Maio Amarelo: intervenções em ruas do Centro ajudam na prevenção de acidentes de trânsito
Há 1 ano, a AMC realizava a intervenções nas ruas do Centro de Fortaleza com o propósito de minimizar o risco de acidentes de trânsito no bairroLocalizada na avenida Tristão Gonçalves, a maior faixa de pedestres do Brasil permite que os pedestres atravessem a via em diversos pontos. Isabel Cristina, 25, trabalha em uma farmácia em frente à faixa há um ano e relata ter presenciado acidentes no cruzamento. "Muitas pessoas descem do metrô e atravessam a rua, mas, muitas vezes, os carros não respeitavam", conta.
"Com a faixa maior, as pessoas podem atravessar em diversos pontos da rua e o tempo em que o sinal fica fechado dá tempo para atravessar", completa Isabel.
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Em 2021, em alusão ao Maio Amarelo, campanha internacional que visa chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes no trânsito, foram feitas várias intervenções em ruas do Centro de Fortaleza—um dos bairros com o maior índice desse tipo de acidente—por parte da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC). Dentre as intervenções, a maior faixa de pedestres do País tem destaque e, assim como Isabel, outras pessoas que andam pelo local todos os dias confirmaram ao O POVO sua eficácia.
Átila Melo e sua esposa Iranilda Melo moram em Aracati e vêm à Fortaleza com frequência para fins de saúde. Atravessando a faixa gigante, ele comenta que a intervenção trouxe um pouco mais de segurança à via movimentada, e traz sugestões para aperfeiçoar ainda mais o tráfego de pedestres no local. "A faixa é ótima para pessoas idosas que atravessam a rua, mas eu acho que poderia melhorar com a presença mais constante de guardas aqui. A revitalização da faixa também é importante, não deixar que ela se apague", diz.
"Depois da faixa, não presenciei nenhum outro acidente", diz o vendedor Francisco Cláudio Alves dos Santos Lira, de 56 anos. Para Cláudio, a intervenção é o suficiente para garantir a segurança em seu local de trabalho.
Outra ação com o mesmo propósito foi a redução de velocidade no quadrilátero formado pela avenida Imperador, rua João Moreira, rua Sena Madureira e avenida Duque de Caxias, que passaram a adotar o limite de 30 km/h, assim como a avenida Tristão Gonçalves.
Carlos Paiva, de 40 anos, trabalha em uma loja de manutenção que fica localizada na rua Barão do Rio Branco e se diz satisfeito com a fiscalização frequente de agentes da AMC na via. "Aqui a gente via muito acidente acontecendo, mas depois que fizeram essa redução da velocidade, melhorou bastante", afirma, ressaltando que ainda falta mais conscientização de pedestres e motoristas, bem como mais publicidade sobre isso. "É um conjunto a ser seguido para que tudo saia direitinho", completa Carlos.
Em um estacionamento na mesma rua, o gerente David Bezerra diz perceber que muitos condutores não respeitam o limite de velocidade, mas reconhece o trabalho dos agentes da Autarquia Municipal de Trânsito em verificar o cumprimento da nova norma. "Diminuiu bastante a questão da velocidade, mas acho que precisa de mais sinalização", opina.
Abordagem educativa
Como resultado da readequação de velocidade no Centro, um levantamento da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) registrou redução significativa no índice de acidentes no quadrilátero formado pela avenida Imperador, rua João Moreira, rua Sena Madureira e avenida Duque de Caxias).
- Redução de 35,48% dos sinistros"Todo evento que resulte em dano ao veículo ou à sua carga e/ou em lesões a pessoas e/ou animais, e que possa trazer dano material ou prejuízos ao trânsito, à via ou ao meio ambiente, em que pelo menos uma das partes está em movimento nas vias terrestres ou em áreas abertas ao público" (Fonte: NBR)
- Redução de 33,80% dos sinistros com vítimas
- Redução de 16,67% dos atropelamentos
O grande diferencial nas ações realizadas pela AMC é a abordagem educativa, que continua mesmo após a implantação de alguma sinalização. "A equipe da da engenharia vai ao local, faz intervenção e logo depois vai a minha equipe para explicar a infraestrutura para as pessoas", explica o gerente de educação para o trânsito da AMC, André Luís Barcelos.
As ações são concentradas no Centro devido ao histórico de atropelamentos no bairro, muito latente nos últimos anos. "Naturalmente, você muda aquele ambiente e muda aquela percepção que as pessoas têm sobre as alterações. O Centro é um local em que o grande foco é o pedestre. As ações têm como objetivo principal a segurança, mesmo que isso vá, de uma certa forma, atrapalhar um pouco o fluxo de passagem. Mas a mobilidade das pessoas, de um modo geral, não é prejudicada", explica André.
A partir de medidas como essa, Fortaleza alcança dados históricos de diminuição de mortalidade no trânsito. A Capital obteve uma redução no número de mortes no trânsito no primeiro quadrimestre de 2022, sendo o menor índice desde 2001. Entre janeiro e abril deste ano foram registradas 37 mortes em vias da Capital.
O índice representa uma queda de 62,8% em relação à média do mesmo período das últimas duas décadas. Em comparação com a média do primeiro quadrimestre de 2021, a redução é de 36%.
"Percebemos que conseguimos até reduzir a resistência da população em relação a essa política da adequação de velocidade, mesmo que nem sempre a abordagem seja tranquila", comenta o gerente de educação para o trânsito da AMC.
Outras intervenções no Centro
Como parte do conjunto de intervenções de segurança viária desenvolvido para o Centro da Cidade, a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) fez uma pintura do urbanismo tático para a área da calçada por meio de cores que chamam a atenção dando mais segurança para acomodar os pedestres.
Centro mais vivo
Além da faixa de pedestres, urbanismo tático e ciclofaixa, o bairro recebeu ainda uma Área de Trânsito Calmo. Foram instaladas 14 travessias elevadas e moderação na velocidade. Melhorando a visibilidade dos motoristas, 93 cruzamentos foram renovados, 15 receberam tachões e 10 o programa Esquina Segura, que consiste numa sinalização com dispositivos específicos para evitar o avanço da preferencial. 28 tempos exclusivos para pedestres também foram colocados em todos os semáforos situados ao longo da Imperador e Tristão Gonçalves a fim de minimizar os conflitos.
Calçada Viva
A exemplo da calçada viva existente na Barão do Rio Branco, o programa que amplia a área de calçada em vias com grande demanda de pedestres foi prolongado até a Santa Casa de Misericórdia e para outras ruas como Floriano Peixoto e Assunção.
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