Polícia Civil investiga denúncia de homofobia em restaurante no Bairro de Fátima
As vítimas, torcedoras do Fortaleza, afirmam que foram hostilizadas no estabelecimento pela sua orientação sexualA Polícia Civil do Ceará (PCCE) investiga um caso de homofobia que teria sido praticado por um torcedor do Ceará Sporting Club no sábado, 4, em um restaurante, Bairro de Fátima, em Fortaleza. As vítimas são quatro torcedores do Fortaleza, clientes do estabelecimento.
Segundo as vítimas, de nomes preservados, após a partida do Fortaleza, no sábado, os quatro rapazes gays, namorados, foram até o restaurante para jantar. Eles usavam as blusas do Fortaleza e, quando chegaram, se depararam com um grupo de aproximadamente seis pessoas, alguns que usavam as camisas do Ceará. Uma das vítimas conta que, quando foi até o banheiro, escutou um dos homens gritar "Bora,vozão!".
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Eles relatam que permaneceram calados e o mesmo integrante do grupo foi até eles para discutir futebol. Uma das vítimas disse que a discussão seguia amigável até que o homem se exaltou e passou a agir com homofobia. "Ele sai e vira as costas e se altera chamando a gente de viado, gay, que a nossa torcida era isso, que a nossa torcida só tinha viado", relata.
Os rapazes afirmam que questionaram qual seria o problema de ser "viado" e se, em razão da orientação sexual, eles não poderiam gostar de esporte ou torcer para algum time. O homem permaneceu calado e teria seguido com os insultos homofóbicos.
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Diante da situação, uma mulher saiu da parte interna do restaurante afirmando que "não queria isso no meu estabelecimento". A vítima ouvida pelo O POVO não soube afirmar quem seria a pessoa, mas relatou que ela chamou o homem pelo nome e mandou ele se calar. E se voltou contra o grupo de torcedores do Fortaleza.
Ainda conforme as vítimas, os amigos do homem que havia insultado o grupo teriam pedido desculpas e revelaram que ele estava bêbado. Em seguida, teriam o puxaram para fora do estabelecimento. O grupo que iniciou a confusão foi embora e os rapazes terminaram o jantar. Eles afirmaram que o estabelecimento não pediu desculpas pelo ocorrido e um garçom comentou que o homem era cliente assíduo do local.
As vítimas fizeram Boletim de Ocorrência Eletrônico (B.O) e afirmam que querem justiça em relação ao caso. "Fiquei sem chão. Não imaginava que isso fosse acontecer comigo. A gente saiu super alegre de uma vitória e chegou em um estabelecimento para jantar. Me senti sem chão e impune. E a pessoa ainda dizer que a gente vai ser preso. A gente não estava cometendo nenhum crime. Infelizmente, esse não será o primeiro e nem o último caso, mas a gente não pode ficar calado. Se a gente ficar calado com esses casos vão fazer com outras pessoas, agredir ou até matar. Há gente que não consegue dialogar e mata", ressalta um dos homens que foi agredido.
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que apura um caso de LGBTfobia que aconteceu no restaurante do bairro de Fátima. "De acordo com informações preliminares colhidas pelas equipes policiais, um grupo de pessoas teria sofrido xingamentos homofóbicos por clientes de um restaurante situado na região", informou o órgão.
Um Boletim Eletrônico de Ocorrência (BEO) foi registrado e transferido para o 25º Distrito Policial, no bairro Vila União, responsável pela investigação. "A Polícia Civil informa a necessidade da vítima comparecer presencialmente a essa unidade policial para o registro da queixa-crime, pois injúria é uma ação penal condicionada à representação", ressaltou.
O POVO entrou em contato com o estabelecimento e foi informado que a gerência viu uma confusão entre torcedores, mas que não sabia que se tratava de uma situação de homofobia. A pessoa identificou como uma discussão de torcida e tentou intervir. A gerente contou que um funcionário foi falar com os torcedores do Fortaleza e que outro foi falar com os torcedores do Ceará. O restaurante colocou-se à disposição das vítimas e da Polícia para colaborar com o caso e afirmou que não aceitava qualquer tipo de discriminação no local. Ainda relatou que passaram por um longo período de dificuldade devido à pandemia e que relataram aos clientes torcedores que, justamente no momento que se reerguiam, não iriam tolerar brigas ou situações que pudessem prejuízo ao local.
Denúncias
A população pode contribuir com as investigações repassando informações que auxiliem os trabalhos policiais. As denúncias podem ser feitas para o número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ou para o (85) 3101-0181, que é o número de WhatsApp, por onde podem ser feitas denúncias via mensagem, áudio, vídeo e fotografia. As denúncias também podem ser encaminhadas para o telefone (85) 3101-3529 do 25º Distrito Policial (25º DP). O sigilo e o anonimato são garantidos.