PM envolvido em intervenção que terminou com adolescente morto é afastado

Família reclama de ineficácia do poder público diante da morte do adolescente. Secretaria de Proteção Social afirma que Centro de Referência deve acompanhar os parentes de Paulo Victor

19:19 | Jul. 27, 2022

Por: Jéssika Sisnando
Jovem de 16 anos morreu durante intervenção policial (foto: reprodução/arquivo pessoal )

O policial militar envolvido na ocorrência que vitimou o adolescente Paulo Victor Silva de Oliveira, de 16 anos, foi afastado das atividades operacionais de rua até a conclusão do Inquérito Policial Militar, que apura o caso. As informações são da Polícia Militar do Ceará (PM-CE). No domingo, 24, o adolescente estava na esquina da rua Tancredo Neves, bairro Mondubim, em Fortaleza, quando foi baleado durante uma intervenção policial. O jovem não sobreviveu aos ferimentos. 

Em entrevista ao O POVO, os familiares do rapaz afirmaram que o grupo de assustou com a chegada da Polícia, pois há 15 dias, houve uma ocorrência em que um agente de segurança agrediu um adolescente. Então, assustados com a situação anterior, os colegas correram. Paulo Victor colocou as mãos para cima, mas foi lesionado. Os parentes afirmam que ele não estava armado e que não tinha envolvimento com crimes. A família diz que só foi ouvido no local um único tiro, que não houve tiroteio. Na nota da Polícia Militar, há a informação de uma arma com seis munições deflagradas apreendidas. E há o relato de que os policiais foram ao local atender uma denúncia de tráfico de drogas. 

Conforme um parente de nome preservado, o rapaz soltou pipa no sábado e no domingo, 24, saiu de casa para comprar uma pasta de dente, mas no caminho encontrou os amigos, comeu açaí e conversava na esquina, no momento da abordagem policial. Houve correria quando o tiro foi disparado. Ao perceberem que o jovem havia sido ferido a bala, os moradores interferiram para que os policiais não fizessem a condução de Paulo para o hospital, pois temiam que ele fosse baleado novamente. Usando da força, conforme a família, os PMs levaram o rapaz na viatura até a Unidade de Pronto Atendimento do bairro Conjunto Prefeito José Walter, em Fortaleza.

Em um vídeo de circuito de segurança, os PMs aparecem chegando em uma viatura e outros policiais entram pela rua, realizando um cerco. Paulo Victor aparece com as mãos para cima e em seguida cai no chão, ferido. Pessoas se aproximam desesperadas quando percebem que o rapaz foi atingido. Os PMs permanecem no local. 

Familiares de Paulo Victor apontam inércia e falta de apoio do poder público. Eles afirmam que, desde a morte do rapaz, não receberam orientações ou qualquer tipo de visita de autoridades que pudessem dar respostas sobre o andamento do caso. Pelo contrário, os parentes destacam que sofrem constrangimento desde o ocorrido.

Paulo Victor era o irmão mais velho, entre outros dois, de oito e de seis anos. Ele chegou a viajar à São Paulo no intuito de fazer testes e realizar um sonho, que era ser jogador de futebol. Agora, a família lamenta e pede por Justiça. Eles afirmam que, após caso, temem represálias.

Por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que a Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) possui o Centro de Referência e Apoio às Vítimas de Violência, que é destinado a dar suporte a vítimas ou familiares de vítimas de crimes violentos. "O CRAVV está iniciando contato com a família, para oferecer o suporte jurídico e psicossocial e auxiliar nos encaminhamentos necessários à rede de assistência social", informou.