Festival das Pipas: Público se reúne para brincar em praça do Conjunto Ceará

Evento comunitário teve início no dia 2 de julho e segue até o dia 31, quando um campeonato ocorre no local

As férias de julho marcam a temporada das pipas para crianças e adultos que aproveitam os finais de semana para fazer o brinquedo alçar voo na Praça do UV1, no Conjunto Ceará, em Fortaleza. Com início no primeiro sábado do mês, o Festival das Pipas se estende até a tarde do dia 31, quando as crianças têm desembarque marcado para a volta às aulas.

O evento foi organizado a partir da ideia do tatuador e pipeiro credenciado José Paixão, de 39 anos, cuja relação com as pipas vem desde menino. Ele já chegou até mesmo a participar de campeonatos em outros municípios do Ceará.

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Segundo ele, o festival teve início com a divulgação da venda das raias na praça, disseminada tanto no boca a boca quanto nas redes sociais. Com o sucesso do primeiro final de semana, para o qual mais de 200 pessoas marcaram presença, o projeto perdurou e continua atraindo o público de diversas faixas etárias.

“Para mim, é gratificante ver tanta gente reunida e feliz brincando junto. A praça, que antes estava abandonada, agora tem barraquinha com venda de comida e a criançada pode viver a infância brincando e se respeitando”, afirma o idealizador.

Apesar da diversão, o pipeiro José Paixão entende os riscos da linha chilena, produzida com cerol — mistura de cola de madeira com vidro moído que é passado nas linhas das raias com a intenção de cortar as de outros empinadores —, e faz a vistoria para evitar que as pessoas se machuquem durante a brincadeira.

Entre os principais riscos do cerol, estão os ferimentos causados quando a substância entra em contato com a pele. Por envolver o uso de vidro, o cerol apresenta perigo para motociclistas e ciclistas de passagem pela área em que as pipas estão sendo empinadas.

No entanto, tendo em vista que o espaço de lazer é aberto e amplo, torna-se seguro para os moradores brincarem, especialmente para os amigos Walysson Duarte e Walisson Sousa, de 12 e 18 anos, respectivamente, que vêm de outro bairro para poder participar, já que o antigo lugar que eles brincavam se tornou perigoso para os festivais acontecerem.

“Antes, a gente soltava pipa perto de casa, mas teve confusão por lá e acabou a graça, não tinha mais como se reunir porque tinha medo de ‘rolar’ tiroteio”, disse o mais velho. “Aqui é legal, eu gosto. O pessoal costuma chegar lá para as 16 horas e fica muito animado, é bom ter onde brincar agora nas férias”, completou o menor.

Durante a pandemia da Covid-19, crianças como eles e como Caio Levi, de 10 anos, passaram muito tempo dentro de casa devido ao isolamento social, o que tornou os aparelhos celulares os grandes protagonistas do período.

“Na pandemia não tinha como brincar fora de casa, aí eu passava o dia com o celular. Mas agora que tem as pipas, eu e os meninos passamos a semana esperando o sábado e o domingo chegar”, contou Caio.

A vendedora Giulia Nunes vê a praça como um local que tem tudo para ser um ambiente alegre e familiar, mas que permanece abandonado por falta de atenção dos órgãos públicos competentes.

“Vendemos dindin e salada de frutas, mais tarde chega gente vendendo mais coisas e podia ter muito mais, já que aqui devia ser uma areninha. Mas é sempre assim, as crianças brincam agora nas férias e depois volta ao abandono. Se fica perigoso até para a gente que é adulto e mora aqui perto, imagina para elas”, declarou Giulia.

Josué Alves, de 32 anos, visitou neste domingo pela primeira vez o festival e pontua que "caso fosse feita uma reforma na praça, ela sempre seria atração para visitantes e um espaço grande, limpo, iluminado e bonito para que todos pudessem usufruir do lazer".

No dia 31, os participantes se reúnem na praça para o encerramento do festival. Na ocasião, deve ocorrer o corte das linhas, permitindo que as pipas voem livremente pelo céu.

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