Caso Stefhani: réu tenta atribuir suposta traição como justificativa para feminicídio
Acusado do crime, Alberto citou suposta traição da vítima como o estopim para o homicídio da ex-namorada; ele chegou a dizer que "a culpa foi dos dois"
16:22 | Dez. 07, 2021
Francisco Alberto Nobre Calixto Filho foi interrogado nesta terça-feira, 7, durante o julgamento do crime de feminicídio que vitimou Stefhani Brito Cruz em janeiro de 2018. Ele tentou atribuir à vítima uma suposta traição, como forma de responsabilizar a própria vítima. De acordo com o promotor de Justiça Marcus Renan, Stefhani nunca traiu Alberto. O 1º Tribunal Popular do Júri de Fortaleza julga o caso desde a manhã.
"Traição, ressalte-se, que nunca houve. Stefhani sempre foi fiel a ele. Ele é que tinha muito ciúme dela", comentou. Segundo a mãe de a vítima, dona Rosilene Brito, Alberto e a irmã estão mentindo no julgamento. "É mentira por cima de mentira".
"Senti uma amargura dentro de mim", disse o réu durante o interrogatório. Alberto foi indagado sobre o dia do crime e relatou que confrontou Stefhani sobre uma troca de mensagens dela com outra pessoa. Ele disse que fazia tudo pela jovem e provia o sustento da casa.
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Nesta terça-feira, 7, a irmã de Alberto também foi ouvida como testemunha de defesa e afirmou que ele agiu por emoção ao saber de suposta traição de Stefhani, na virada de ano.
Segundo o promotor de Justiça Marcus Renan Palácio, não houve traição no Réveillon. Alberto ainda disse, no interrogatório, que "a culpa foi dos dois", ou seja, da vítima e dele. "Esse argumento, para além de pífio, revela um narcisismo e um machismo sem precedentes, inaceitáveis, pois", rebateu o promotor.
O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou Alberto por homicídio com quatro qualificadoras — meio cruel, motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e feminicídio. Na manhã desta terça-feira, 7, muitos grupos se reuniram na frente do fórum para protestar em defesa das mulheres .
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Mães de mulheres que foram vítimas de feminicídio foram ao local para prestar apoio a dona Rosilene Brito, mãe de Stefhani. Abalada e chorando, ela permaneceu com um desenho da filha durante todo o tempo. Dona Rose, como é chamada, destacou o desejo de que a pena de Alberto seja máxima. "O que ele e a irmã dele já mentiram (...) Estão inventando história como se ela fosse culpada de tudo", destacou a mãe.
Stefhani seria mantida em cárcere e vítima de agressões durante o relacionamento
No relacionamento de Stefhani e Alberto, segundo familiares da vítima e o promotor de Justiça, havia agressão, cárcere e torturas. Há relatos de que o acusado queimava a vítima com cigarros e não deixava que ela usasse roupas que gostava. Ele também a impedia de sair de casa, de ter aparelho celular e conversar com familiares.
O laudo de Stefhani apontou morte por politraumatismo, traumatismo raquimedular. A Polícia ainda apreendeu um pedaço de madeira maciça, que teria sido usado na ação. O acusado do feminicídio permaneceu um ano foragido e foi preso no Pará.