Nova sede da Cufa é inaugurada em Fortaleza com foco na formação de lideranças

Localizada no Barroso, a cerca de um quilômetro da Arena Castelão, a nova sede da Central Única das Favelas no Ceará (Cufa-CE) foi inaugurada na manhã desta sexta-feira, 3, em Fortaleza. O processo de reestruturação do local durou cerca de sete meses, e o equipamento deve ser usado pelos moradores de comunidades para crescimento profissional e pessoal. 

Serão oferecidas atividades para formação de liderança em áreas de gestão financeira e negócios, políticas públicas, construção e desenvolvimento de negócios a partir da economia na favela, atividades na área de financiamento e aceleramento de negócios. O novo prédio possui 126 m² e conta com salas de reuniões, espaços que podem ser utilizados como salas de oficina, além de uma laje com ampla vista da região.

O evento de inauguração contou com a presença do presidente da Cufa Nacional, Preto Zezé, e do fundador da organização, Celso Athayde, que destacaram a importância dos projetos estarem cravando suas raízes em mais um ponto do Brasil.

"Ficamos dois anos atuando nas ações emergenciais e agora retomamos com essa base. Sabemos que temos que nos cuidar, trabalhamos na perspectiva de que isso seja um espaço de parceiros e de pessoas que cheguem com as suas demandas", explica Zezé.

O equipamento terá funcionamento em horário comercial, das 8 às 17 horas, com uma agenda individual para cada uma das oficinas que serão ofertadas no futuro. O presidente da Cufa destaca que os trabalhos servirão como um elo entre a necessidade das pessoas e as oportunidades que elas precisam. "Um comerciante que queira organizar seu plano de negócio ou fazer uma nova fachada do seu comércio, o artista que quer ser acelerado ou o líder comunitário que queira estudar gestão para gerir a sua organização, este é o espaço."

O objetivo da Cufa é que as ações realizadas na nova sede consigam romper as fronteiras do bairro. O local estará aberto para articular projetos com moradores de todos os bairros. "Queremos tirar a favela do lugar trágico e colocá-la no local de potência. Aqui vamos ter jovens de toda a cidade, seja para se inserir na política, ou trabalhar nas políticas públicas, ou até fazer gestão dentro da favela", projeta Zezé.

A inauguração contou com uma homenagem a Celso Athayde. O fundador da Cufa foi surpreendido com um grande mural que passa a estampar seu rosto em uma das paredes externas do prédio. Além da obra de arte, a travessa lateral do novo equipamento passa a levar o nome de Athayde.

Para Celso, a inauguração do prédio é muito importante, entretanto, ele destaca que ainda é muito pouco diante da necessidade social. "Penso que ainda é pouco, mas não estamos aqui para substituir o Estado. É ele que recebe os impostos e precisa responder às demandas desses lugares, prédios como esse são um ponto de luz."

Sobre a situação econômica e social do Brasil, Athayde afirma que os dois anos de pandemia foram bastante prejudiciais para a sociedade e agravaram problemas que já existiam, como a evasão escolar e a fome. "Em alguns lugares, o ecossistema da favela foi destruído, ela não é um lugar diferente da sociedade, ela é parte disso. A fome perdura, se mantém e se consolida. Os mais impactados são aqueles que estão na base da pirâmide", afirma.

Os projetos voltados à formação de novas lideranças visam, justamente, mudar esse cenário a longo prazo. O objetivo é que novos líderes possam dar mais voz aos anseios da favela.

O evento também contou com a presença do prefeito em exercício, Elcio Batista, que substitui José Sarto (PDT) durante esta semana. No local, o gestor destacou a importância do desenvolvimento de projetos realizados pela Cufa. "Se não formarmos lideranças nesses lugares, a gente não consegue transformar. Temos que ter lideranças aqui no Barroso e em outros bairros de Fortaleza. São elas que são fundamentais para a mudança", destacou Elcio em seu discurso.