Justiça aceita denúncia contra 23 acusados por chacina na Sapiranga

Caso completou um mês nesta terça-feira, 25. Dez dos acusados estão presos, além da apreensão de adolescentes que teriam se envolvido na matança

17:14 | Jan. 25, 2022

Por: Lucas Barbosa
Vídeo gravado na festa onde chacina ocorreu, minutos antes do crime, mostra homem circulando com uma arma longa (foto: Reprodução/Vídeo enviado por leitor via Whatsapp)

A Justiça recebeu nessa segunda-feira, 24, a denúncia do Ministério Público Estadual (MPCE) contra os 23 homens acusados de participação na chacina que deixou cinco mortos no bairro Sapiranga. O caso completa um mês nesta terça-feira, 25.

Conforme a juíza Danielle Pontes de Arruda Pinheiro, da 1ª Vara do Júri, a acusação traz "indícios da autoria e provas da materialidade do ilícito penal", sem nenhum motivo para rejeição da denúncia, conforme preceituado pelo Código Código de Processo Penal.

Com isso, os agora réus terão dez dias para apresentar resposta à acusação. Na decisão, a juíza ainda determinou, entre outras medidas, a incineração das drogas apreendidas pela Polícia durante as buscas da investigação.

A denúncia do MPCE havia sido ofertada na última quinta-feira, 20. Conforme a investigação, o crime foi praticado em uma tentativa dos "Neutros" ou "Massa Carcerária", uma dissidência da facção criminosa Comando Vermelho (CV), de conquistarem a comunidade do Alecrim dos antigos aliados.

São apontados como mandantes da chacina: Raí Cesar Silva Araújo, conhecido como "Jogador", João Ricardo Sousa da Silva, conhecido como "Das Facas", que seriam chefes do crime organizado na comunidade da Fronteira; e Francisco Wellington Bezerra da Silva FIlho, o "Bombado", apontado como pessoa próxima a Israel da Silva Andrade, principal alvo da chacina, já que seria chefe do crime organizado na comunidade do Alecrim.

Conforme a denúncia, a chacina foi combinada em um grupo de Whatsapp. “Fizemos uma aliança com a massa q vai nos apoiar diante dessa opressaõo” (SIC), diz Raí em uma das mensagens encontradas pela Polícia.

"Melhor nois mata do que eles", “é o que eu tô dizendo, esse cara aí que era pra matá nois, tomar nossas coisas, tem que fazer esse negócio ai" (SIC), diz, por sua vez, João Ricardo. Conforme o MPCE, "a ordem foi de executar todos aqueles que não aderissem à nova organização criminosa Tudo Neutro".

Na chacina, morreram André Alexandre Rodrigues, Israel da Silva Andrade, John Lennon Holanda (mortos no Campo do Alecrim, onde ocorria uma festa de Natal) e Mateus Ribeiro dos Santos e Ederlan Fausto (mortos na comunidade da Fronteira).

Foram presos pela chacina: João Ricardo Sousa da Silva, o "Das Facas", "RJ" ou "JR"; Raí Cesar Silva Araújo, o "Jogador"; Gabriel Sousa Freitas, o "Biel"; Charles Dantas Oliveira; Thiago Farias de Lima, o "Guaiuba"; Mateus Aguiar de Sousa; Alessandro Vieira da Silva, o "Rato"; Mateus Acelino da Silva, o "Malagueta" ou "MT"; Antônio Gabriel Sousa da Silva, o "Guabiru" ou "Sagaz"; e Nilson Lima Nogueira Filho, o "Berinjela".

Tiveram prisão decretada por envolvimento na chacina e são procurados: Francisco Wellington Bezerra da Silva Filho, o "Bombado"; João Victor Aguiar de Sousa, o "Tito"; Tiago Pereira Mendes, o "Cara de Pizza"; Israel Silva Ferreira; Jeandson Nunes Bento dos Santos, o "Jean" ou "Toin"; Vinícius Rian Inácio da Silva, o "VN"; Kevem Tyago Costa Pompeu, o "Maluquinho"; José Ivan Alves da Silva Filho, o "FF" ou "Filho"; Kaique de Sousa Domingos, o "Neguinho"; Miguel Sousa da Silva, o "Miguelzinho"; André Soares Júnior, o "Loirinho"; Eduardo José do Nascimento, o "Carioca"; e Yuri Marques Bento, o "Berre".

Além deles, a investigação apontou o envolvimento de seis adolescentes na chacina. Também foi constatada a participação de outras pessoas que ainda não foram identificadas.