Falta de vacina da gripe: SMS disponibilizará imunizante nos postos até o fim do estoque

Dois dos três postos visitados pelo O POVO já não possuíam o imunizante. Secretária de Saúde informou que já era esperado que as vacinas acabassem, por se tratarem de doses disponibilizadas sob campanha

Na manhã desta segunda-feira, 27, a procura por imunizantes contra a gripe nos postos de saúde de Fortaleza foi grande. Entretanto, em alguns pontos de vacinação, já não foi possível encontrar doses da vacina. Questionada sobre a oferta dos imunizantes, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que estará disponibilizando o imunobiológico nos postos de Saúde da Capital até o encerramento do estoque, tendo como público-alvo qualquer residente de Fortaleza a partir dos seis meses de vida. A pasta não respondeu quantos postos já estão com estoque zerado. 

"Foi dito pra mim que não tinham mais vacina da gripe, que agora só encontraria se fosse particular", relatou Robson Souza, 29, que foi até o posto Paulo Marcelo, no Centro, acompanhado de colegas de trabalho. O grupo estava em busca do imunizante, após casos de gripe na empresa em que trabalham.

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Além da frequente chegada de pessoas em busca do imunizante contra a gripe, o posto de saúde também lidava com um grande número de pacientes que adentravam o local apresentando sintomas gripais, em busca de atendimento médico. O POVO constatou que o local estava cheio e com longas filas de espera.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), neste ano, até o último dia 20 de dezembro, os 116 postos de saúde de Fortaleza realizaram 238.746 atendimentos por síndrome gripal. Deste total, 9.934 foram em setembro, 11.689 em outubro, 8.992 em novembro e 11.047 em dezembro, até o último dia 20.

Desde o início da campanha contra a Influenza, no início de 2021, até a primeira quinzena de dezembro, 789 mil doses de vacina contra a gripe foram aplicadas.

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A médica infectologista e diretora do departamento de pesquisa, negócios e inovações tecnológicas da Fundação de Saúde do Ceará (Funsaúde), Melissa Medeiros, havia alertado que, por se tratar de uma nova cepa (H3N2), as vacinas que possuímos atualmente não oferecem proteção adequada, mas podem vir a ajudar.

Isis Alves, 32, foi até o posto de saúde Miriam Porto Mota, no bairro Dionísio Torres, em busca de imunizantes para o pai e para a avó dela, diante do aumento do número de casos de gripe na Cidade. "O posto está bem cheio. Vi que estão dividindo em duas filas, uma para vacinação contra a Covid e outra para a vacina da influenza. Já tínhamos ido ao Iguatemi, e lá não tinha mais vacina da gripe", relata.

Os familiares de Isis foram uns dos últimos a receberem o imunizante contra gripe no local. Por volta das 10h10min, uma servidora do posto de saúde informou que os imunizantes estavam esgotados, o que gerou revolta em quem chegava ao local. "Quando fui entrar na fila, me falaram para não entrar, porque não tinha mais. Esse é o primeiro posto que venho e me falaram isso, me falaram que poderia ser que tivesse em outro lugar. Quem chegar aqui, não vai ser atendido", desabafou Américo Picanço.

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Fim do estoque de vacina contra gripe

A SMS explicou ainda, em nota, que a vacina contra a gripe é diferente dos outros imunizantes, pois a dose é aplicada sob campanha, anualmente. Dessa forma, de acordo com a Secretaria, já era esperado que os imunizantes acabassem, para que o Ministério da Saúde possa iniciar outra campanha no ano de 2022.

Em outro ponto da Cidade, no posto de saúde Irmã Hercília Aragão, no São João do Tauape, a reportagem não registrou queixas sobre a falta do imunizante. Entretanto, a demora no local incomodava aqueles que buscavam a vacina contra a influenza.

"Eu achei bem desorganizado. Já são duas horas na fila, e ela não anda. Crianças estão tendo prioridade, mas idosos, não. Achei bem desorganizado, o posto está lotado", relata Marta Rose, 64. O mesmo aconteceu com Ana Lúcia, 58, que foi até o local para acompanhar a vacinação do esposo, ambos ficaram preocupados com o aumento dos casos de gripe.

"Eu cheguei às 8h30min, já são mais de 11 horas, e meu marido não andou nada na fila. O posto está muito lotado. Tem muita gente chegando com sintomas de gripe e suspeita de Covid", relata.

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Em uma das unidades de saúde visitadas pelo O POVO, a reportagem apurou ainda que, além da falta da vacina, médicos estavam licenciados após apresentarem sintomas gripais, o que estava prejudicando os atendimentos na unidade.

De acordo com o Instituto Butantan, maior produtor de imunobiológicos do País e maior produtor de vacinas para a gripe do Hemisfério Sul, a vacina contra a nova variante H3N2, do vírus influenza, deve estar pronta para aplicação na população geral entre os meses de fevereiro e março de 2022.

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