Ministério Público denuncia 23 homens por chacina na Sapiranga
Dez dos acusados estão presos. Outros envolvidos na matança ainda não foram identificados. Denúncia aguarda recebimento pela Justiça
16:30 | Jan. 20, 2022
O Ministério Público Estadual (MPCE) ofertou nesta quinta-feira, 20, denúncia contra 23 homens acusados de envolvimento na chacina que deixou cinco mortos no bairro Sapiranga em 25 de dezembro último. Os acusados devem responder, à medida de suas participações, por crimes como homicídio quadruplamente qualificado (cinco vezes), tentativa de homicídio (já que seis pessoas também ficaram feridas na ação), participação em organização criminosa, tráfico de drogas, porte de arma e munição, corrupção de menores e resistência.
A denúncia aguarda recebimento por parte da 1ª Vara do Júri. Na peça, o MPCE ainda destacou que, além dos 23 denunciados, seis adolescentes participaram da chacina, assim como ainda houve o envolvimento de outras pessoas ainda não identificadas.
Conforme a acusação, o crime ocorreu porque Raí Cesar Silva Araújo, conhecido como Jogador, e João Ricardo Sousa da Silva, conhecido como Das Facas, chefes do crime organizado na comunidade da Fronteira, queriam romper com a facção a qual pertenciam, o Comando Vermelho (CV), e juntar-se ao "Neutros" ou "Massa Carcerária" — dissidência do CV, fruto de um racha registrado na facção desde meados de junho de 2021.
Os criminosos da comunidade do Alecrim, porém, não quiseram romper com a facção. Israel da Silva Andrade, uma das vítimas da chacina, era apontado como chefe da "Tropa do Alecrim" e maior liderança do CV no bairro Sapiranga.
“Onde foi selado um acordo onde receberíamos fortalecimento da massa" (SIC), afirmou em um grupo de Whatsapp Francisco Wellington Bezerra da Silva FIlho, o "Bombado", apontado na denúncia como uma pessoa de confiança de Israel, mas que queria tomar o seu lugar, aderindo ao "Neutros". "Logo logo vai taá chegando apoio pra nois ir pra cima do problema” (SIC), ele prosseguiu no grupo.
Raí Cesar e João Ricardo concordam. “Fizemos uma aliança com a massa q vai nos apoiar diante dessa opressaõo” (SIC), diz Raí, enquanto João Ricardo afirma: "eles ia mata nois", "Melhor nois mata do que eles", “é o que eu tô dizendo, esse cara ai que era pra matá nois, tomar nossas coisas, tem que fazer esse negócio ai" (SIC).
A partir disso, continua o MPCE, o trio arregimentou todos os demais acusados para executarem a chacina e "impor seus domínios em face de seus antigos aliados". Ainda conforme a denúncia, os executores surpreenderam as vítimas enquanto ocorria uma festa de Natal no Campo do Alecrim. "A ordem foi de executar todos aqueles que não aderissem à nova organização criminosa Tudo Neutro".
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Além dos disparos no Campo do Alecrim, outros integrantes do grupo criminoso passaram a rondar os becos da região, efetuando disparos e fazendo ameaças aos moradores para que deixassem o bairro caso não aderissem à nova organização.
No Campo do Alecrim, morreram: André Alexandre Rodrigues, Israel da Silva Andrade e John Lennon Holanda. Mateus Ribeiro dos Santos e Ederlan Fausto foram mortos na comunidade da Fronteira.
Foram denunciados pela chacina: João Ricardo Sousa da Silva, o "Das Facas", "RJ" ou "JR"; Raí Cesar Silva Araújo, o "Jogador"; Gabriel Sousa Freitas, o "Biel"; Charles Dantas Oliveira; Thiago Farias de Lima, o "Guaiuba"; Mateus Aguiar de Sousa; Alessandro Vieira da Silva, o "Rato"; Mateus Acelino da Silva, o "Malagueta" ou "MT"; Antônio Gabriel Sousa da Silva, o "Guabiru" ou "Sagaz"; Nilson Lima Nogueira Filho, o "Berinjela"; Francisco Wellington Bezerra da Silva Filho, o "Bombado"; João Victor Aguiar de Sousa, o "Tito"; Tiago Pereira Mendes, o "Cara de Pizza"; Israel Silva Ferreira; Jeandson Nunes Bento dos Santos, o "Jean" ou "Toin"; Vinícius Rian Inácio da Silva, o "VN"; Kevem Tyago Costa Pompeu, o "Maluquinho"; José Ivan Alves da Silva Filho, o "FF" ou "Filho"; Kaique de Sousa Domingos, o "Neguinho"; Miguel Sousa da Silva, o "Miguelzinho"; André Soares Júnior, o "Loirinho"; Eduardo José do Nascimento, o "Carioca"; e Yuri Marques Bento, o "Berre".
Os dez primeiros estão presos, enquanto os demais seguem sendo procurados.