Pessoas em situação de rua participam de ceia, coral e celebração religiosa no Centro
Edição 2021 do Natal dos Pobres, promovido pela Comunidade Católica Shalom, relembra origens humildes do nascimento de Jesus Cristo e passa mensagem de esperança e solidariedade
22:01 | Dez. 24, 2021
Pessoas em situação de rua participaram na noite desta sexta-feira, 24, da ceia, coral e celebração religiosa no Centro de Fortaleza, na Edição 2021 do Natal dos Pobres, promovido pela Comunidade Católica Shalom. Evento relembra origens humildes do nascimento de Jesus Cristo e passa mensagem de esperança e solidariedade
Nascido em uma manjedoura (local de alimentação de animais), Jesus Cristo teve seus primeiros dias de vida muito parecidos com milhares de pessoas que hoje vivem e nascem nas ruas das grandes cidades mundo afora, tais como Fortaleza.
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Não se sabe ao certo o momento exato desse nascimento humilde, assim como também não se sabe de tantas outras crianças, passados pouco mais de 2 mil anos do episódio mais importante para cerca de 1,5 bilhão de cristãos que vivem no planeta. No entanto, convencionou-se comemorar o Natal entre a noite do dia 24 e a madrugada do dia 25 de dezembro.
Para aproximar essas duas realidades, ao mesmo tempo em que exaltam a religiosidade inspirada pela data, a Comunidade Católica Shalom promove anualmente o Natal dos Pobres, no Centro de Fortaleza. Cerca de 50 pessoas em situação de rua e quase 20 colaboradores, entre voluntários, clérigos e missionários, se reuniram nas primeiras horas desta noite especial para comemorar o nascimento de Cristo e a possibilidade de transformar as próprias vidas e as das pessoas que mais necessitam.
Ao fim da celebração da missa de Natal e da apresentação de um coral formado por pessoas acolhidas pelo grupo católico, foi servida uma farta ceia. Para muitos dos que estavam na sede do projeto ‘Shalom Amigo dos Pobres’, alguns dos quais sem laços familiares, era a única oportunidade de não passar a data em branco. Segundo Thacio Romano, administrador do espaço, “Deus se fez pobre. Então, celebrar o Natal com os mais necessitados é estar ainda mais próximo dele”.
Para Mateus Lima, de 22 anos, a integração ao grupo foi a oportunidade para superar a dependência química, deixar as ruas e começar uma nova trajetória. “Eu estava totalmente em decadência, fazendo uso desenfreado de drogas, em situação de rua e sem poder voltar para o bairro onde morava antes. Então, desde que fui acolhido aqui no Shalom cresci espiritualmente e como ser humano. A sobriedade se tornou uma realidade para mim, consegui alugar um local para mim e estou me capacitando para tornar garçom”, enumera.
Ele também destaca a alegria de ver outras pessoas que passaram por situações semelhantes e que agora estão celebrando o Natal, com a esperança de deixar as noites de fome, frio e abandono para trás.
Já o casal Ednardo Pereira da Silva e Maria da Conceição da Siva, além de superar a situação de rua em que vivia, passou a ser voluntário e fez questão de contribuir para que outras pessoas pudessem celebrar o Natal de uma forma digna. E, por falar em comemoração, os dois casaram no início do mês, com a ajuda da Comunidade Católica Shalom.
“Eu louvo a Deus pela oportunidade de ter saído da rua e ter encontrado quem me dá força e apoio todos os dias”, destaca Ednardo. Já Maria, que compartilha o nome com a mãe de Jesus, ressalta a ajuda com alimentos que recebem até hoje, diante das dificuldades financeiras que, embora menos severas que antes, ainda enfrentam.
O 'Shalom Amigo dos Pobres' é sustentado por parcerias com empresas e doações de pessoas físicas, que incluem alimentos, roupas, produtos de higiene, cobertores, toalhas, máscaras, luvas e medicamentos. Quem quiser ajudar a iniciativa pode acessar o site do projeto para saber como efetuar a doação.
Vale lembrar mais uma vez, enquanto o leitor celebra o Natal em família, que dar comida a quem tem fome; vestir quem não tem o que usar; acolher os estrangeiros; além de visitar enfermos e presos foram as principais mensagens de Cristo, que podem ser exercitadas mesmo por quem não é cristão.