"Eu não tenho mais com quem contar", diz grávida de entregador morto em Fortaleza

Ela diz que o filho de 8 anos ainda não entendeu a morte: "Meu pai tá no céu e virou estrelinha?". A ausência para companheira de Regileudo é sentida com o passar dos dias

A vida companheira de Regileudo Regis, entregador morto no bairro José Walter, no primeiro dia de trabalho, ficou devastada. "A gente não espera o marido ir trabalhar e receber a notícia de que ele não vai voltar mais. Foi tirada a vida dele por covardia. Foi algo devastador", lamenta Raquel Paixão, de 26 anos. O rapaz foi morto no dia 15 de março, no bairro Prefeito José Walter, vítima de latrocínio (roubo seguido de morte). O casal estava junto há oito anos.

Raquel, que está grávida, explica que o companheiro sempre foi o responsável financeiro por ela e pelo filho do casal. "Agora não tenho mais com quem contar. Ele sempre tomou a frente de tudo. Eu não tenho lugar para morar, estou morando de favor, e ele estava correndo atrás de trabalhar para me colocar em uma casa para morarmos juntos. Estou morando de favor na casa da minha irmã."

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Raquel relata a dificuldade de contar para o filho do casal, de 8 anos, sobre a morte do pai dele. O menino filho tinha o costume de ligar para o pai e até pegou o aparelho celular para fazer a ligação, segundo ela. "Eu perdi minha mãe em agosto e disse: O papai está igual a vovó. Ele não está mais com a gente, mas eles nos amam muito. Por enquanto vai ser eu, você e a neném (que vai nascer)", lembra.

Ainda assim, o menino não entendeu, conforme a mãe. "Meu pai tá no céu e virou estrelinha?", indaga a criança. 

Raquel diz ainda que o companheiro era um homem trabalhador e conseguia fazer bicos de entrega por meio de vagas que eram anunciadas nas redes e apps, como na OLX. Um dia antes o companheiro mostrou a última vaga de entregador que pegou e disse que pagavam bem.

No primeiro dia de trabalho, o rapaz passou antes na casa da gestante e deixou um soro, mas estava apressado para iniciar o expediente e não entrou. "Eu estava doente. No outro dia meu celular amanheceu cheio de ligações", relata.

"Eu retornei, e ela (sogra) me contou que meu marido estava com Deus. Sempre quando a gente passava dificuldade ele dizia: Não chora, você não vai ficar desamparada. E agora eu não tenho mais com quem contar. Eu estou com a sorte e quem quiser me ajudar."

Planos

Regileudo  havia dado entrada em um processo judicial depois que descobriu que perdeu a visão de um dos olhos. Ele relatava para a companheira que quando recebesse o benefício os dois mudariam de vida, teriam uma casa "sem passar por humilhação".

Segundo Raquel, Regileudo sonhava com o dia do nascimento da filha e tinha medo de morrer e deixar a esposa e os filhos. Agora, apesar da dor, ela busca comprar o enxoval da filha que está prestes a nascer. A campanha de arrecadação de fraldas está sendo organizada pela irmã do entregador.

Saiba como doar

É possível ajudar a companheira do entregador Regileudo com doações de materiais novos ou usados. Fraldas, roupinhs, sapatinhos, meias e materiais de higiene são os principais itens. Para contribuir com dinheiro, o envio pode ser feito pelo pix: 85994128985

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Segurança Pública crime Ceará latrocínio Fortaleza Ceará

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