito dos problemas citados na reportagem. Em entrevista realizada por ligação telefônica, Ferruccio Feitosa, titular da pasta, classificou como "normal" os defeitos apresentados, pois o uso do sistema aumentou de forma recorde só no primeiro semestre deste ano.
Conforme o secretário, foram mais de 635 mil viagens realizadas só entre janeiro e junho, o maior número já registrado desde a implantação do sistema na Capital. Feitosa também pontuou que algumas pessoas fazem "mal uso das bicicletas", facilitando o desgaste delas. Ferruccio reforça que "até mesmo uma bicicleta que é de uso individual apresenta defeitos". E destaca: "Fazer a manutenção diária em 1.220 bicicletas é algo extremamente trabalhoso e complexo".
No entanto, o secretário afirmou que a SCSP solicitou à Serttel, empresa contratada para operar o sistema e realizar a manutenção dos equipamentos, a reposição de bicicletas e a compra de materiais para "agilizar o máximo possível a recuperação" dos veículos. Conforme representante, até o inicio de agosto vai haver a reposição tanto das peças como das bicicletas.
Além disso, o representante anunciou que 300 bicicletas devem ser colocadas no sistema até o inicio do próximo ano. Serão, a partir de setembro, 60 veículos repostos por mês. Também deve haver a importação de 100 pneus feitos por um material mais resistente, que não fura.
"A gente tem recebido constantemente elogios por parte de organismos que têm acompanhado essas ações que a gente tem desenvolvido no estado do Ceará. Isso mostra o compromisso da gestão por esse modal de transporte", pontuou o secretario. Ferruccio afirma ainda que eventuais "bugs" no sistema já foram resolvidos e que problemas devem ser reportados pelo número 156. (Colaborou Gabriela Almeida)
Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente