Caso Sthefani Brito: familiares se reúnem em frente ao Fórum para protestar no dia do julgamento

Caso de feminicídio foi cometido em 2018 e julgamento iniciou nesta terça-feira, 7

10:34 | Dez. 07, 2021

Por: Euziane Bastos
Familiares de Sthefani Brito se reúnem em frente ao Fórum Clóvis Beviláqua para pedir justiça; julgamento do caso teve início nesta terça-feira, 7. (foto: Fernanda Barros)

O julgamento do caso de feminicídio de Sthefani Brito, assassinada em 2018 por seu ex-namorado, Francisco Alberto Nobre Calixto Filho, iniciou na manhã desta terça-feira, 7, no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza. No local, familiares e amigos de Sthefani, bem como ativistas, estiveram presentes para protestar contra a violência à mulher e pedir justiça.  

Quando questionada sobre a esperança para o julgamento, a mãe de Sthefani Brito, Rosilene Brito, respondeu: "Apenas a justiça". Rosilene espera que o júri se coloque em seu lugar e condene Francisco Alberto à pena máxima. "Não vai trazer a nossa menina de volta, mas ao menos vamos ter um pouco da sensação de vitória", afirmou.

 

O julgamento

 

O Ministério Público (MPCE) incidiu nos crimes de Francisco Alberto quatro qualificadoras: meio cruel, motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e feminicídio. Por enquanto, cabe ao juiz responsável calcular a pena do réu após uma dosimetria dos crimes.

Neste primeiro dia de julgamento, 4 testemunhas de defesa serão ouvidas. Segundo o promotor de Justiça Marcus Renan, o réu nega agressões anteriores à Sthefani. "Ele diz que não teve intenção [de matá-la]. Segundo ele, o que eu já acho um absurdo, ele só quis dar uma surra nela. Ele nega [agressões anteriores], embora tenham testemunhas que digam o contrário. Era um relacionamento todo machista e todo deletério", narra o promotor.

Os profissionais que farão a assistência da acusação de apoio à família da vítima durante o julgamento, Talvane Moura e Sandro Silva, explicam que irão assumir a mesma função do Ministério Público e terão direito de fala. Eles se posicionam para que haja uma condenação e ressaltam que ainda há uma discussão sobre a ocultação de cadáver. "O membro do que nos antecedeu entende que não houve, mas pelo que nós analisamos, a gente entende que houve. Então vai haver uma divergência meramente jurídica, a gente vai alinhar isso ainda com o Ministério Público", explicam.

Bruna Silva, advogada da acusação, espera que o réu seja condenado, que não haja recursos, para que a pena fique acima dos trinta anos.

Organizações presentes

 

"Nós estamos aqui com os familiares da Alana Oliveira e da Nadine, que também foram vítimas de feminicídio. Estamos representando o nome de todas as mulheres. Vamos ficar aqui até o horário de terminar o julgamento e se for estender pra uma semana, a gente vai dar todo apoio à família", disse Alisson Tavares, coordenador do Combate a Não Violência à Mulher.


Zuleide Queiroz, integrante da Frente de Mulheres do Cariri e do coletivo Resistência Feminista, comenta que o intuito das ativistas presentes é mostrar a situação de violência vivida pelas mulheres no Ceará. "Já temos números que indicam que, só em 2020, foram 104 mulheres mortas a mais que 2019", fala. Ela continua explicando que, segundo o Anuário da Segurança Pública Brasileira, o Estado ocupa o segundo lugar em mortes de mulheres.

Relembre o caso

 

Stefhani foi morta em 2018 após uma sessão de tortura. Ela namorou com Francisco Alberto por cerca de seis anos. Além de matá-la, o ex-namorado é acusado de colocar o corpo na garupa de sua moto e circular com a vítima já morta pelas ruas do bairro, até ocultar o cadáver nas proximidades da Lagoa da Libânia.

 

 

“Durante o período mencionado, o acusado perpetrou diversas agressões e ameaças em desfavor da vítima. Registre-se, por oportuno, que por diversas vezes a ofendida tentou por fim ao relacionamento abusivo, sendo impedida em virtude das ameaças que o incriminado efetuava”, afirma o Ministério Público (MPCE). O crime foi registrado por volta das 22h40min de 1º de janeiro de 2018, no bairro Mondubim.

Após o crime, Francisco Alberto fugiu, tendo sido preso somente em fevereiro de 2019, no Pará.

(Com informações da repórter Jéssika Sisnando)