História e referência: Instituto Doutor José Frota completa 85 anos
A unidade, que é referência regional em urgência traumatológica e recebe seis mil pacientes por mês, marcou a história de gerações de profissionais da saúde. Nessa segunda-feira, 13, o prefeito José Sarto anunciou convocação de mais de 200 servidores
22:01 | Dez. 13, 2021
Há 85 anos, o Instituto Doutor José Frota (IJF) abriu as portas para acolher a população cearense. Atuando como um equipamento hospitalar de nível terciário que atende diversas especialidades médicas, ele é maior hospital de rede de assistência e o maior em capacidade de acolhimento do Estado. Nessa segunda-feira, 13, durante as comemorações de aniversário do equipamento, foi anunciada a convocação de 213 novos servidores concursados, além de reforma e ampliação da estrutura.
A Emergência da unidade acolhe, aproximadamente, seis mil novos pacientes por mês. Localizado no coração de Fortaleza, os 85 anos de histórias que o IJF tem a contar também fazem parte da história de toda a população cearense. O equipamento é integrado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e é referência regional, sobretudo no socorro às vítimas de traumas de alta complexidade, lesões vasculares graves, queimaduras e intoxicações agudas.
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Fundado em dezembro de 1936, o hospital recebeu o nome de seu ex-diretor em 1970. Antes disso, respondia por Assistência Pública de Fortaleza. A partir da década de 1940, deixou o prédio do Hospital da Polícia Militar e teve sede definitiva na Praça Clóvis Beviláqua (Praça da Bandeira).
Apesar de ser, atualmente, um equipamento gerido pela Prefeitura de Fortaleza, pela relevância da capacidade de atendimento, ele representa um aliado para a saúde de todo o Estado, como afirma o secretário da Saúde do Ceará, Marcos Gadelha.
"Pela relevância dos serviços ao longo desses 85 anos de funcionamento, entendemos que o IJF é um aliado de peso para a saúde da nossa população. Essa capacidade de atendimento na Região de Saúde de Fortaleza, a mais populosa do Estado, complementa a Rede Hospitalar da Secretaria de Saúde, que atualmente está sendo ampliada e remodelada", afirmou.
Recentemente, o Governo do Estado aumentou o repasse de verba para o IJF de R$ 1,8 milhão para R$ 6 milhões. Com isso, o Instituto segue funcionando incessantemente 24 horas, com mais de 20 especialidades médicas.
O IJF conta com:
- 665 leitos (70 são de UTI);
- 20 salas de cirurgia;
- Mais de 20 especialidades médicas;
- Mais de 4.000 funcionários, entre servidores públicos e prestadores de serviço;
- Centro de Diagnóstico por Imagem com exames de radiografia digital, tomografia, ultrassonografia, ecocardiograma e Ressonância Magnética.
Principais atendimentos:
- Fraturas e ferimentos graves decorrentes de quedas em acidentes domésticos e de trabalho;
- colisões de trânsito com motociclistas;
- engasgos, aspiração ou ingestão de moedas e outros objetos estranho;
- queimaduras por contato com líquidos quentes e explosão de substâncias inflamáveis;
- e acidentes com animais peçonhentos, como escorpiões e cobras.
Além de funcionar como unidade de assistência, funciona como hospital escola, recebendo mais de quatro mil estudantes de graduação e pós-graduação em seus programas de estágio, internatos e residência médica, além das pesquisas e do apoio para a formulação de políticas públicas com base em dados epidemiológicos.
Em setembro de 2020, a Prefeitura de Fortaleza e o Governo do Estado inauguraram a última etapa do IJF2, o prédio que foi nomeado de Doutor Juraci Magalhães em homenagem ao ex-prefeito de Fortaleza, que também foi o idealizador da construção do prédio principal do equipamento.
Convocação de profissionais
Nessa segunda-feira, 13, o Instituto Doutor José Frota (IJF) comemorou os seus 85 anos com uma cerimônia de hasteamento de bandeiras no centro de convivência do equipamento. Seguindo as festividades, a direção apresentou uma programação especial, que será posta em prática durante todo o ano de 2022.
No aniversário, o prefeito José Sarto (PDT) esteve nas instalações para parabenizar os funcionários e anunciar a convocação de 213 novos servidores aprovados em concurso público para a unidade hospitalar no próximo dia 5 de janeiro. Os trabalhos desses profissionais estão previstos para começar ainda em janeiro do ano que vem.
"Temos uma equipe multidisciplinar com médicos de todas as especialidades, enfermeiros de todas as especialidades, fisioterapia com todas as capacitações. E é aqui onde você tem a maior probabilidade de ser melhor atendido por uma gama de profissionais super capacitados e vocacionados", disse.
