Jovens apreendidos por morte de motorista são transferidos após execução em centro socioeducativo
Os dois adolescentes são parentes do interno de 14 anos executado e também estão apreendidos pela morte do motorista de aplicativo
19:00 | Abr. 25, 2022
Dois adolescentes apreendidos pela morte do motorista de aplicativo José Hilker Assunção de Sousa foram transferidos do Centro Socioeducativo Canidezinho nesta segunda-feira, 25, por questões de segurança. A iniciativa é realizada após a morte de um parente deles, de 14 anos, que também era interno.
O jovem teria sido morto após uma mudança de ala por companheiros de dormitório depois que descobriram o ato infracional análogo ao latrocínio (roubo seguido de morte) contra o motorista de aplicativo. A última morte no sistema socioeducativo foi em 2020. Outros três adolescentes suspeitos da ação contra o interno tem idades de 15 e 17 anos e foram levados ao Departamento de Homicídios e a sede da Perícia Forense.
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Segundo o titular da 5ª Vara da Infância e Juventude de Fortaleza, juiz Manuel Clístenes, o adolescente de 14 anos pertencia a uma ala de jovens com bom comportamento, e ficava no dormitório com o irmão e o primo, todos apreendidos pela morte do motorista. O adolescente teria cometido uma transgressão e foi encaminhado para outra ala. No novo espaço, os novos colegas tiveram um bate-papo e cada um informou o seu ato infracional. O jovem de 14 anos afirmou que havia praticado o ato análogo ao latrocínio.
De acordo com o juiz, não satisfeito em contar o motivo de estar apreendido, ele detalhou toda a ação contra Hilker, que teve o corpo carbonizado. O motorista de aplicativo não reagiu ao assalto. O trio encontrou uma foto do profissional do período que era da forças armadas e resolveu matá-lo ateando fogo no corpo do rapaz, que deixou esposa e filho após quatro semanas internado no Instituto Doutor José Frota (IJF). O caso foi registrado no ano de 2020.
Aviso: neste parágrafo, o texto contém informações que podem ser considerados gatilhos para parte dos leitores. A ação contada pelo infrator não foi bem aceita pelos colegas de dormitório, que resolveram aguardar um momento tranquilo e pegar o jovem de surpresa. Na ocasião, ele foi enforcado e cortado com gilete. Na unidade não foram ouvidos barulhos de grade ou gritos. O que reforça a informação de que o rapaz foi surpreendido.
O juiz afirma que além do jovem ter sido colocado com outros do mesmo território, para não acontecer ações de disputa de facções, ele também não sofria ameaças. O magistrado explica que o latrocínio não é considerado um crime que coloque os adolescentes em risco dentro do sistema socioeducativo. O crime sexual, por exemplo, já é um motivo para o isolamento.
Depois que mataram o adolescente, os companheiros de dormitório chamaram os agentes socioeducativos e informaram que haviam matado o rapaz. O Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) foi acionado, no entanto, ele estava em óbito.
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Por meio de nota, a Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo (Seas) informou que "o fato isolado" aconteceu por volta das 21 horas em um dos alojamentos. Estavam quatro adolescentes, entre eles a vítima. Os três envolvidos foram identificados e levados à delegacia. Os coordenadores da Seas, de Segurança e de Gestão, compareceram à unidade, realizaram os relatórios formais e encaminharam a comunicação ao Sistema de Justiça do Estado. O órgão afirmou que a Assessoria de Diretrizes Socioeducativas e a Equipe Técnica estão prestando apoio à família do adolescente e que a Corregedoria apura as causas do ocorrido.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) também se pronunciou por nota e informou que os três adolescentes, com idades de 15 e 17 anos, foram conduzidos à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), onde um ato infracional análogo ao crime de homicídio doloso foi lavrado contra eles. O trio possuía atos infracionais análogos aos crimes de homicídio, tráfico de drogas e roubo, foi colocado à disposição da Justiça.