Peixes mortos no rio Cocó: quais as possíveis causas?

Sem uma análise prévia dos órgãos responsáveis pela segurança ambiental da área, bióloga avalia o que pode ter causado o incidente

Uma grande quantidade de peixes mortos foi encontrada na manhã desta sexta-feira, 17, no bairro Jangurussu, em Fortaleza, próximo à avenida Perimetral. As causas são averiguadas pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema), juntamente com a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace). Uma das posssíveis causas apontada por especialistas é o acúmulo de matéria orgânica, mas ainda é necessário aguardar as análises iniciais.

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Para a bióloga e professora doutora Patrícia Charvet, colaboradora do Programa de Pós-graduação em Sistemática, Uso e Conservação da Biodiversidade da Universidade Federal do Ceará (PPGSis/UFC), o momento ainda é de coleta de materiais, tanto da água, quanto dos animais.

"Geralmente, esse tipo de mortandade ocorre quando, por algum motivo, temos uma grande quantidade de matéria orgânica na água, temos um aumento muito rápido e significativo de algas, elas demandam o oxigênio que deveria estar disponível para os peixes", avalia.

Patrícia explica que a baixa oxigenação da água é prejudicial aos peixes, que fazem as trocas gasosas pelas brânquias para respirar submersos. O acúmulo de matéria orgânica pode acontecer  de diversas formas, uma delas é o aporte vindo de esgotos, que acabam tornando o ambiente propício ao desenvolvimento de algas.

Em 2019, O POVO mostrou que moradores do bairro Castelão afirmavam que a morte de peixes em grandes quantidades era um fato comum após o término da quadra chuvosa.

A bióloga acredita que é imporvável alguma ligação entre o fim do período chuvoso de 2022 e os peixes mortos no Jangurussu. "As chuvas também trazem oxigenação para a água. No fim da época de chuva, pode haver uma diminuição do nível da água e um aumento da disputa por oxigênio. Acredito que a simples diminuição da chuva não seria uma explicação completa, acho que existe algo a mais."

O mau cheiro e a quantidade de animais mortos impressiona quem passa pelo local. O pedreiro José Francisco Ramos, 56, trafegava pela avenida na manhã desta sexta-feira, 17, e não lembra de presenciar um caso assim antes. Ele conta que viu os peixes mortos num trecho do rio próximo ao estádio Castelão: "Como eu ia passar por aqui, decidi parar para ver também".

Ainda de acordo com a bióloga Patrícia Charvet, não é possível acusar agricultores e empresas de forma prévia, mas é necessária uma investigação para apurar se houve derramamento de produtos tóxicos.

"Os peixes devem ser retirados brevemente, com peneiras e redes, aquilo ali é material em decomposição. Essa decomposição pode acarretar em mortes de peixes mais resistentes, que não tenham sido afetados inicialmente", acrescenta.

A Semace informou que "deverá se posicionar tão logo seja realizada a coleta e a finalização das análises laboratoriais do material coletado". Já a Sema, avalia que existem vários fatores que podem causar uma mortandade, e alguns deles estão relacionados à poluição e/ou a eventos naturais. O caso é investigado pela pasta.

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