Conforme a Prefeitura, o contingente foi admitido após a aprovação de Projeto de Lei à Câmara Municipal que criou 83 novos cargos, enviado em setembro deste ano. Ao todo, serão 20 médicos e outros 130 profissionais de nível superior — dentre os quais 80 são enfermeiros —, além de outros 63 profissionais de nível médio.
As contratações representam um investimento de R$ 1,38 milhão por mês. A agenda de comemorações incluirá reforma e ampliação das áreas de atendimento, assim como a abertura de novos serviços.
39 anos de história
A relação do médico cirurgião geral Heládio Feitosa Filho com o IJF começou ainda nos tempos de graduação. Estudante da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), ele ganhou uma bolsa acadêmica pelo programa que era padrão para ingresso de acadêmicos no IJF, atualmente extinto.
Durante o ano de 1978 ele começou a estagiar no Instituto. “Naquela época, eu fiquei um ano todo já com a intenção de fazer cirurgia, voltado ao acompanhamento dos médicos cirurgiões”, relembra. Feitosa também fez parte do primeiro grupo clínico do "Frotinha da Parangaba" que, à época, havia acabado de ser inaugurado.
Após o período de estágio, o jovem estudante concluiu a graduação em Medicina e ingressou na residência em outro hospital. “Em abril de 1982, faltando praticamente três meses para eu concluir a minha residência, fui contratado pelo Instituto Doutor José Frota como cirurgião para exercer no IJF de Messejana”, conta.
Ao longo dos anos, Feitosa ocupou diversos cargos no Instituto, como chefe da equipe de plantonistas e diretor do departamento médico assistencial. Ele relata ter acompanhado todo o processo evolutivo do hospital e ser protagonista na implantação dos programas de residência. Sua trajetória no IJF data de 1982 a março de 2021, quando entrou em aposentadoria.
“Com 39 anos de IJF, confesso que, começando como acadêmico em 1978, me orgulho muito de ter tido a oportunidade de exercer funções diretivas na alta gestão do nosso hospital e de ter acompanhado a sua evolução ao longo do tempo como o maior centro referência em atendimento ao trauma do Estado”, afirma Heládio.
Ao longo dessas quase quatro décadas de serviços prestados, o médico destaca a oportunidade de trabalhar na formação de jovens cirurgiões como um dos momentos mais marcantes de sua carreira. "Eu posso seguramente dizer que o IJF não deixa nada à desejar a nenhum hospital de urgência e emergência nesse País, com um diferencial: é público. É um hospital que atende a todos", destaca.
"O IJF representa uma trajetória ímpar na história de Fortaleza e na história da medicina de Fortaleza. Ele significa, hoje, e desde muito, uma referência segura que vem automaticamente quando se pergunta sobre qualquer atendimento de urgência: ‘leva para o IJF’, porque, de fato, é um hospital que tem uma atuação que faz jus ao seu lema '24h de proteção à vida'", completa Heládio.
Referência em formação profissional
A médica anestesiologista Danielle Maia Holanda é coordenadora da residência médica do IJF e já acumula 25 anos de serviços prestados no Instituto. “Comecei como acadêmica durante a faculdade de medicina e fiz minha residência em anestesiologia aqui”, relata. Desde então, o IJF tem sido a sua segunda casa: "Sou extremamente grata a essa instituição por me proporcionar crescer profissionalmente e por me oferecer a oportunidade de coordenar a residência médica. O IJF faz parte da nossa história".
Para Danielle, o Hospital é um local em que várias pessoas, de todas as classes sociais, podem recorrer em momentos de necessidade. Já do ponto de vista acadêmico, o equipamento é uma peça fundamental na formação multiprofissional. “Aqui o estudante ou o médico residente tem treinamento e vivência prática. É orientado por profissionais de várias especialidades. Sendo, portanto, este local uma joia na formação de profissionais que servirão a nossa população”, diz.
A vida profissional de Danielle, assim como a de Heládio, foi marcada pela atuação no IJF. Ambos destacam o ensino de novos médicos como ponto-chave em suas carreiras. Hoje, a anestesiologista afirma que a instituição evoluiu na anestesia. "Realizamos práticas guiados por ultrassom, melhoramos o pós-operatório dos pacientes pelo serviço de dor, construímos uma linha de atendimento diferenciada no campo da anestesiologia. Isso é motivo de muito orgulho e alegria para mim", completa. (Colaborou: Ana Rute Ramires)