Familiares marcham por justiça a Fernando Pinto, assassinado por militar reformado

Fernando Carlos Pinto foi morto em novembro de 2020 por ex-sogro do filho. Acusado vai a júri popular no dia 6 de junho

20:13 | Mai. 28, 2022

Por: Catalina Leite
FORTALEZA, CE, BRASIL,28-05-2022: Manifestação por justiça de Fernando Pinto na Praia de Iracema (Foto: Samuel Setubal/Especial para O POVO) (foto: Samuel Setubal)

Apesar da garoa fina e o céu fechado, cerca de 200 pessoas reuniram-se na Praia de Iracema para marchar, pedindo por justiça ao assassinato do ex-bancário Fernando Carlos Pinto, neste sábado, 28 de maio. O crime ocorreu em novembro de 2020, em um condomínio no bairro José Bonifácio, em Fortaleza.

Fernando foi morto pelo capitão reformado da Aeronáutica Luís Eduardo Ferreira de Melo, 68, que vai a júri popular no dia 6 de junho de 2022. Além de ser acusado pela morte do ex-bancário, o militar também será julgado pela tentativa de homicídio à esposa e ao filho de Fernando ― ex-genro do acusado.

Durante a marcha, que foi da Estátua de Iracema Guardiã até a Praia de Iracema pelo calçadão, familiares e amigos de Fernando Carlos cantavam músicas pedindo por paz e justiça. Também distribuíram panfletos para os transeuntes, informando-os sobre o caso. “A gente não quer nada além da justiça. Nada mais, mas também nada menos. A ideia é que a punição, sim, seja do tamanho da barbárie que ele cometeu”, afirma Fernando Antônio Pinto, 57, um dos irmãos da vítima.

Uma das amigas da família, a advogada Vanusa Sampaio, 52, estava ajudando na panfletagem. Segundo ela, as pessoas que passeavam no calçadão durante a manifestação demonstravam curiosidade. Poucos recordam do caso, que completará dois anos em 2022, mas a maioria ficou chocada pelos relatos.

A própria reportagem do O POVO foi parada duas vezes por interessados em compreender a situação. “Para você ver como a vida é nada, hoje em dia…”, lamentou uma das transeuntes, que até cogitou acompanhar a marcha. Já um comerciante guardou o panfleto com cuidado no bolso para ler sobre o assunto no fim do expediente.

 

Neto de vítima segue alienado da família paterna

O crime ocorreu no dia 22 de novembro de 2020, quando Luís Eduardo Ferreira de Melo assassinou a tiros o ex-sogro de sua filha, Fernando Carlos, e ainda disparou contra a esposa dele e o ex-genro, que é filho do casal. O fato ocorreu no condomínio residencial onde morava o capitão, no bairro José Bonifácio, durante uma visita que as vítimas faziam ao neto de dois anos, fruto de uma relação entre a filha do militar e o filho do bancário.

O irmão da vítima relembra que, ao descobrir a gravidez, o militar exigiu que o filho de Fernando Carlos se casasse com a filha. O rapaz se negou a casar, mas assumiu a paternidade e se responsabilizou por todo o pré-natal da mulher. No entanto, quando a criança nasceu, a família paterna precisou entrar na justiça para ter o direito de visitar o neto. A justiça permitiu a visitação aos domingos, e em um desses encontros o crime ocorreu.

Desde então, a criança foi alienada da família paterna. “A gente lamenta profundamente que o outro lado esteja ceifando da criança a convivência com a nossa família. Ao mesmo tempo, a gente compreende que é um momento delicadíssimo, porque a forma brutal como eles trataram essa relação também nos deixa numa dificuldade imensa de continuar trabalhando [essa relação]. A gente teme pela segurança da nossa família”, afirma Antônio.

O capitão reformado foi preso em flagrante minutos após o crime, levado para o 34º Distrito Policial, no Centro. Dois dias depois foi transferido para a Base Aérea de Fortaleza, após ter o flagrante convertido em prisão preventiva pelo Poder Judiciário. A decisão foi da 17ª Vara Criminal de Audiências de Custódia, após solicitação do Ministério Público do Ceará (MPCE). Desde então, o réu aguarda o julgamento em regime fechado.