Alunos da UFC voltam a protestar por mais qualidade para o Restaurante Universitário

Estudantes partiram do Centro de Humanidades, marcharam pela avenida 13 de Maio e terminaram o ato dentro do Restaurante Universitário do Benfica

19:16 | Mar. 24, 2022

Por: Alexia Vieira
Alunos da UFC se manifestaram pela segunda vez após o retorno das aulas presenciais nesta quinta-feira, 24 (foto: Alexia Vieira/O POVO)

Os estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC) fizeram um novo protesto nesta quinta-feira, 24, para reclamar das condições precárias do Restaurante Universitário (RU) e dos ônibus que transportam alunos nos campi. A primeira manifestação foi realizada no dia 17 de março. Em nota, a UFC informou durante a tarde de hoje que a empresa Nutrê Alimentação Ltda, responsável pelos problemas no fornecimento de refeições, decidiu formalizar a desistência da prestação de serviços à Universidade. Os serviços do RU na Capital serão temporariamente suspensos a partir da próxima segunda-feira, 28.


No entanto, os estudantes presentes no segundo protesto afirmaram que a situação ainda não mudou, com demora de mais de uma hora para entrar no restaurante e sistema de agendamento de horários pouco eficiente. Além disso, eles se manifestam contra a baixa qualidade das refeições oferecidas.

Uma das alunas organizadoras do ato, Sammyra Fernandes, 19, relatou que alunos têm denunciado casos de intoxicação alimentar e achados de objetos estranhos dentro da comida, como pedaços de plástico e pedras.

"A questão do RU é fundamental, porque para manter a permanência dos estudantes, é necessário que eles se alimentem. Tem gente que passa o dia inteiro na faculdade. As filas continuam enormes, e quando a gente entra não é garantia ter comida", reclamou a também aluna Luana Lima, 20.

Os alunos presentes no ato desta quinta, 24, reuniram-se no Bosque do Centro de Humanidades I, marcharam pela avenida 13 de Maio, entraram nos jardins da Reitoria e depois se dirigiram ao RU do Benfica, localizado na Avenida da Universidade. No local, por volta das 11h40min, estudantes que chegaram às 10h30 ainda não tinham conseguido alimentação.

Este foi o caso de João Marcos Silva Bastos, 25, do curso de Finanças. Ele afirmou que a comida só foi começar a ser servida depois das 11 horas, mesmo o restaurante tendo horário de abertura às 10h30min. Para conseguir comer, o aluno afirma que assiste a uma das aulas que ainda é remota pelo celular, já na fila. Sair 30 minutos antes de aulas presenciais também virou regra para conseguir comer. "Não dá para esperar terminar", afirma.

"A gente sente um descuido com a gente, porque não temos outra opção, a gente tem que almoçar aqui. Um almoço fora daqui é mais de R$ 10, muita gente não tem esse dinheiro. Eu vou trabalhar depois daqui, então não tenho como ir para casa almoçar", reclama Sabrina Kelly, 19, aluna do curso de Letras Português/Espanhol que também estava na fila.

Ônibus para transporte de estudantes também é pauta

Os ônibus que ajudam na locomoção dos estudantes dentro do campus do Pici e entre os campi da universidade também foram mencionados pelos manifestantes. Até esta quarta-feira, 23, os ônibus intercampi que fazem a rota Pici-Porangabuçu-Benfica passavam das 9 às 17 horas, e Labomar-CEAC, das 8 às 18 horas. Mas, segundo Sammyra, o horário foi ampliado após pedidos dos alunos.

“Teve uma ampliação de horário, mas não ampliou a frota de ônibus, então a lotação continua”, diz a aluna do curso de Ciências Sociais. A UFC afirma estudar a “contratação de aluguel de ônibus para atender à demanda de transporte intercampi”, pois uma decisão do Ministério da Economia impossibilitou legalmente a aquisição de novos veículos pelas instituições federais, segundo a universidade.

Esquema de propina no MEC

As acusações de corrupção no Ministério da Educação que vieram à tona nos últimos dias, envolvendo repasses irregulares de verbas a pedido de pastores evangélicos influentes, também foi mencionada pelos manifestantes durante o ato. Os alunos pediram ainda a saída do reitor da universidade, Cândido Albuquerque, e do presidente Jair Bolsonaro.