Cearense e pernambucana são vítimas de machismo e xenofobia na Praia de Iracema

Além de comentários sobre a aparência física da dupla, o homem também proferiu declarações ofensivas contra nordestinos

Atualizada às 11h48min

Duas mulheres alegam terem sofrido machismo e xenofobia na orla do Poço da Draga, na Praia de Iracema. O crime teria ocorrido na tarde do último domingo, 28. Segundo uma das vítimas, um homem teria se aproximado das amigas fingindo estar embriagado e assediou verbalmente as mulheres. Ao ser rejeitado por ambas, ele teria se irritado e desferido declarações xenofóbicas contra as mulheres, uma cearense e uma pernambucana. A dupla registrou um Boletim de Ocorrência pelo ocorrido.

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Parte do momento foi registrado por uma das moças:

Em conversa com O POVO, a dupla de amigas, que preferiu não se identificar, relataram que a intenção era fazer uma breve parada na praia. Cerca de 10 minutos após a chegada das mulheres, o homem se aproximou claramente simulando estar embriagado, balbuciando cantadas e se aproximando demais das amigas. Elas pediram para o homem se distanciar. Surpreendendo a dupla, o pedido foi acatado silenciosamente.

 

No entanto, momentos depois, ele teria retornado para o local onde as amigas estavam descansando. Dessa vez, no entanto, o homem não apresentava sinais de embriaguez, além de estar visivelmente enfurecido. “Eu posso saber por que eu não posso olhar para vocês? Por que é proibido, em que lei diz que eu não posso?”, direcionou para as mulheres. Espantadas, elas responderam que a ação era incômoda e, mais uma vez, solicitaram que fossem deixadas em paz.

Ele, contudo, continuou a se aproximar mais das amigas, intensificando a agressividade de suas declarações.“Vocês são burras, feias, cearenses, bando de nordestinas, cabeça chata”, teria declarado. Ao perceber o descontrole da situação, uma das amigas, natural do estado de Pernambuco, tentou mais uma vez que o homem fosse embora. “Moço, você pode sair daqui? Nem cearense eu sou. Você pode só seguir seu rumo?”, solicitou.

A partir daí, segundo a dupla, as declarações xenofóbicas se intensificaram. Em determinado momento, a amiga cearense começou a gravar, por medo de uma possível agressão. “Eu já estava num nível de pânico, que eu já estava olhando para todos os lados procurando algum homem próximo. E, na hora que eu comecei a olhar para todos os lados, eu acho que as pessoas começaram a perceber que eu estava incomodada”, conta.

Ela conta que, uma senhora, dona de uma barraca, percebeu a situação e se aproximou da ação. “Ela já chegou dizendo ‘oi, meninas, vocês estão por aqui?’, como se nos conhecêssemos. A gente percebeu que a abordagem dela era fingir que nos conhecia para tirar a gente de lá, sem ter que bater de frente com ele”, relata. Após isso, o homem teria se afastado.

As amigas relataram ainda que o homem não aparentava sinais de ser de outra região do país. Segundo a pernambucana, durante as declarações hostis, ele teria proferido o substantivo “Mah”, expressão comumente usada no vocabulário cearense.

Abaladas com a situação, as amigas não relataram o ocorrido imediatamente às autoridades. Após postar o registro nas redes sociais, familiares e amigos insistiram que a dupla procurasse intervenção policial. Nesta segunda-feira, 30, a dupla registrou um Boletim de Ocorrência, de forma online.

Nota da SSPDS

A Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) informa que o 2º Distrito Policial (DP) apura um caso de injúria contra duas mulheres, ocorrido no último domingo (28), no bairro Praia de Iracema - Área Integrada de Segurança 1 (AIS 1) de Fortaleza. O fato foi noticiado por meio de um Boletim de Ocorrência (BO). Conforme o noticiante, a vítima e uma amiga estavam na praia da comunidade do Poço da Draga, quando um indivíduo se aproximou e proferiu palavras de baixo calão contra elas. Diligências e oitivas estão em andamento visando a elucidação dos fatos.

Denúncias

A população pode contribuir com as investigações, repassando informações que auxiliem os trabalhos policiais. As denúncias podem ser feitas para o número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ou para o (85) 3101-0181, que é o número de WhatsApp, por onde ser feitas denúncias via mensagem, áudio, vídeo e fotografia.

As informações podem ser direcionadas ainda para o (85) 3101-1344 , do 2º DP. O sigilo e anonimato são garantidos.

 

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machismo e xenofobia abuso verbal preconceito contra nordestinos homem violenta verbalmente mulheres

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