Bases de stand up, caiaque e canoagem na Praia do Náutico são realocadas em Fortaleza

Os espaços de apoio dos esportes náuticos, entre stand up, caiaque e canoagem, na Praia do Náutico, em Fortaleza, estão sendo realocados pela Prefeitura desde a última terça-feira, 24. A Secretaria da Regional II diz usar estudo marítimo preliminar do local feito pelo Instituto de Ciências do Mar (Labomar) e a Associação de Stand Up Paddle do Ceará (Asupce), com colaboração da Capitania dos Portos. A ideia seria prevenir acidentes com banhistas nessa região que era destinada às modalidades. Trabalhadores dos espaços temem ficar desamparados em detrimento da falta de espaço adequado para a prática esportiva.

De acordo com a diretora do Labomar, professora Ozélia Menezes, o projeto encontra-se ainda em fase de pré-planejamento (a primeira de cinco etapas). A diretora do instituto explica que as sugestões para o local foram direcionadas apenas para a área marítima, e não terrestre. O Labomar ainda ressaltou que as medidas devem ocorrer após uma consulta pública da região, além de coleta de dados, que estão previstas nas demais fases do estudo. 

“Nesse pré-planejamento foram realizados mapeamentos georreferenciados de espaços para os mais diversos esportes, como kite surf, wind surf, natação, vela, uso balnear. E as sugestões de localizações de estruturas físicas de apoio aos esportes náuticos: rampa, píer, acesso ao mar pelos espigões e santuário marinho”, explicou a diretora do Labomar. 

O secretário da Regional II, Rennys Frota, explicou que as medidas iniciadas na última terça seguem orientação do estudo dos órgãos. “Foi apresentado à Prefeitura um disciplinamento tomando por base alguns eventos que aconteceram de acidentes com pessoas nadando, e que os barcos acabaram causando abalroamento dentro do mar. Aquela área é para uso em praia pugnando para segurança dos banhistas.”

Rennys informou que os trabalhadores dos espaços foram notificados há um mês sobre a mudança. Após o informe, os profissionais ficaram sujeitos a escolher novos pontos, ainda na orla da Beira Mar, para dar continuidade às atividades náuticas promovidas nos espaços. “Há outras áreas destinadas a esportes náuticos. Com base nisso, estamos reordenando os dois espaços que tinham lá. Foi um para uma área do aterrão (Aterro da Praia de Iracema) e outro na altura do quiosque da central do Turista”, disse.

Realocação preocupa profissionais

O instrutor de stand up Nilton Martins da Silva Filho, conhecido popularmente como Tito e que teve um dos espaços realocados, diz que a mudança pode ser prejudicial, principalmente devido à diferença da zona costeira dos novos pontos, que não são destinados à prática de alguns esportes, como o stand up. “A nossa atividade é muito complicada para ser realizada em outros lugares. Todas as áreas possíveis para a prática do stand up, desde a entrada no mar e a permanência, já são ocupadas por outras bases. Nós não temos nenhum ponto ocioso na Beira Mar. As opções que eles [Prefeitura] nos forneceram foram opções que não davam para a gente atender com segurança os praticantes, que são entre o Espigão do Náutico até o Mucuripe, ou no Aterro da Praia de Iracema.”

Ele ressalta que a Praia do Náutico é a melhor área para a prática do esporte de stand up para quem não tem experiência. “Aqui era um dos melhores pontos da área, é bom para a galera remar. Agora eles querem que a gente arrume um lugar para ficar, mas não tem. Todo lugar propício para remar, em direção ao Mucuripe, já tem uma base naútica. Não há pontos ociosos, sem ninguém trabalhando no local. Isso precisa de um debate. Eu estou sendo remanejado, mas eu não vou conseguir trabalhar como atuo aqui”, diz.

O profissional ainda pontua que os órgãos responsáveis pelo estudo na orla não determinaram o reordenamento dos espaços terrestres, mas sim que fosse realizado o ordenamento das práticas dos esportes na área marítima.

Instrutor stand up, caiaque e canoagem, Mateus Nobre também teve um ponto de apoio realocado na orla. Ele explica que quanto mais próxima ao espigão, mais segura é a prática dos esportes. “Eles me colocaram quase no meio da praia, então ficou muito perigoso. O local que me colocaram não é propício para o esporte. Com o vento, você é arrastado, e se torna muito perigosa a prática”, disse.

Conforme Mateus, ele teve que sair da Praia do Náutico na noite da última terça-feira, 24, e entre os pontos propostos pela Prefeitura de Fortaleza, ele foi realocado para o aterro da Praia de Iracema. No entanto, ainda não retomou as aulas no local. 

O POVO procurou a Capitania dos Portos para saber quais são as orientações para os esportes marítimos na Praia do Náutico e quais seriam as informações repassadas à Prefeitura de Fortaleza. Por meio de ligação, o comando nega que foi emitida determinação para o reordenamento dos espaços destinadas a esportes náuticos no local. 

Também procurada pelo O POVO sobre o ordenamento dos esportes marítimos na Praia do Náutico, a Associação de Stand Up Paddle do Ceará (Asupce) informou que emitirá uma nota oficial após uma reunião com a Capitania dos Portos do Ceará. (Colaborou Levi Aguiar)