Ponte dos Ingleses: rescisão contratual atrasa segunda etapa da reforma
Etapa complementar das obras é de responsabilidade do Governo do Estado, e o atraso deve ser de pelo menos três meses. Projeto é financiado de forma conjunta com a Prefeitura de Fortaleza
21:12 | Jul. 12, 2022
A Superintendência de Obras Públicas do Ceará (SOP) anunciou que irá romper o contrato com a construtora responsável pela execução da segunda etapa da obra de requalificação da Ponte dos Ingleses, na Praia de Iracema, em Fortaleza. Segundo a pasta, a rescisão ocorre em razão do descumprimento de cláusulas contratuais pela empresa Abtec Engenharia LTDA, vencedora da licitação realizada em outubro do ano passado. A quebra do acordo, conforme a SOP, está em fase final de tramitação e deve ser concluída nos próximos dias.
Uma nova licitação será lançada para a contratação de outra empresa após a formalização do rompimento contratual. Com isso, haverá um atraso de pelo menos três meses para o início das obras, uma vez que esse é o tempo mínimo para o cumprimento de todas as fases de um procedimento licitatório, segundo informou a SOP. Pelo cronograma do projeto, as intervenções deveriam ter sido iniciadas no mês passado, após a finalização da primeira etapa, realizada pela Prefeitura de Fortaleza.
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Na fase inicial, foram recuperados todos os pilares e vigas que dão sustentação à ponte. A estrutura recebeu serviços de concretagem, restauro e manutenção preventiva. As intervenções visam evitar que os eixos de armação da ponte sejam novamente afetados pela ação da maresia e corrosão. As obras iniciaram em janeiro de 2021 e foram concluídas com nove meses de atraso.
A previsão inicial era de que a etapa estivesse pronta ainda em julho do ano passado. Um mês após o começo da obra, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf) já havia indicado a possibilidade de atraso no cronograma devido à instabilidade da maré, especialmente durante o período chuvoso.
Com a conclusão do reparo estrutural, resta agora as obras de urbanização e requalificação da ponte e do todo o entorno dela. O projeto prevê a implementação de um novo guarda-corpo, quiosques e substituição do piso.
A obra está sob a responsabilidade da SOP e da Secretaria de Turismo do Estado. O prazo de execução é de doze meses. As duas etapas estão orçadas em cerca de R$ 5 milhões, com financiamento conjunto da Prefeitura e Governo do Estado.
O POVO perguntou à SOP se já foi elaborado um novo cronograma para a segunda etapa da obra, diante da rescisão contratual com a construtora vencedora da licitação. Em resposta, a pasta afirmou que é "praticamente impossível" estimar prazos neste momento pois ainda encontra-se em andamento o processo de revogação do acordo anteriormente firmado.
"Toda a contagem relativa à estimativa de tempo depende de levantamentos técnicos que serão realizados durante o novo processo de licitação", informou a assessoria de imprensa da Superintendência.
A reportagem também tentou contato com a Abtec Engenharia, para saber a versão da empresa sobre o rompimento contratual, mas não teve as ligações atendidas ou retornadas até o fechamento desta matéria. O texto será atualizado tão logo a demanda seja respondida.
Turismo e patrimônio
Inaugurada em 1921, a Ponte dos Ingleses, também chamada de Ponte Metálica, é um dos principais símbolos turísticos de Fortaleza. O local está fechado para visitação desde 2018, quando a Prefeitura e o Governo do Estado anunciaram a intenção de recuperar e requalificar o equipamento.
A última reforma havia sido realizada em 2012, mas as intervenções não foram suficientes para conter os efeitos da maresia por muito tempo. Conforme o projeto de reforma, a nova estrutura terá mais durabilidade e segurança. Além disso, a ponte vai ganhar um moderno sistema de luminotecnia para que possa ser vista de longe durante a noite.
Pela importância histórica, a ponte integra o patrimônio cultural imaterial de Fortaleza desde a década de 1980. No último dia 4 de julho, o equipamento também teve o processo de tombamento federal iniciado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O trâmite pode durar até cinco anos.
Para que haja o reconhecimento oficial, é necessária a aprovação do Conselho Nacional do Patrimônio ao fim da etapa de avaliação dos documentos. A pesquisa arquivística será conduzida pela Diretoria de Material e Patrimônio (Depam) do Iphan. (Colaborou Gabriel Borges)
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