Adolescente de 14 anos apreendido por atear fogo em motorista de aplicativo é morto em centro socioeducativo

A motivação, segundo uma fonte do sistema socioeducativo, seria a descoberta do envolvimento o jovem no caso do motorista de aplicativo. O adolescente foi enforcado, espancado e cortado com gilete

Atualizada às 18h30min

Um adolescente de 14 anos foi espancado, torturado e morto dentro do Centro Socioeducativo do Canindezinho, no último domingo, 24. Ele foi apreendido por ato infracional similar ao latrocínio (roubo seguido de morte), em razão da morte do motorista de aplicativo José Hilker Assunção de Sousa, que teve 95% do corpo queimado e faleceu após quatro semanas internado no Instituto Doutor José Frota (IJF), Centro. Mais dois adolescentes, o primo e o irmão, que também foram apreendidos pelo mesmo ato, foram transferidos de unidade socioeducativa por questões de segurança. Desde 2020, não havia registro de mortes nas unidades de adolescentes em conflito com a lei. 

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O ato análogo ao latrocínio foi registrado em novembro de 2020. Hilker foi assaltado e, de acordo com a Polícia, ao descobrirem fotos dele fardado, do período em que ele pertencia às Forças Armadas, resolveram atear fogo contra o profissional. 

O POVO apurou, com uma fonte ligada ao sistema socioeducativo, que os adolescentes que dividiam espaço com a vítima descobriram que ele era um dos envolvidos no caso que vitimou Hilker, então, decidiram matá-lo. "Os adolescentes, quando descobriram, pegaram ele, enforcaram e depois cortaram ele com gilete", relatou a fonte.

Segundo o titular da 5ª Vara da Infância e Juventude de Fortaleza, juiz Manuel Clístenes, o adolescente de 14 anos pertencia a uma ala de jovens com bom comportamento, junto dos dois parentes, todos apreendidos pela morte do motorista. O adolescente teria cometido uma transgressão e foi encaminhado para outra ala. No novo espaço, os os novos colegas tiveram um bate-papo e cada um informou o seu ato infracional. O jovem de 14 anos afirmou que havia praticado o ato análogo ao latrocínio.

De acordo com o magistrado, não conformado em contar o motivo de estar apreendido, ele detalhou toda a ação contra Hilker. O relato não foi bem aceito pelos colegas de alojamento, que resolveram aguardar um momento tranquilo e pegar o jovem de surpresa. Na ocasião, ele foi enforcado e morto. Na unidade não foram ouvidos barulhos de grade ou gritos.

Os envolvidos teriam chamado os agentes socioeducativos e mostrado o que fizeram. O Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) foi acionado para um possível óbito, que foi constatado posteriormente. 

Por meio de nota, a Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo (Seas) informou que houve uma ocorrência na noite de domingo, 24, no Centro Socioeducativo Canindezinho, que resultou na morte de um adolescente de 14 anos. "O fato, isolado, aconteceu por volta das 21h, em um dos alojamentos, no qual estavam quatro adolescentes, entre eles a vítima", informou o órgão.

De acordo com a Seas, os três envolvidos foram identificados e encaminhados à Delegacia para procedimentos. Os coordenadores da Seas (de Segurança e de Gestão) compareceram à unidade, realizaram os relatórios formais e encaminharam a comunicação ao Sistema de Justiça do Estado.

 "A Seas informa, ainda, que a Assessoria de Diretrizes Socioeducativas e a Equipe Técnica estão prestando apoio à família do adolescente. A Corregedoria já apura as causas do ocorrido", informou. 

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que três adolescentes com idades de 15 e 17 anos foram conduzidos à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). Os três possuíam atos infracionais análogos a homicídio, tráfico de drogas e roubo. Eles foram colocados à disposição da Justiça.

 

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