Projeto Bem Me Quero atende mulheres egressas do sistema penitenciário

A iniciativa busca ajudar na tomada de decisões e dar mais autonomia às mulheres que passaram pelo sistema penitenciário

21:24 | Nov. 30, 2021

Por: Isabela Queiroz
Mulheres egressas do sistema prisional participam de palestras e oficinas sobre autoestima e desenvolvimento emocional (foto: Divulgação/Assembleia Legislativa do Ceará)

O projeto Bem Me Quero, que realizou duas edições, é uma iniciativa que tem como público principal as mulheres egressas do sistema penitenciário, mulheres vítimas de violência doméstica e familiares de presos. A capacitação consiste em palestras e oficinas sobre autoestima e desenvolvimento emocional. Segundo o coordenador do Projeto Novo Tempo, Marcelo Cysne, a iniciativa busca restaurar a autoestima dessas mulheres.

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Cysne, que também é servidor do Tribunal de Justiça do Ceará, afirma que o projeto busca trabalhar uma construção de futuro por meio de afirmações positivas para ajudar na tomada de decisões e dar mais autonomia as egressas do sistema prisional. “Nós verificamos que, diferentemente dos homens que cumprem pena, as mulheres são praticamente abandonadas dentro das unidades penitenciárias. Os homens recebem visitas, mas quando se fala de visitas masculinas a essas mulheres, isso é bem reduzido”, explica em entrevista ao jornalista Farias Júnior, da rádio CBN Cariri.

As mulheres que passam a cumprir o regime semiaberto são encaminhadas ao Núcleo de Apoio às Varas de Execução Penal, explica o servidor. “Nesse núcleo elas são atendidas por uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos, profissionais da assistência social e são identificadas as problemáticas dessas mulheres e quais são as as oportunidades que nós temos a oferecer, e de acordo com isso, nós montamos um banco de dados e encaminhamos para os projetos do programa Novo Tempo, do qual o Bem Me Quero faz parte”, disse.

O coordenador ressalta ainda que no último mês de setembro uma segunda turma do Bem Me Quero foi concluída, além disso, o projeto foi ampliado. “Nós acabamos de assinar com a Assembleia uma ampliação para que mulheres atendidas no juizado da violência doméstica e também no núcleo de atendimento às vítimas de violência do Ministério Público possam participar. Nós entendemos que todo esse atendimento é importante para a inserção do egresso no meio da sociedade comum”, afirma.

Assim como foi ampliado o escopo de atuação do projeto, pode existir a possibilidade de desenvolver parcerias em outros municípios e atender a mulheres egressas e vítimas de violência também de Juazeiro do Norte, de Barbalha e do Crato, municípios da região do Cariri, conforme Marcelo Cysne.

O Bem Me Quero conta ainda com as parcerias do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) que são instituições que reúnem várias entidades do ramo empresarial, explica Cysne. “O Projeto Bem Me Quero é focado nas mulheres, mas ele é um braço do programa Novo Tempo que foca nas oportunidades de profissionalização para os egressos, com foco em educação continuada, na educação profissional e com o apoio psicossocial para que o egresso e para família dele, porque o apoio da família é importante para o processo de ressocialização”, pontua.

O projeto Bem-Me-Quero é fruto de termo de cooperação firmado entre a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (ALCE) e o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE). Ao todo, serão 10 encontros, com duração de duas hora cada, sempre às quintas-feiras, no anexo II da Assembleia Legislativa. As participantes recebem lanche e ajuda de custo para despesas com transporte público. O projeto foi renovado por meio de um termo de cooperação técnica assinado por representantes do Tribunal e da Assembleia Legislativa, na última terça-feira, 23.

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