Dia Nacional dos Animais tem programação voltada para crianças em Fortaleza

Pequenos foram ensinados sobre os cuidados, castração e combate a maus-tratos e abandono de animais

No Dia Nacional dos Animais, celebrado nesta segunda-feira, 14, o público infantil foi o alvo principal de uma ação educativa promovida pela Prefeitura de Fortaleza no Solares Shopping, bairro Novo Mondubim. O evento, organizado pela Coordenadoria Especial de Proteção e Bem-Estar Animal (Coepa), mostrou às crianças de forma lúdica e recreativa os cuidados que devem ser destinados tanto aos bichinhos domésticos quanto às espécies silvestres.

Os pequenos receberam cartilhas com dicas importantes sobre o procedimento de castração animal, que ajuda a reduzir a superpopulação de cães e gatos em situação de rua, e também foram orientados sobre os canais de denúncia que devem ser acionados em caso de maus-tratos e abandono de animais na Capital cearense.

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A estudante Isabele Vitoria, 6, e a sua mãe, Josibele Lima, 27, estavam passeando pelos corredores do shopping quando viram as atividades do evento e decidiram participar. As duas são apaixonadas por pets e felinos e criam juntas um cachorro e um gato.

“Eu compartilho a responsabilidade para que ela valorize eles [os animais] desde cedo. Ela é responsável por limpar a caixinha de areia, colocar a ração, colocar a água, fora dar carinho, coisa que não é muito difícil porque eles passam o dia inteiro grudados”, diz a mãe. Segundo Josibele, até o ano passado a família criava três gatos, mas dois foram mortos por envenenamento. Ainda não se sabe a autoria do crime.

Enquanto ainda lamenta a perda dos felinos, Isabele também se comove com o abandono daqueles que estão vivos, mas que por falta de um lar, andam perambulando pelas ruas da cidade. “Eu fico muito triste quando vejo isso. Falo pra minha mãe ou para o meu pai pegar [os animais] e levar pra casa, mas não temos condições de criar. Acho que deveria existir um carro que pegasse todos eles e levasse para um lugar bom”, sugere a criança.

Pedro Vinícius, 11, que foi à ação educativa acompanhado de sua tia Renara Lucas, 27, também propôs uma ação que, a médio e longo prazos, pode ajudar a reduzir as estatísticas de maus-tratos contra os animais. Para ele, a correção do problema passa pela educação. “Ainda não teve nada na escola no sentido de conscientizar os alunos sobre isso [cuidado com os animais]. Acho que os professores deveriam tratar sobre esse assunto com a gente”, afirma o garoto, estudante do 6º ano do ensino fundamental na rede municipal de ensino.

“Tem crianças que não têm essa noção ainda [de respeitar os animais], e não é nem por maldade, mas por falta de orientação mesmo. Acho que quanto mais cedo esse aprendizado vier, maiores são as chances das próximas gerações terem um outro olhar sobre os animais”, opina a tia do estudante.

Para muitas famílias, os animais domésticos são mais do que bichinhos de estimação. Na casa da professora Maria Odete, 37, por exemplo, o vira-lata “Lupinho” é tratado como membro da família. Ela diz que o cão é o companheiro inseparável de sua única filha, a pequena Marina Vitória, 8.

“Ele chegou às nossas vidas no começo da pandemia. Foi a fase em que minha filha estava se sentindo muito sozinha, chorava muito. Fomos ao pediatra, e ele recomendou que eu desse um animalzinho a ela”, conta Odete. “Considero ele como meu filho. Essa semana ela [Marina] teve que apresentar um álbum de família na escola e foi logo dizendo: 'Mamãe, tem que ter a foto de nós quatro, eu, você papai e o Lupinho'”, acrescentou.

Filha única, Marina chama Lupinho de “irmão mais novo” e diz que sente saudades quando está na escola, longe do animal. “Eu brinco com ele todos os dias, é meu irmãozinho. Quando chego em casa, a gente faz a festa. É animação da nossa casa”, afirma a garota.

Para a pedagoga da Coepa Norma Paula Moreira, levar às crianças mais conhecimento sobre os cuidados que se deve ter com os animais ajudará a desconstruir comportamentos nocivos que até pouco tempo eram normalizados por parte da sociedade.

“Os maus-tratos decorrem de uma cultura estrutural que fazia as pessoas pensarem que animais não tinham valor, que eram só bichos, que os cachorros teriam que comer apenas comida estragada inservível para os humanos. Hoje, felizmente, avançamos um pouco. E à medida que a gente vai desconstruindo isso, teremos mais chances de uma geração futura mais solidária, sensível e acolhedora em relação aos animais”, analisa.

“Tudo que a gente ensina desde cedo, a compreensão é melhor. Não é diferente com a educação animal. As crianças precisam saber que os bichinhos são seres para receber e dar carinho. Todo mundo ganha com isso… o meio ambiente, a sociedade e a própria criança, que se tornará um adulto mais humano no trato com os animais”, continuou. Segundo a pedagoga, a mesma iniciativa realizada na data em alusão aos animais também será replicada nas escolas da rede municipal nos próximos dias.

Apagão de dados

Embora salte aos olhos a expressiva quantidade de cães e gatos perambulando pelas ruas de Fortaleza, a Coepa ainda não possui dados precisos sobre a população de animais vivendo em situação de rua na Capital cearense. De acordo com o titular da pasta, Marcel Girão, a Prefeitura estuda realizar um censo municipal para descobrir essa estatística e desenvolver políticas públicas a partir da mensuração dos resultados.

“Está no planejamento da gente fazer esse levantamento, mas também necessitamos envolver entidades de proteção animal e diversas outras secretarias municipais. Hoje temos uma estimativa que existam algo em torno de 100 a 150 mil animais em situação de rua em Fortaleza, mas não temos ainda esse recorte específico”.

De acordo com Girão, para conter o avanço desenfreado da população canina e felina, o município vem investindo em serviços clínicos, a exemplo do VetMóvel, unidade de atendimento itinerante para cães e gatos que oferece castração, consultas, exames e vacinação antirrábica gratuitos para os animais.

“No ano passado, nossos três VetMóveis fizeram mais de 13 mil castrações e, além disso, Fortaleza é a única Capital do Nordeste que tem uma clínica pública voltada para os animais. Realizamos mais de 130 mil procedimentos só em 2021”, detalhou o secretário. Segundo ele, também são desenvolvidas ações pontuais em parceria com abrigos e entidades protetoras dos animais.

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