"Barra Hope": curiosos torcem contra desencalhe de navio parado na Barra do Ceará; entenda apelido
Diante do fracasso na operação para retirada da embarcação do local, os moradores do Bairro, já torcem para que o navio permaneça encalhado
10:25 | Mar. 17, 2022
Encalhado na Praia da Barra do Ceará desde 4 de março, o navio “Lagoa Paranaense” tem ficado cada vez mais famoso entre os moradores de Fortaleza. Em cada tentativa frustrada de retirada da embarcação da faixa de areia, curiosos criam memes e até apelidos para o cargueiro.
Homenageando outra embarcação famosa encalhada na orla da Capital cearense, os curiosos passaram a chamar o “Lagoa Paranaense” de “Barra Hope”, se referindo ao Mara Hope, navio paralisado no litoral de Fortaleza desde 1985. Após mais uma tentativa fracassada de retirar a embarcação no local, nessa quarta-feira, 16, os visitantes que acompanhavam a operação brincaram com a situação:
“É pessoal, não foi dessa vez, viu? O mar já começou a secar, já era, não sai mais. Agora é o “Barra Hope”, vai ficar aí para sempre”, disse um curioso enquanto gravava e narrava mais uma tentativa de resgate da embarcação.
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Nas redes sociais também houve repercussão da dificuldade enfrentada pela empresa dona do navio, com inúmeras tentativas fracassadas de retirar o “Lagoa Paranaense” do trecho de praia da Barra do Ceará. Sempre relacionando o caso com o Mara Hope: “Tem que deixar o "Barra Hope" aí mesmo. Já virou atração turística da cidade”, comentou um internauta.
Diante do fracasso na operação para retirada da embarcação do local, os moradores do bairro já torcem para que o navio permaneça encalhado na Barra do Ceará. “Tomara que não” escreveu uma mulher no Instagram sobre a possível saída do cargueiro. E ela justifica: “porque eu ainda quero ir aí tirar minha foto”. Outro usuário da rede social brincou com a situação: “A galera rezando para não dar certo [o navio desencalhar]”.
O Mara Hope foi um navio petroleiro que encalhou na costa da cidade de Fortaleza em 1985, próximo ao Marina Park Hotel. Hoje, é um ponto turístico da Capital, que pode ser visto em diferentes pontos da orla.
A embarcação recebe visita de grupos de mergulhadores que exploram as formações de corais presentes na parte submersa. Outras vezes de curiosos os quais adentram nos destroços correndo riscos para divulgar nas redes sociais.
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Será possível fazer o desencalhe da embarcação?
De acordo com o capitão de Cabotagem da Marinha Mercante e doutor em Ciências Marinhas Tropicais, Miguel Sávio, para desencalhar a embarcação é preciso que a altura da maré seja maior que o calado - parte submersa do navio. Tecnicamente, é a distância da lâmina d’água até a quilha do navio. O encalhe só acontece quando a água no local não é suficiente para fazer o cargueiro flutuar.
O ideal é que o navio aguarde a "maré preia-mar", o nível mais alto de uma maré, e esta acontece na fase de lua cheia, a qual começa nesta quinta-feira, 17. No entanto, ressalta que é impossível cravar dia e horário da saída.
“É preciso ter uma maré maior do que o calado, ou seja, quando ele estiver flutuando seja maior do que a lâmina d'água. Se ele estiver naquela posição, estiver faltando dois metros e a maré for de três metros, ele vai ter um metro de diferença e vai ser puxado”, disse o doutor em Ciências Marinhas Tropicais, Miguel Sávio.
Miguel Sávio afirma que, dependendo das circunstâncias de momento, existem condições de o navio sair da faixa de areia com seu próprio motor. Porém, pela sua experiência, no caso do “Lagoa Paranaense”, poderá haver a necessidade do rebocador.
Assim, além de estar essencialmente na hora da maré alta para puxar a embarcação encalhada, a embarcação precisa ficar numa área ampla e com maior profundidade, diminuindo riscos de ter problemas. Ele descarta a possibilidade de o navio não ser retirado.