Com superlotação e infecções de bebês, Maternidade-Escola reduz capacidade de atendimento em Fortaleza

Atualmente, 27 bebês estão internados nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal, que só suportam 21 prematuros. Parte desses pacientes estão com um quadro diarreico por causa de uma bactéria

17:24 | Mai. 25, 2022

Por: Levi Aguiar
Fachada da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand. Prefeitura informou que disponibilizará seis leitos para a maternidade (foto: FABIO LIMA/ O POVO)

“Nós não podemos receber mais nenhum bebê na Unidade”, informou o médico Edson Lucena, gerente de Atenção à saúde da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac) nesta semana. A declaração foi feita para anunciar a restrição ao atendimento, por causa das superlotações nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (Utin) da unidade em Fortaleza. Além disso, uma parcela dos bebês internados está apresentando sintomas de infecção causada por um patógeno chamado Clostridium difficile.

Segundo Edson Lucena, a Meac funciona "há muito tempo com 130-150% de ocupação". "Temos 21 leitos de UTI Neonatal (Utin) e 30 leitos de Unidade Intermediária (Ucinco). O número não deveria mudar, o problema é que sempre colocamos mais leitos que a nossa capacidade. Atualmente temos 27 recém-nascidos nas Utins e 33 nas Ucincos", enumera.

O surto da infecção é registrado em três unidades neonatais, com recém-nascidos apresentando quadros de diarréia. “Infelizmente, nestas condições, a Maternidade encontra-se impossibilitada de prestar assistência a mais recém-nascidos prematuros que necessitem de internamento nas unidades neonatais até que se controle o processo infeccioso”, anunciaram representantes da Unidade, por nota.

De acordo com informações da unidade hospitalar, a restrição à entrada de novos pacientes é uma forma também de frear essa contaminação. “No passado houve graves problemas por causa das lotações, e isso acarreta o risco da infecção. Em virtude dessa superlotação ter se tornado perene, nós estamos com um quadro de um surto infeccioso. Por precaução nós não podemos receber nenhum bebê prematuro adicional, nem podemos transferir os nossos sobre risco de contaminar outros espaços.”

Em nota, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informou que está ampliando leitos de UTI Neonatal nas unidades de saúde da Rede Estadual. A pasta, no entanto, não confirmou se foi notificada sobre a situação da superlotação e redução de atendimentos na Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac).

A Sesa complementou informando que “situações externas impactaram no aumento na fila de regulação de leitos de UTI Neonatal''. “Entretanto, a Rede Sesa se empenha para garantir o atendimento aos pacientes, dentro de sua capacidade”, disse trecho da nota. (Colaborou Mirla Nobre)

Atendimento apenas a pacientes reguladas

A Meac prestará assistência de Emergência apenas às mulheres reguladas pela central de leitos, nas seguintes situações: gestantes com idade gestacional acima de 37 semanas; gestantes com idade gestacional abaixo de 20 semanas e emergências ginecológicas. “O atendimento permanece para gestantes com perfil de fetos prematuros, desde que o atendimento esteja regulado pela central do Município.”

Antes de procurar a maternidade, a gestante deve procurar a unidade que faz assistência mais próxima de onde ela mora. Em seguida, ela deve seguir as orientações do profissional da saúde que estará atendendo. Se a gestante preencher o perfil que é atendido pela maternidade, ela será encaminhada pela central de leitos. "Fazemos um apelo para que não busquem a maternidade diretamente", finaliza o médico.

Além da Meac, Fortaleza tem outras quatro unidades de atendimentos de UTI neonatal: Hospital Geral César Cals; Hospital Geral de Fortaleza; Hospital e Maternidade Dra. Zilda Arns Neumann (Hospital da Mulher) e Hospital Distrital Gonzaga Mota de Messejana.

*Com informações da rádio O POVO CBN.