Gerente da Zara vira réu por racismo após caso envolvendo delegada

Autor da denúncia, o Ministério Público argumenta que há elementos suficientes nos autos que mostram a prática de discriminação ou preconceito de raça cor ou etnia, com latente diferenciação de tratamento entre os clientes do estabelecimento comercial

A Justiça cearense aceitou denúncia por crime de racismo contra gerente da Zara envolvido em episódio com a delegada Ana Paula Barroso, em uma unidade da loja no shopping Iguatemi, em setembro deste ano. Bruno Felipe Simões Antônio, de nacionalidade portuguesa, virou réu do processo, que tramitará no Judiciário estadual.

Em decisão expedida nessa segunda-feira, 13, a juíza de direito Marileda Frota Angelim Timbó, da 14ª Vara Criminal, considerou que a denúncia preenche condições que autorizam a “admissão da pretensão punitiva” e o início do processo, garantida a possibilidade de ampla defesa aos acusados. Bruno terá dez dias para apresentar resposta escrita sobre o caso, por meio de advogado habilitado.

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Conforme denúncia apresentada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), Bruno é investigado por discriminação racial contra a delegada Ana Paula Barroso, a quem teria negado atendimento comercial em setembro. Ele foi denunciado pelo crime tipificado no artigo 5º da Lei nº 7.716/1989, que proíbe “recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador”.

A promotora de Justiça Ana Cláudia de Morais pondera que os elementos presentes nos autos evidenciam a prática de discriminação ou preconceito de raça cor ou etnia, com latente diferenciação de tratamento entre os clientes do estabelecimento comercial. “Não houve qualquer outra razão fundamentada que não fossem as próprias características físicas da vítima”, enfatiza a promotora.

Ao órgão ministerial, Bruno se defendeu alegando ser procedimento da loja impedir a entrada de clientes que não usem a máscara de forma adequada e, no momento em que Ana Paula foi impedida de entrar no local, a delegada estava com a máscara abaixada. No entanto, imagens obtidas pela polícia mostraram que diversos outros clientes que usavam a proteção de maneira inadequada adentraram no estabelecimento sem serem incomodados.

No momento que foi impedida de entrar, Bruno chegou a falar para Ana Paula que negou a entrada por “motivos de segurança”. Mesmo quando Ana Paula retornou à loja com um segurança do shopping, o denunciado não apresentou razão plausível, mencionando a pandemia e argumentando que a empresa não permitia clientes consumindo alimentos no interior do estabelecimento comercial.

O POVO procurou a Zara, mas não recebeu resposta oficial sobre o caso até a publicação desta matéria.


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