Espaço onde será terminal aberto no Centro de Fortaleza abriga estacionamento e ambulantes

O POVO esteve no local, que fica entre as ruas Guilherme Rocha e Liberato Barroso. Vendedores se dividem sobre mudança, que foi anunciada nessa terça-feira, 26

A Prefeitura de Fortaleza anunciou, nessa terça-feira, 26, através da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico (SDE), edital de licitação para construção e implantação do terminal aberto da Praça José de Alencar, no Centro. No bairro, circulam 117 linhas de ônibus, atendendo média de 290 mil passageiros. A obra viabilizará a mobilidade entre várias regiões da Capital.

Diante do cenário de mudança, O POVO esteve no local, que fica entre as ruas Guilherme Rocha e Liberato Barroso. Atualmente a área onde a obra ficará situada é ocupada por um estacionamento e por vendedores ambulantes, que ficam próximos à área. Não há nenhuma identificação ou placa mostrando que haverá a execução de requalificação do local. Alguns ambulantes se mostraram surpresos quando questionados sobre a construção que deve impactar diretamente seus trabalhos.

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“Eu acho que a gente vai ter que sair daqui, todos os feirantes na verdade. Mas, no fim, acredito que seja uma boa ideia fazer esse terminal. O problema é que vão nos tirar daqui. Então acaba nos atrapalhando nosso sustento. A não ser que a gente possa trabalhar dentro, né”, diz Kleciane de Andrade, que trabalha há pouco tempo como vendedora ambulante exatamente onde será o terminal, a mulher não sabia da existência do projeto que deve afetar seu trabalho.

Emanuel Soares, outro ambulante do local, afirma que tem conhecimento da obra e ainda acrescenta que um amigo dele que trabalha na Prefeitura repassou a informação de que todos os vendedores que ocupam a região deverão ser removidos. “Só Deus sabe como será nossas vidas depois que fizerem isso”, lamentou.

Questionada sobre a situação dos ambulantes, a Prefeitura destacou que eles antes ocupavam a Praça José de Alencar e foram cadastrados pela Secretaria Regional Centro e que serão realocados para o Feirão São Paulo, onde mais de 300 permissionários trabalham. Em relação a novos feirantes, argumenta que um estudo tem sido feito para cadastrar essas pessoas e realocá-los em outro espaço.

"Sobre os ambulantes que se encontram, atualmente, na área onde será construído o terminal aberto, a Regional 12 informa que está realizando um estudo para cadastro dos ambulantes que estão ocupando o espaço de forma irregular", diz a nota.

O terminal estava previsto para ser entregue ainda no fim de 2021, junto a os outros dois equipamentos públicos semelhantes, na Praça Coração de Jesus e na Washington Soares, mas acabou tendo problemas de licitações em 2020. Uma empresa até chegou a ganhar o concurso, mas, por conta da pandemia, nunca iniciou os trabalhos. 

Importância do terminal 

Segundo a Prefeitura, o Centro apresenta um intenso fluxo de pessoas diariamente, por isso, é um grande polo gerador de demanda para soluções de mobilidade. São 117 linhas de ônibus circulando pela região, atendendo uma média de 290 mil passageiros.

 

"Nesse cenário, o terminal José de Alencar surge como uma alternativa viável, pois dará a opção ao passageiro de encontrar em um único espaço linhas de ônibus com origem e destino para diversos bairros de Fortaleza. Como exemplo, o usuário que está saindo do Planalto Ayrton Senna pode descer no terminal no Centro e ter diversas opções para se deslocar em direção ao Papicu ou até mesmo para outro bairro, diz a nota enviada ao O POVO.

O objetivo da obra é minimizar os deslocamentos dos usuários pelas vias do Centro e reduzir o tempo de viagem a partir da diminuição do número de paradas, já que o novo terminal permitirá a retirada de pontos de ônibus próximos de calçadas.

 

Sobre a Obra

O projeto em licitação prevê a construção de três plataformas de embarque e desembarque com mais de 2 mil metros quadrados de área, com cobertas metálicas já dimensionadas para possibilitar a instalação futura de painéis solares. No local, serão construídas passagens elevadas para pedestres e fixados gradis entre as plataformas para dar mais segurança, além de delimitar e resguardar o tráfego de pedestres.

O interior do novo equipamento terá pavimento rígido em concreto para resistir ao intenso fluxo de ônibus e garantir a longevidade da pista. O terminal contará, ainda, com pontos de autoatendimento do Bilhete Único, banheiros, sala de apoio para motoristas, refeitório e paisagismo.

Tarcísio Pereira, sapateiro e artesão, que trabalha na Praça José de Alencar, acredita que a construção deve melhorar a situação ddo Centro, enquanto aponta o atual abandono do local onde será o novo terminal. “Eu sou legalizado e registrado pela Prefeitura, trabalho aqui há 40 anos, pra mim será muito melhor com esse terminal, só terão coisas boas”, opina.

O homem ainda lembra de quando a Praça José de Alencar recebia ônibus de todos os cantos de Fortaleza. De acordo com ele, era comum, até o fim dos anos 1980, a movimentação do transporte público no Centro, onde hoje é a praça e logo terá como anexo o novo terminal.

“Nos tempos da prefeita Maria Luíza Fontenele (entre 1986 e 1989) aqui vivia cheio de ônibus, era diferente, outro momento. Aí ocorreu que, em determinado momento, ela decidiu acabar com o fluxo de ônibus por aqui”, lembra. E complementa: “Espero que essa obra realmente aconteça”.

Além de adotar como prioridade as linhas que já integravam na Praça da Estação, há a expectativa de que linhas de bairros que façam conexão com o Centro, como Bom Jardim, José Walter, Planalto Ayrton Senna e outros, também possam realizar a integração no terminal, assim como aquelas com destino ao terminal do Papicu.

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